Autor das bases do estatuto da entidade que mais tarde se tornaria a ABI, Gustavo de Lacerda criou a Associação de Imprensa, da qual foi aclamado Presidente, em 7 de abril de 1908. No mesmo dia, empossou como membros provisórios da Diretoria oito jornalistas, quatro deles seus companheiros no jornal O Paiz: Francisco Souto, do Correio da Manhã (Vice-presidente); Alfredo Seabra, de O Paiz (Tesoureiro) Luís Honório, do Jornal do Brasil (Primeiro-secretário); Artur Marques, da Gazeta de Notícias (Secretário); e Noel Batista, do Jornal do Brasil (Procurador); além de Belisário de Souza e Amorim Júnior, de O Paiz, e Mário Galvão, do Jornal do Commercio.
Em seu livro “A trincheira do jornalismo”, Edmar Morel descreve Gustavo de Lacerda — que, em O Paiz, foi repórter credenciado na Sala de Imprensa da Prefeitura — como um homem “entregue de corpo e alma ao jornalismo, profissão que exerceu como um sacerdócio, embora explorado torpemente”. Edmar destaca ainda que a criação de uma agremiação que lutasse pelos interesses dos jornalistas sempre foi um ideal de Lacerda, que chegou a ser apontado como inculto e visionário. No entanto, do programa de fundação da ABI constam reivindicações que hoje são a base da regulamentação da profissão e das faculdades de Comunicação Social.
Presidente da instituição anos depois, Dunshee de Abranches contava ter recebido do amigo a missão de trazer de uma viagem ao exterior os estatutos das associações européias de profissionais da imprensa — e foram os da Associação Sindical Profissional dos Jornalistas Republicanos Franceses, da Associação dos Jornalistas Parisienses, do Sindicato da Imprensa Parisiense e a Associação Sindical de Imprensa Estrangeira que serviram de base para a fundação da ABI.
Segundo Edmar Morel, a miséria dourada em que viviam os profissionais da imprensa no começo do século contribuiu muito para que Gustavo de Lacerda insistisse na formação de uma associação que defendesse os seus direitos sem distinção de categorias.