Jornalista do The Guardian é libertado na Líbia


16/03/2011


O repórter iraquiano Ghait Abdul Ahad, do jornal inglês The Guardian, foi solto pelo Governo da Líbia nesta quarta-feira, dia 16. Ele estava preso desde o último dia 2, na cidade de Sabrata, a 60 km da capital Trípoli.
 
Ahad chegou à Líbia junto com o repórter Andrei Netto, do jornal O Estado de S. Paulo, que também foi preso, mas liberado no último dia 10, após intervenção da Embaixada do Brasil em Trípoli.
 
Também nesta quarta-feira, 16, o The New York Times confirmou o desaparecimento de quatro repórteres norte-americanos na cidade portuária de Ajdabiya, que foi tomada pelas forças de Muammar Gaddafi nesta terça-feira, 15.
 
—Falamos com representantes do Governo em Trípoli e eles nos disseram que ainda estão tentando localizar o paradeiro dos jornalistas. Estamos gratos ao Governo líbio por terem nos assegurado que, caso eles estejam detidos, serão prontamente libertados, afirmou Bill Keller, editor do New York Times.

Em entrevista ao Estadão, Andrei Netto disse que ele e seu colega iraquiano Ghait Abdul Ahad entraram na Líbia pela fronteira com a Tunísia com o auxilio de um grupo de rebeldes e que não conseguiram obter visto de entrada no posto fronteiriço de Dehiba.
 
“Nós tentamos (o visto) em Paris e em Túnis. Nas duas cidades os consulados estavam fechados. Quando voltamos ao posto de Dehiba, o local estava tomado por confrontos”, disse. Ainda de acordo com o repórter, ele esteve em contato com a embaixada brasileira em Trípoli o tempo todo para obter o visto.DIV>

 
Netto e Abdul-Ahad tentaram chegar a Trípoli com o auxílio de moradores das cidades próximas. Em Sabrata, cidade pró-Kadafi, concordaram em tentar atingir a capital por meio de Az-Zawiyah, palco de confrontos entre rebeldes e forças do ditador.
 
Os jornalistas foram abrigados por um morador de Sabrata, mas acabaram sendo expulsos do local na quarta-feira, dia 2. Ao chegarem na praça da cidade, foram cercados por mercenários pró-Kadafi e presos. Netto relata ter levado uma coronhada na cabeça. De lá, os milicianos entregaram os jornalistas para o Exército e a polícia de Sabrata.
 
As forças de segurança transferiram os dois repórteres para uma prisão nos arredores de Trípoli. Segundo Netto, sua libertação só foi possível devido à atuação à boa relação entre Brasil e Líbia.