Jonas Vieira homenageia Orlando Silva em livro e espetáculo musical na ABI


Por Cláudia Souza

23/07/2015


João Vieira, João Diniz, Mauro Diniz, Wilar Franco e Monarco, à frente

João Vieira, Arcírio Gouvêa, João Diniz, Mauro Diniz, Wilar Franco e Monarco, à frente (Fotografia: Edmilson Silva)

 

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Jornalista Jonas Vieira

O jornalista Jonas Vieira, Conselheiro da ABI, lançou na segunda-feira, 20, a biografia “Orlando Silva – 100 anos – O Cantor das Multidões no auditório Oscar Guanabarino, localizado no 9º andar do edifício-sede da Associação. O público foi brindado com um tributo musical em homenagem ao centenário do artista em 2015, reunindo no palco o cantor e compositor Monarco, da Velha Guarda da Portela, os músicos Mauro Diniz (cavaquinho), João Diniz (percussão), respectivamente, filho e neto de Monarco, e Wilar Franco (violão de sete cordas).

Admiradores de Orlando Silva lotaram o auditório da ABI cantando as canções e aplaudindo os convidados ilustres da noite, entre os quais o jornalista Haroldo Costa e o historiador Ricardo Cravo Albin, pesquisadores da MPB; a cantora Clara Valente, que interpretou os sucessos “Carinhoso”, de Pixinguinha e Braguinha, e “Rosa” de Pixinguinha e Otávio Souza; o ator e cantor Daniel Danti, que cantou “Alegria”, de Assis Valente e Durval Maia; o diretor de Assistência Social da Casa, Arcírio Gouvêa, que participou do show com a musica “Pela primeira vez”, de Noel Rosa.

João Deniz, Mauro Deniz, Wilar Franco, Daniel Dandi

João Deniz, Mauro Deniz, Wilar Franco e Daniel Dandi

O violonista e cantor Wilar Franco surpreendeu o público com o timbre semelhante ao do homenageado ao interpretar as valsas “Ciúme sem razão”, de Braguinha e Alberto Ribeiro, gravada por Orlando Silva em 1937, e “Caprichos do destino”, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz, gravada em 1938.

Monarco foi a grande estrela da homenagem a Orlando Silva cantando “Devolve”, de Mário Lago; “Aos pés da cruz”, de Marino Pinto e Zé da Zilda; “Atire a primeira pedra”, de Ataulfo Alves e Mário Lago; “Abre a janela”, de Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti, entre outros sucessos eternizados pelo cantor das multidões.

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Trajetória

Orlando Silva nasceu em 3 de outubro de 1915, no  Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio, em uma família pobre. O pai morreu em decorrência da gripe espanhola quando o cantor tinha apenas 3 anos.

Ainda na infância, Orlando Silva abandonou os estudos para trabalhar e ajudar os parentes. Ele entregava marmitas com os pés descalços porque não tinha sapatos. Foi ainda sapateiro, vendedor de tecidos, mensageiro e office boy.

Dona Noêmia, uma vizinha da família que costumava ouvir no rádio grandes cantores, como Francisco Alves, ficou impressionada com a voz do menino que tinha o costume de subir em uma árvore e imitar os cantores projetando a voz na lata de manteiga.

Aos 16 anos, Orlando Silva sofreu uma queda do bonde em movimento e perdeu parte do pé esquerdo. Como permaneceu internado durante meses, foi demitido do emprego de balconista, mas logo conquistou uma vaga de cobrador de ônibus.

Certo dia começou a cantarolar na garagem da empresa de ônibus e foi muito aplaudido pelos funcionários. Um amigo incentivou-o a iniciar a carreira de cantor profissional.

Luiz Barboza, produtor da Rádio Cajuti, recebeu Orlando Silva para um teste. O jovem cantou a valsa “Céu Moreno”, de Uriel Lourival. O compositor Bororó, que ouvira o teste, apresentou Orlando ao cantor Francisco Alves, conhecido como o “rei da voz”.

Chico Alves convidou Orlando Silva para cantar em seu programa de estreia na Rádio Guanabara. Cerca de dois anos depois, Orlando Silva conquistava o sucesso absoluto, tornando-se uma das maiores estrelas da RCA Victor, gravadora de Carmem Miranda, de Silvio Caldas e de Francisco Alves.

orlando_silvaOrlando Silva foi uma das principais atrações da Rádio Nacional, sendo disputado por grandes compositores da época para a seleção do repertório. Em 1937, gravou as faixas Lábios que eu beijei”, de J. Cascata e Leonel Azevedo; e “Juramento Falso”, de Pedro Caetano, ambas com arranjo do maestro Radamés Gnatalli. No mesmo ano o cantor gravou o primeiro LP.

A partir de 1942, em razão da Segunda Guerra Mundial, os noticiários passaram a ocupar grande parte da programação das rádios. Na época Orlando Silva enfrentava sucessivas crises nos relacionamentos amorosos e recorria à morfina e à bebida.

Em 1946, o artista foi demitido da Rádio Nacional e da gravadora Odeon em razão da ruína de sua carreira.

No início dos anos 1950 o cantor foi readmitido pela Rádio Nacional e pela Odeon. A fase áurea do rádio havia passado e entrava em cena a televisão e, pouco tempo depois, a Bossa Nova. Orlando Silva morreu no dia 7 de agosto de 1978, em decorrência de um acidente vascular cerebral.

Biógrafo

Entrevista_JonasJonas Vieira, o autor da biografia de Orlando Silva, começou a carreira jornalística aos 16 anos como revisor dos jornais “Gazeta de Notícias” e “O Povo”, de Fortaleza. Em 1955, passou a atuar como assistente de produção de programas da Ceará Rádio Clube. Três anos depois deixou o magistério e ingressou definitivamente no jornalismo como cronista de rádio do “Jornal Unitário” e repórter do jornal “Correio do Ceará”, ambos da cadeia dos Diários Associados.

Em 1959, mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a trabalhar como repórter dos jornais “O Dia” e “A Notícia”, e tradutor das revistas “O Cruzeiro” e “Detetive”. Em 1960, começou a trabalhar como repórter dos jornais “O Jornal” e “Diário da Noite”. No ano seguinte ingressou na agência de notícias Associeted Press.

Em 1962, transferiu-se como repórter para o jornal “Última Hora” no qual permaneceu por seis anos. Em 1969, passou a ocupar a função de redator da agência de notícias Reuters. Em 1970, retornou para os jornais “O Dia” e “A Notícia”. Seis anos depois, passou a redator da agência de notícias JB.

Em 1980, ocupou o cargo de subeditor da agência “O Globo”. Em 1982, ingressou na Rádio Roquette Pinto como redator e apresentador. Em 1985, transferiu-se para a Rádio Nacional. Foi produtor do Programa César de Alencar e redator de noticiário. Nesse ano editou o livro “Orlando Silva, o cantor das multidões” premiado pela Funarte.

Entre 1987 e 1990 foi redator do “Jornal dos Sports”. Ainda em 1990 trabalhou como pauteiro e redator do jornal “O Povo”. Em 1991, assinou contrato como pauteiro das rádios CBN e Globo.

Em 1992, editou com Natalício Norberto o livro “Herivelto Martins: Uma escola de samba”. Em 1995, foi contratado pela Rádio Tupi. Na ocasião editou o livro “César de Alencar, a voz que abalou o Rádio”, e escreveu “Gonzagão e Gonzaguinha, duas vidas” e “Francisco Carlos, ídolo do Rádio e do Cinema”. Em 2004, relançou “Orlando Silva, o cantor das multidões”, prefaciado por Ricardo Cravo Albin, fonte de pesquisa da peça “Orlando Silva”, encenada no Teatro Baden Powell em 2004.

Em 2011, pela série Aplauso lançou a biografia do cantor Francisco Carlos, conhecido como “El broto”. Em 2012, lançou juntamente com o jornalista Simon Khoury, o livro “Gonzagão e Gonzaguinha – Encontros e desencontros”.