27/08/2018
Ele teve seu escritório invadido, seus pertences revirados e achava que nada do que foi encontrado o incriminava. Mas o jornalista nigeriano Jones Abiri ficou preso por dois anos, acusado pelo Serviço de Segurança do Estado de ser ligado a militantes da Força Conjunta de Libertação do Niger-Delta, um grupo rebelde que costuma bombardear oleodutos para pressionar a saída do presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari.
Jornalista nigeriano Jones Abiri (Crédito: Portal Imprensa)
Libertado na semana passada sob fiança, Jones revelou arbitrariedades cometidas pelo alto escalão do governo. O jornalista concedeu entrevista ao Premium Times e contou detalhes que culminaram com a sua prisão.
Jones foi preso no dia 21 de julho de 2016, enquanto trabalhava em seu escritório, em Yenagua. Ele relata que 12 homens bateram à sua porta com um mandado de busca em mãos. O jornalista não ofereceu resistência e os deixou entrar.
Segundo ele, não encontraram nenhuma prova que pudesse justificar a detenção. No entanto, um telefone que vinha sendo rastreado foi deixado no escritório por homens que pediram a Jones que escrevesse um comunicado, já que era jornalista.
Ele resistiu no início, mas sob ameaça, acabou atendendo a ordem e redigiu o comunicado. “Temi pela minha vida e decidi escrever para eles. Em seguida, isso foi publicado por vários órgãos da mídia”, disse Jones.
O jornalista explicou que não sabia das intenções do grupo. Reconhece que foi inocente com tal atitude, mas garante que nunca fez parte da Força Conjunta de Libertação do Niger-Delta. E, se fizesse, garante, não estaria em seu escritório e, sim, escondido.
Jones é editor da revista Weekly Source e aguardou dois anos pelo julgamento e ficou preso neste período. Inclusive, sua prisão fora escondida quando entidades de direitos humanos e de jornalistas pediam explicações oficiais.
A resposta era de que tinha um cidadão com o mesmo sobrenome preso, mas não era reconhecido como jornalista porque não pertencia ao quadro da União dos Jornalistas da Nigéria (NUJ), argumento contestado pelos familiares e grupos de profissionais da comunicação.
Os familiares, então, esperavam por informações mais concretas quando chegasse o dia da audiência no Tribunal do Magistrado Principal, em Abuja, capital da Nigéria. Quando teve finalmente o direito de se defender, conseguiu sua liberação.
Fonte: Portal Imprensa