Homenagem à Gazeta do Rio de Janeiro


10/09/2010


A introdução da imprensa no País é marcada pela fundação, em 10 de setembro de 1808, da Gazeta do Rio de Janeiro, primeiro periódico editado no Brasil, a partir da institucionalização da Impressão Régia. Lançado como instrumento dos interesses monárquicos, o jornal garantiu a circulação de idéias, notícias e publicações, até então censuradas, viabilizando o espaço para a crítica e o desenvolvimento dos padrões que selaram a história da imprensa nacional.
 
Fundado em 10 de setembro de 1808, o primeiro jornal editado e impresso no Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro, completa nesta sexta-feira, dia 10, 202 anos de criação, um marco na história da imprensa brasileira, que surgiu por decreto do príncipe regente  D. João, em 13 de maio de 1808, a partir da Impressão Régia, cujo objetivo era publicar os atos oficiais do Governo que se instalou no Rio de Janeiro em 7 de março de 1808. Até então, era proibido aos súditos o contato com publicações.
—Ao desembarcar no Brasil em 8 de março de 1808, D. João começou a tomar as providências para o estabelecimento da tipografia. Em 13 de maio de 1808, data de seu aniversário, autorizou a criação da Impressão Régia aproveitando os tipos e prelos que desembarcaram com a Família Real, explica a professora Cybelle de Ipanema, Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro (IHGRJ), e 1ª Secretária do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil(IHGB).
 
A Impressão Régia foi inaugurada no pavimento térreo da casa nº 44, na Rua do Passeio, no Rio de Janeiro, na residência do Conde da Barca, título criado por decreto de 27 de dezembro de 1815, da rainha D.Maria I de Portugal, em favor de Antonio de Araújo Azevedo, diplomata, cientista e político.
— Conde da Barca tomou a iniciativa de trazer de Portugal o equipamento que se transformou na nossa primeira tipografia, de onde saiu, em 10 de setembro de 1808, o primeiro jornal impresso do Brasil, que vai durar até 31 de dezembro de 1822, destaca Cybelle.
 
Com dois prelos iniciais e 28 caixas de tipos, que vieram a bordo da nau Medusa, foram iniciados os trabalhos de impressão oficial no Brasil, como as primeiras leis, alvarás, cartas régias, congratulações, odes, atos episcopais, orações e compêndios literários. Quatro meses depois da fundação, saía de suas oficinas o primeiro jornal impresso no Brasil.
 
Publicado duas vezes por semana, o jornal oficial apresentava assuntos de interesse do Governo, como os conflitos napoleônicos, e a manutenção das relações entre Brasil, Portugal e a Inglaterra. A Gazeta do Rio de Janeiro também chegava aos portos lusitanos e ingleses.
 
O conteúdo do jornal era editado e censurado pelos diretores do periódico, de estrita confiança do rei. Apesar da censura, com o passar do tempo, o jornal passou a interagir com o cotidiano da cidade e adotou padrões que orientaram o desenvolvimento da imprensa brasileira.
—Foi possível difundir as letras, idéias, notícias do mundo inteiro. Como anteriormente havia a proibição de impressos no Brasil, as notícias chegavam de forma clandestina. A partir da Gazeta, foram liberadas. Seus três redatores foram Frei Tibúrcio José da Rocha, o baiano Manoel Ferreira de Araújo Guimarães, e, no último período, outro religioso, Francisco Vieira Goulart.
 
De acordo com a Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro (IHGRJ), os jornais do século 19 eram muitos grandes, de difícil manuseio. Já a Gazeta tinha apenas 19 cm de altura e quatro páginas. As primeiras dedicadas às notícias da cidade, da Corte, da Família Real, e às matérias traduzidas de jornais estrangeiros. Na última página eram publicados os anúncios. Ao longo dos anos, o periódico cresceu e chegou a rodar com seis ou oito páginas, além de encartes com publicações de terceiros e edições extraordinárias, sublinha Cybelle.
 
Em 14 anos de existência, o primeiro jornal brasileiro publicou 7.494 páginas em 1.791 edições. A partir de 1821, foram criadas outras tipografias particulares. Em 29 de dezembro de 1821, o periódico passou a se chamar Gazeta do Rio. Com a Independência, em 1822, o jornal deixou de circular, mais especificamente em 31 de dezembro de 1822.
—Durante 14 anos a Impressão Régia reinou sozinha, soberana, assim como a Gazeta, entre 1808 e 1822. Nesta mesma época, Hipólito da Costa editava em Londres o Correio Braziliense, que cobriu o mesmo período da Gazeta. Em 1º de janeiro de 1823, a Gazeta do Rio foi sucedida pelo Diário do Governo, dando fim à fase heróica que festejamos na data de hoje, um momento especialmente importante para a cultura brasileira, para a história do Brasil e da imprensa.

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