Hoje é Dia de Livro


29/11/2022


Por Erika Werneck,  conselheira da ABI

Todo dia é domingo

Não raro chegam às livrarias romances históricos ou obras literárias resultantes de lembranças guardadas na memória e no coração de seus autores. Assim é Todo dia é domingo, de Geny Vila-Novas, lançado em outubro deste ano. Em seu sexto livro publicado, a autora narra as lembranças da infância vivida com a família no Sítio de Cima, próximo de Pedra Corrida, à margem direita do Rio Doce, ao pé de uma serra, em Minas Gerais, sua terra natal, seu chão, embora resida, atualmente, no Rio de Janeiro. Foi ali que seu avô “desceu de um barco fenício e conquistou uma vastião de terra”, cenário da vida cotidiana contada por Geny, na qual a mãe é personagem importante.Com uma escrita muito particular, Geny leva o leitor a penetrar nas histórias como se fosse uma testemunha ocular das suas tramas e seus dramas. Ela encanta com as palavras, escreve com a alma, sensibiliza. Todo dia é domingo foi publicado tardiamente, sem ter perdido a atualidade. Seus originais permaneceram na gaveta por alguns anos, a tempo de o crítico literário Antonio Olinto (falecido em 2009), então, um dos imortais da Academia Brasileira de Letras ter podido ler o romance. Em um estudo introdutório que fez a respeito de Todo dia é domingo, Antonio Olinto comparou a autora a Guimarães Rosa, e escreveu “Geny Vila-Novas é uma escritora que apresenta o Vale do Rio Doce para o Brasil”. Editora 7Letras.

Por Geraldo Cantarino, conselheiro da ABI

Muniz Sodré – uma escola disruptiva

Muniz Sodré: uma escola disruptiva é afeto, homenagem, reconhecimento. Mas é também Filosofia, Comunicação, Antropologia e Cultura. O objetivo do livro é oferecer um múltiplo olhar sobre Muniz Sodré, o pensador natural, como diz Gilberto Gil. Além de ser considerado pelos pares como o maior teórico da Comunicação no Brasil, aquele que enxerga o comum para além da racionalidade ocidental, Sodré chega aos 80 anos propondo uma nova epistemologia. Defende a ciência como ponte por onde os atores sociais possam passar, trocar, construir e incorporar conhecimento em ampla dimensão, desde saberes ancestrais até as mais novas descobertas tecnológicas.

 Sobre a Organização:

 Zilda Martins – Doutora e mestra em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), pós-doutorado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), de Paris. É professora colaboradora da ECO/UFRJ, pesquisadora do Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária (LECC), fundadora e coordenadora do Grupo de Estudos Muniz Sodré sobre Relações Raciais (GEMS/LECC). zildamarti@yahoo.com.br

Marcello Gabbay – Doutor e mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com estágio sanduíche na Université Paris-Descartes (Sorbonne V). Especialista em Musicoterapia (Faculdades Metropolitanas Unidas Educacionais – FMU) e em Psicologia Analítica (Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa – Ijep). Músico e professor na Universidade São Judas Tadeu (São Paulo). Autor de livros e artigos sobre comunicação, música popular e cultura brasileiras. marcellogabbay@uol.com

Primeira orelha do livro, assinado por Gilberto Gil:
“O pensador natural, no sentido da sua ligação visceral com a sua gente e a sua terra; da sua atividade intelectual como reflexo de uma luz interior integralmente intensa; do seu viver como fluxo permanente do bem-querer e da fé inabalável no ser de todas as coisas. O pensador natural na sua acepção mais simples: o simples, condensado do complexo existir. O pensador caminhante do mundo a passos lentos, andante da suavidade e da mansidão na imensidão da inquietude. O pensador natural que pensa a natureza como tal: expansão material eterna e sem final em que o ser humano faz seu gesto inicial e segue adiante. O pensador natural que pensa, fala e escreve o que lhe dita o impulso: tomado o pulso da veia do existente e logo em frente aos trancos e barrancos – e os solavancos são balanços de ninar. O pensador natural (intelectual orgânico?), Muniz Sodré é fruto de uma árvore nativa, ativa em seiva densa e raízes fundas fincadas no massapê, esse barro híbrido, de pedregulho fino e lama espessa que a terra da Bahia sedimenta ao bel-prazer!”
Gilberto Gil,  cantor e compositor, ex-ministro da Cultura  e imortal da Academia Brasileira de Letras