Imprensa mexicana reduz noticiário policial


19/11/2010


A Fundação MEPI, criada no México para promover a liberdade de imprensa, divulgou o relatório “México: A nova espiral do silêncio”, que mostra que a imprensa mexicana, pressionada pelo narcotráfico, está reduzindo a publicação de matérias sobre violência.

Para avaliar este impacto, ao longo de seis meses pesquisadores entrevistaram jornalistas de todo México, e analisaram os jornais El Noroeste (Culiacán), Norte (Ciudad Juárez), El Norte (Monterrey), El Dictamen (Veracruz), Mural (Guadalajara), Pulso (San Luis Potosí), El Mañana (Nuevo Laredo), El Diario de Morelos y Milenio (edição nacional e Hidalgo). 

DIV>As matérias sobre criminalidade publicadas no primeiro semestre de 2010 tiveram os dados comparados com os números oficiais da violência em cada região. De acordo com o estudo, foram observadas grandes contradições entre as informações publicadas e os casos de violência registrados. Os pesquisadores conseguiram mapear as regiões onde a imprensa reduziu o noticiário relacionado ao narcotráfico.  

—De Matamoros a Pachuca, de Ciudad Juárez a Sinaloa, a informação que se publica sobre a guerra do narcotráfico não depende apenas do editor, mas de um pacto selado, sob a mira de uma arma, entre os meios de comunicação e as organizações criminosas que dominam cada região, diz o estudo.

Segundo o relatório, os veículos de comunicação que mais sofrem pressão do narcotráfico estão localizados nas regiões de Nuevo León, Tamaulipas, Hidalgo, Veracruz, Jalisco, Michoacán e Sonora, que representam 28,27% do território nacional. Nesses locais, no primeiro semestre de 2010, a violência do narcotráfico aumentou enquanto o noticiário sobre o assunto sofreu forte redução.

O silêncio imposto pelos cartéis criou “buracos negros” de informação. As páginas policiais não estão vazias, mas noticiam delitos menores ou episódios que não tenham conexão com o mundo da droga, afirma o estudo. Durante as entrevistas, os profissionais de imprensa admitiram que não escrevem sobre todos os assuntos e que vivem diante do dilema entre a ética profissional e a segurança pessoal. Alfredo Quijano, editor do El Norte, de Ciudad Juárez, revelou aos pesquisadores que 80% das matérias sobre narcotráfico não são publicadas.

Proteção

Nesta quarta-feira, dia 17, a Câmara dos Deputados do México aprovou o orçamento federal para 2011, que prevê mais de U$ 2 milhões para a proteção de jornalistas. Os recursos serão destinados a serviços médicos, gastos funerários e indenizações. O anúncio foi feito pelo Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Rubén Moreira Valdez. 

No último dia 4, o Governo mexicano assinou um acordo de proteção aos jornalistas. Nos últimos dez anos, 65 profissionais de imprensa foram assassinados na região, que registra, desde 2005, 12 casos de jornalistas desaparecidos e 17 atentados à veículos de comunicação.

 

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