Jornalista queixa-se de discriminação


05/02/2009


Formada em Jornalismo pela Faculdade Pinheiro Guimarães, Ana Paula Menezes dos Santos, de 30 anos, queixou-se à ABI da discriminação de caráter religioso que teria motivado a sua demissão da Mendes Júnior Trading e Engenharia S.A., onde trabalhava há três meses como secretária numa das sedes da empresa no Rio de Janeiro.

Ana Paula fez um relato cheio de indignação, pois, disse, desde os primeiros dias na empresa começou a sofrer discriminação do administrador responsável pelo setor:
—Já no primeiro dia, ao verificar meu currículo com passagem por setores de comunicação da Igreja Adventista, ele confessou não suportar evangélicos. E me perguntou se eu era da religião que guarda os sábados. Confirmei que sim, mas que jamais iria misturar religião com trabalho. Aqui sou funcionária, completei. A partir daí, estava sempre jogando piadinhas, baixinho, quase no meu ouvido. Sempre que julgava haver motivo, alfinetava. Conforme aconteceu na queda do teto da Igreja Renascer: Então, o seu Deus mata quem está orando?…

Ana Paula garante que o seu chefe demonstrava não gostar também de jornalistas:
— Praticamente tudo motivava as piadinhas, quem sabe para me forçar a pedir demissão. Ao contrário, eu suportava e procurava caprichar mais ainda no trabalho. Precisava muito do emprego, pois a partir dele, juntando com o salário do meu noivo, pude marcar a data do nosso casamento, infelizmente adiado.

Sempre muito triste, a jornalista contou que se esforçava ao máximo, colaborando fora da própria função de secretária:
— Até mesmo na ajuda à limpeza do ambiente. Eu me dava bem com todos, é só perguntar também ao pessoal dos Recursos Humanos. Para mim, não havia motivo para minha demissão, mesmo sendo discriminada. Depois do feriado do dia 20, porém, a surpresa, não só para mim, mas para os colegas: a comunicação da minha demissão por esse mesmo administrador. Me senti arrasada, não apenas pela injustiça, mas pelo motivo: discriminação religiosa, sob todos os pontos de vista inadmissível e inserida na Constituição.

Atendida por Wilson de Carvalho, Secretário da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI, Ana Paula isentou a Mendes Júnior de qualquer culpa:
—Muito ao contrário, nada tive a reclamar. Nada me faltou, desde assistência médica, alimentação, condições de trabalho, enfim, tudo o que uma empresa que trabalha com dignidade pode oferecer aos seus funcionários. Não quero vantagem alguma, mas apenas respeito, justiça e que essa discriminação jamais se repita com outros colegas da Mendes Júnior ou qualquer outra empresa. Tenho certeza de que tudo não passou de uma atitude isolada de um funcionário sem condições de fazer parte do quadro de funcionários dessa empresa, onde tive o maior prazer de trabalhar, mesmo fora da minha profissão de jornalista.