Jornalistas aplaudem Jornal da ABI


15/12/2009


Como nos lançamentos anteriores, dos Volumes 1 e 2, da Edição Especial do Centenário do Jornal da ABI, a livraria da Travessa, no Shopping Leblon, recebeu nesta segunda-feira, 14 de dezembro, um grande público, formado por intelectuais e jornalistas, para o lançamento do Volume 3 — muito elogiado pelos presentes —, que encerra a série lançada especialmente para celebrar os cem anos da Associação Brasileira de Imprensa.

Maurício Azêdo

Para o Presidente da instituição, Maurício Azêdo, a presença marcante de associados e amigos da entidade no lançamento da edição especial do Jornal da ABI, é uma constatação de que a Casa, nos seus cem anos de existência, vem cumprindo o seu compromisso maior, que é contribuir para que a prática jornalística seja exercida com os seus plenos direitos, e faz uso dos seus canais de comunicação para historiar, defender e ratificar um jornalismo isento e livre de qualquer tipo de censura.

Segundo o Presidente, foi um imenso conforto verificar que o objetivo traçado — lançar três edições especiais do Jornal da ABI — foi alcançado, completando cerca de 250 páginas de textos relacionados à ABI e à História da imprensa e àqueles que fizeram a grandeza do jornalismo brasileiro:
— Estamos muito felizes, porque sentimos que a qualidade da publicação tem sido objeto de elogios e aplausos do corpo social e outras pessoas que têm acesso ao Volume 3, assim como aconteceu com os Volumes 1 e 2 , e acho que a melhor gratificação que temos é esta de sabermos que fizemos jornalismo com alto propósito de servir ao pensamento e à cultura do País, afirmou Maurício Azêdo.

Carlos Alberto Oliveira, o Caó, afirmava numa roda de amigos que considerava o lançamento do Volume 3 da Edição Especial do Jornal da ABI mais um movimento afirmativo da instituição: “É um passo por excelência comemorando ainda o centenário da Casa. Todos nós estamos alegres e felizes com este momento”, declarou o jornalista que já foi Deputado, Conselheiro da entidade e Presidente do Sindicato do Jornalistas do Município do Rio de Janeiro.

Autor de um texto de teor histórico que conta como foram os momentos finais do jornal Última Hora-Nordeste, Estanislau Oliveira, atualmente Conselheiro e Diretor Administrativo da ABI, disse que estava aliviado, pela oportunidade de escrever, anos depois, uma reportagem que havia sido censurada pela ditadura do golpe militar de 1964:
— A minha maior satisfação foi poder publicar nessa edição uma reportagem que eu não pude publicar em jornal nenhum.

Verdade

Estanislau Oliveira

Estanislau era repórter credenciado no IV Exército, com sede em Recife, à época comandado pelo general Joaquim Justino Alves Bastos. Conta o jornalista que, no fatídico dia 31 de março de 1964, ouviu do militar que a sua unidade era pura legalidade e que o Exército não estava envolvido em golpe. Mas logo a verdade veio à tona:
— Todo o prédio do jornal foi depredado pelo Exército, a maioria dos profissionais do jornal foi presa, eu fugi, e, devido ao regime de exceção, não consegui publicar essa inverdade pronunciada pelo General Justino. Então eu estou feliz de poder ter contato no terceiro volume especial do Jornal da ABI a verdade do que aconteceu no dia 31 de março de 1964, na casa do General Justino Alves Bastos.

Sentada ao lado de Maurício Azêdo, a jornalista Ana Arruda Calado disse que considera o Jornal da ABI um veículo maravilhoso, porque se transformou em uma jornal importante de informações de histórias recentes do Brasil, além de ser também um veículo combativo, ao mesmo tempo em que está levantando a história da imprensa como um todo.

Ana Arruda Calado

Ana Calado afirmou que o Volume 3 da edição especial do Jornal da ABI lhe agrada particularmente porque fala de mulheres jornalistas, que foram as pioneiras na profissão. Para este número ela colaborou escrevendo sobre Adalgisa Nery, uma dessas mulheres que segundo Ana romperam barreiras:
—Adalgisa Nery era uma mulher fantástica, grande poetisa, e começou a escrever na Última Hora a convite do Samuel Wainer. Ela escreveu um artigo e ele então publicou na página feminina. Ela ficou danada, e disse a ele que não escrevia em Segundo Caderno. “Eu quero estar no caderno dos homens, no Primeiro Caderno”. Samuel atendeu o seu pedido, ela fez a coluna “Retratos sem retoques”, que era extraordinária.

Pery Cotta, Presidente do Conselho Deliberativo da ABI, disse que o evento de lançamento da edição especial do jornal era uma prova da vitalidade da ABI, que já passou dos cem anos, entrando no seu segundo século com muito vigor.Em seguida ele elogiou a gestão do Presidente Maurício Azêdo:
— Com Maurício Azêdo a Casa está em ascensão. Ele conseguiu revitalizar a ABI, tirá-la quase que de uma penumbra, do esquecimento, mostrando que a entidade continua importante, não foi colocada de lado, está presente e vai continuar tomando as posições firmes como sempre tomou e se engrandecer mais ainda neste segundo século.

Vitalidade

Domingos Meirelles

No mesmo tom do Presidente do Conselho, Domingos Meirelles, Diretor Econômico e Financeiro da entidade, disse que o lançamento da publicação é o coroamento de toda a trajetória que a ABI tem trilhado ao longo da sua existência:
— O lançamento desse terceiro volume é reafirmação de toda a história da instituição, pois de certa forma reproduz o vigor da ABI ao completar cem anos de existência, e ressalta todos esses momentos em que a Casa se manifestou em defesa das liberdades, declarou jornalista que também é Conselheiro.

Freqüentadora da ABI desde os tempos de menina, onde vinha em companhia do pai Francisco Acquarone, que era jornalista, a artista plástica e Conselheira Leda Acquarone disse que vê a entidade como se fosse a sua própria casa:
— Eu acompanho a ABI desde o tempo do Herbert Moses, e acho que o seu jornal está maravilhoso, em uma fase muito boa, tratando de assuntos que interessam aos jornalistas. É algo que nós precisávamos nos dias de hoje, de um jornalismo mais sério e isso me deixa muito feliz, afirmou.

Maria Helena

Tímida, mas muito contente estava a artista plástica Maria Helena, autora da ilustração da capa do jornal, que recebeu muitos comentários elogiosos das pessoas que estiveram presentes ao lançamento:
— Eu estou adorando a repercussão e estou muito orgulhosa. Depois que eu fiz eu adorei o trabalho. O desenho de aquarela eu faço desde nova, foi a primeira técnica que eu dominei.

Segundo ela, algumas “das mulheres tão lindas e maravilhosas” que ilustram a capa do jornal ela já conhecia, como Nair de Teffé, Cecília Meireles, Adalgisa Nery e Hilde Weber. O editor Francisco Ucha explicou a escolha de Maria Helena para fazer os desenhos:
— Nesta edição a capa não poderia ser feita por um homem, era uma edição especial sobre o público feminino nas redações então nós optamos por ela (Maria Helena) para fazer a ilustração.

Chave de ouro

“Eu disse ao Presidente Maurício Azêdo que finalmente nós fechamos com chave de ouro o centenário da ABI, uma entidade respeitada e amada por todos os jornalistas, que merecemos também esta homenagem, porque é um trabalho conjunto de todos nós”. As palavras são da jornalista Ilma Martins Silva, membro da Comissão Diretora da Diretoria de Assistência Social da entidade.

Com um exemplar do Jornal da ABI nas mãos, Ilma Martins, que foi pioneira no jornalismo como correspondente da primeira agência de notícias russa no Brasil, disse que se sente orgulhosa com o resultado do trabalho: “A edição maravilhosa, muito interessante principalmente porque ressalta a contribuição da mulher no jornalismo”, afirmou.

O Conselheiro Arcírio Gouvêa Neto falou da importância e da qualidade da publicação:
— Dificilmente uma entidade hoje em dia consegue editar três jornais seguidos com a qualidade maravilhosa com a qual o Jornal da ABI vem sendo editado. Isso só vem a engrandecer e marcar a importância da nossa entidade no panorama político e social brasileiro.

Milton Coelho da Graça disse que a ABI, pela sua história em defesa das liberdades e da democracia, merece todo o respeito da sociedade brasileira, além das homenagens e do bom tratamento que vem recebendo atualmente:
— Uma senhora de cem anos, uma senhora de respeito que merece tudo que possa acontecer de bom e a atenção que estamos dando a ela. É uma entidade que durante estes cem anos de vida lutou tanto pelas boas causas deste País, principalmente pela democracia, o respeito aos cidadãos, respeito ao jornalismo, que eu acho que este jornal neste ano do centenário mostrou que é um componente muito importante para formação da opinião pública do Brasil.