Ivo Herzog leva petição contra Marin à CBF


28/03/2013


Uma petição intitulada “Fora Marin!”, que pede a saída de José Maria Marin da presidência da Confederação Brasileira de Futebol – CBF, será entregue na próxima segunda-feira, 1º de abril, às 15h, na sede da entidade pelo deputado federal Romário (PSB-RJ) e por Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelos agentes da ditadura nas dependências do Centro de Informações de Defesa Interna (DOI-Codi), controlado pelo Exército, em São Paulo, em 1975.
 
O documento cobra a saída de Marin da presidência da entidade em função de sua ligação com o regime totalitário que dominou o Brasil entre 1964 e 1985. No texto em que justifica a petição, Ivo afirma que Marin ajudou a dar sustentação política à ditadura. A petição será entregue à CBF no 49º aniversário do golpe civil-militar que instaurou a ditadura no Brasil em 1964.
 
Mais de 54 mil pessoas já assinaram em apoio ao movimento, entre elas Chico Buarque de Hollanda e Fernando Gabeira. Ivo Herzog pretende ainda enviar cópias da petição à direção dos 20 principais clubes que participam do Campeonato Brasileiro e a todas as federações estaduais de futebol.
 
Pressão e elogios
 
José Maria Marin era deputado estadual filiado à antiga Arena, partido que garantia fachada legal e sustentação política ao regime na época do assassinato de Vlado. Em 9 de outubro de 1975 Marin pediu providências às autoridades contra a atuação de supostos militantes de esquerda na TV Cultura, conforme está registrado literalmente no Diário Oficial de São Paulo. Dezesseis dias depois, em 25 do mesmo mês, Herzog, que era diretor de telejornalismo da emissora, foi ilegalmente detido e assassinado, após apresentar-se voluntariamente no DOI-Codi.
 
Além disso, um ano mais tarde, em 7 de Outubro de 1976, Marin fez um vigoroso discurso de elogio ao delegado Sérgio Fleury, figura notória da repressão e violência da ditadura. Nesse pronunciamento, também reproduzido no Diário Oficial, afirmou, entre outras coisas, que “Sérgio Fleury se dedica ao máximo, sem medir esforços nem sacrifícios para honrar não apenas a polícia de São Paulo, mas acima de tudo seu título de delegado de polícia. Ele deveria ser uma fonte de orgulho para a população de nossa cidade.”
 
De acordo com Ivo Herzog, por causa dessa ligação com o autoritarismo, o presidente da CBF não tem condições de permanecer no cargo. “Ter Marin à frente da CBF agora, que estamos nas vésperas da Copa do Mundo no Brasil, é como se a Alemanha tivesse permitido que um membro do antigo partido nazista tivesse organizado a Copa de 2006”, afirma.
 
Em circulação desde 19 de fevereiro, a petição está no site Avaaz, considerado “uma plataforma online que dá às pessoas ao redor do mundo o poder de iniciar e vencer campanhas em nível local, nacional e internacional”. O movimento ganhou força ainda maior nos últimos vinte dias, após José Maria Marin utilizar o site da CBF para se defender das acusações feitas contra ele.
 
A petição “Fora Marin!” está disponível neste site.