Jornalistas são ameaçados e carro de reportagem é depredado em Maceió


Por Igor Waltz*

16/12/2014


Carro do G1 foi virado pela população (Foto: Arquivo Pessoal/Carlos Lima)

Carro do G1 foi virado pela população (Foto: Arquivo Pessoal/Carlos Lima)

Um protesto contra a morte de um adolescente, em Maceió, Alagoas, na última terça-feira, 16 de dezembro, terminou com um carro de reportagem vandalizado e jornalistas ameaçados. Um grupo de manifestantes obrigou a repórter Michelle Farias e o motorista Wellington Bezerra, do Portal G1, a abandonarem o veículo onde estavam, que foi virado e depredado. Os profissionais não sofreram nenhuma agressão física.

Além da equipe do G1, o jornalista Maikel Marques e o repórter fotográfico Ailton Cruz, do jornal Gazeta de Alagoas, foram impedidos de realizar a cobertura por homens armados. Já a repórter Catarina Martorelli, o cinegrafista Josenildo Lopes e o motorista Fabrício Bezerra, da TV Gazeta de Alagoas, foram alertados por moradores para não prosseguir até o local.

O Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) manifestaram seu repúdio às intimidações e prestaram sua solidariedade aos profissionais.

“As entidades consideram que a violência dos manifestantes representa um grave atentado à liberdade de imprensa, portanto, um crime que precisa ser apurado, e denunciam a falta de garantias para o exercício da profissão em Alagoas, especialmente em se tratando de fatos de coberturas de risco, gerando ameaça à integridade física dos profissionais e prejudicando a sociedade no seu direito à informação”, disseram as entidades em comunicado.

Protesto

A manifestação aconteceu durante a tarde de terça-feira, no bairro do Clima Bom, após um jovem de 16 anos, identificado como José Natanael, ter sido morto durante uma troca de tiros entre policiais e traficantes. Segundo a versão da PM, o adolescente teria envolvimento com o tráfico de drogas. Mesmo sendo socorrido por outros criminosos, ele não resistiu, o que gerou a revolta dos moradores.

O tumulto teria começado com o apedrejamento de uma viatura da polícia, que teve que se retirar logo após a chegada do carro do Instituto Médico Legal (IML). Durante o protesto dezenas de pessoas fecharam ruas, obrigando os comerciantes a baixarem as portas. Além do veículo de reportagem, um ônibus foi depredado e incendiado durante o ato.

A situação só foi controlada após a chegada do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

* Com informações do G1 e da Fenaj.