14/11/2017
Jornalistas e radialistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) entraram em greve a partir de zero hora desta terça-feira (14), em protesto à oferta apresentada pela direção da empresa de congelamento dos salários, de retirada de direitos e de corte de benefícios do Acordo Coletivo de Trabalho 2017/2018.
A decisão foi tomada na última sexta-feira (10) em assembleia nacional da campanha salarial, com a presença de empregados das praças de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Maranhão, com 262 votos a favor da greve, 14 votos por nova assembleia na quinta-feira (16) e nove abstenções.
De acordo com Gésio Passos, coordenador geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, a greve atinge as praças de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. “Nossa expectativa é de paralisação de 70% de toda a empresa, mas não temos um número ainda”, afirma.
Segundo Passos, desde 2015 os funcionários acumulam perda 3,5% dos salários. “Nos dois últimos acordos, os trabalhadores sofreram essa derrota. Em 2017, a previsão é de uma perda de 3%.”
A data-base das categorias é 1.º de novembro. Os trabalhadores reivindicam 4% de reajuste para repor a inflação do período e perdas acumuladas. Porém, após oito rodadas de negociação, a direção da EBC não aceita reajustar nenhuma das cláusulas econômicas e afirma que não vai avançar em relação à proposta de 0%. Além dos salários, os trabalhadores ficariam sem reajuste benefícios como ajuda-alimentação, auxílio às pessoas com deficiência, auxílio-creche e seguro de vida em grupo.
Além de reajuste zero, a direção da empresa quer retirar direitos como o vale cesta-alimentação (pago somente em dezembro e junho), a garantia de translado aos trabalhadores por questões de segurança, a complementação de auxílio previdenciário, a realização de homologações das rescisões de contrato nos sindicatos, o vale-cultura, a multa pelo descumprimento do acordo coletivo e até o fim do quinquênio para os que ingressarem na empresa.
“A proposta da EBC é congelar salários e benefícios. Além disso, está cortando os dois tickets extras e o vale cultura. Isso dá um prejuízo de quase três mil reais no ano. A alegação da empresa é a necessidade de cortes imposta pelo Governo”, diz.
“Para entender a situação, uma pesquisa da própria empresa indica que os salários da EBC são os menores do serviço público federal. As pessoas estão se sentindo humilhadas pelos cortes de direitos”, aponta Passos.
Denúncia
Passos afirma que além dos empregados não aceitarem os cortes, que “irão pesar muito no bolso”, a greve é também um protesto contra a direção da empresa. Eles “vêm tendo uma postura de forte interferência no jornalismo da empresa, na linha editorial, descumprindo a legislação”.
O jornalista denuncia ainda, que os funcionários têm sofrido com perseguições internas. “Além disso, há um forte processo de assédio moral nas redações, principalmente da direção de jornalismo”, conclui.
A EBC é responsável pela TV Brasil, TV Brasil Internacional, Agência Brasil, Portal EBC, Radioagência Nacional, além de oito emissoras de rádio, como as Rádios Nacional do Rio de Janeiro e de Brasília e as Rádios MEC AM e FM. Opera também serviços como o canal de televisão NBr e o programa de rádio “Voz do Brasil”.
Este é o terceiro movimento grevista deflagrado pelos trabalhadores. O primeiro foi em 2013 e o segundo em 2015. A greve de 2017 teve início na madrugada de segunda para terça, à 00h, já paralisando os primeiros funcionários da empresa. Na terça (14) estão previstos piquetes durante toda a manhã. Uma nova assembleia está marcada para às 13h para avaliar as mobilizações.