Hoje é Dia de Livro


17/09/2022


Por Maria Luiza Busse, diretora de Cultura da ABI

Educação como prática da liberdade 

Escrito por Paulo Freire em 1967, durante exílio no Chile, o livro tem por princípio a educação que liberta o ser humano da condição de oprimido e o insere na sociedade como força transformadora, crítica, politizada e responsável por todos e todas que formam o coletivo social. O educador pernambucano alfabetizou pela primeira vez e em apenas 40 horas trezentos trabalhadores rurais de Angicos, interior do Rio Grande do Norte. Era o ano de 1963 e a experiencia foi resultado do projeto-piloto do que seria o Programa Nacional de Alfabetização do governo do presidente João Goulart, deposto em março de 1964 pela ditadura civil-militar-mediática. Diálogo e afeto são o fundamento do método de Paulo Freire, tudo o que o nazifascismo mais rejeita e odeia. Para ele, diálogo é amor, e assim definiu: “Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens e as mulheres, não me é possível o diálogo”. (diálogo)” é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar no outro nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas pelos permutantes”. O pedagogo teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas, recebeu 39 títulos de Doutor Honoris Causa, 34 em vida e cinco in memoriam, e mais de 150 títulos honoríficos. Em 2012 foi declarado patrono da educação brasileira. Paulo Freire faleceu aos 76, em 1997. Editora Paz e Terra.

Jango, o outro lado da notícia

Reportagem histórica sobre a face pouco conhecida do presidente João Goulart como encarregado designado por Getúlio do projeto nacional desenvolvimentista da era Vargas. A pesquisa do jornalista e historiador Osvaldo Bertolino revela o articulador político, responsável por organizar as bases do trabalhismo e participar da reforma institucional soberana e inclusiva intentada no Brasil nos anos de 1950. O livro está em pré-venda. Kotter Editorial.

Comentários a um delírio militarista

Desde que retornaram da Guerra do Paraguai, os militares se julgaram autorizados a conduzir os rumos da sociedade brasileira. Desrespeitaram o regime republicano, implantaram ditaduras e tumultuaram governos eleitos democraticamente. Nos últimos anos, retornaram às posições de mando valendo-se da eleição de um oficial posto formalmente na inatividade por ser mentiroso e desleal. Hoje, o que os militares pretendem e o que esperar das forças armadas? Na coletânea de artigos organizada por Manuel Domingos Neto, professor e especialista em história militar, diferentes autores e autoras, inseridos na resistência democrática, analisam as proposições do documento Projeto de Nação – O Brasil em 2035, lançamento em maio de 2022, que glorifica o passado colonial-escravista, defende o conservadorismo nos costumes e o neoliberalismo radical. Editora Gabinete de Leitura.

Passageiros da tempestade – fascistas e negacionistas no tempo presente

O avanço da ultradireita em diversos países, da Itália ao Brasil, tem provocado o debate frequente: estamos novamente diante do fascismo? Os historiadores e professores Francisco Carlos Teixeira da Silva e Karl Schurster afirmam que sim. O trabalho de Francisco e Karl não é mais um livro sobre o fascismo, a Segunda Guerra Mundial ou o Holocausto, mas uma análise completa sobre a recepção memorialística destes acontecimentos nos espaços dos cinco continentes e coloca sobre a mesa assuntos   ocultados porque, ‘não dizer o sabido e perpetuar o não dito possui uma função social’, ressaltam os autores. Destacam também que “o fascista não nasce fascista, se constrói a partir da linguagem”, acrescentando que a linguagem é peça central na batalha que o fascismo trava no espaço público com o objetivo de normalizar o mal e se estabelecer   em todos os lugares. “É preciso chamar o fantasma do passado pelo seu exato nome: fascismo”, alerta Francisco Teixeira. Leitura fundamental nos tempos de hoje. Cepe Editora.

Tudo por um triz (civilização ou barbárie)

Segundo volume da coletânea do pensamento de nomes do campo progressista sobre o atual momento brasileiro. Reflexão sobre o significado de outubro de 2022 para o futuro da nação e sobrevivência da democracia que se revelou muito frágil. No trabalho organizado pelo professor e pesquisador João Cezar de Castro Rocha, os autores e autoras tratam a questão do rumo que o país vai tomar, se vai para a civilização ou para a barbárie a partir da eleição do próximo dia 2. e também projetam futuros ´possíveis para a reconstrução do Brasil reduzido a escombros pelo governo que ocupa o palácio do Planalto. Hoje tem lançamento no Rio de Janeiro. Às 17h, no auditório do Clube de Engenharia. Avenida Rio Branco 124, Centro. Amanhã, quarta-feira, 21, o lançamento é em Curitiba, às 19h, no restaurante Nina. Rua Marechal Deodoro 847, Centro. Kotter Editorial.

Um ano depois

Godard morreu para se tornar imortal, de vez. O livro de Anne Wiazemsky traz memórias renovadas daquele Maio de 68 francês que fez das ruas de Paris cenário de Igualdade. Anne foi a atriz protagonista do filme ‘A chinesa’, do cineasta ícone da esquerda francesa Jean-Luc Godard, com quem estava casada. Lançado um ano antes, o filme foi saudado como profético ao retratar um grupo de jovens maoístas disposto a fazer a revolução. Mais uma vez Godard captava o espírito da época. Um trecho do livro: “Tínhamos nos mudado, algumas semanas antes, para o número 17 da rue Saint-Jacques, no Quinto Arrondissement. Desde a adolescência eu sonhava em morar no Quartier Latin, e aquele apartamento me parecia ter a localização ideal, perto da Sorbonne, do boulevard Saint-Michel e do Sena. Jean-Luc não dava muita importância ao lugar onde vivíamos, gostava do apartamento no número 15 da rue de Miromesnil, que ele alugava e servira de cenário para A chinesa. Mas por que não um outro? Quando eu acrescentara que “Além disso, estou de saco cheio da proximidade com a place Beauvau, de saco cheio do Élysée e de todos esses policiais”, ele respondera, forçando o sotaque suíço: “Nesse caso…”. Vale lembrar que a ditadura brasileira proibiu a exibição de ‘A chinesa’ em todo o território nacional. Editora Todavia.

Baixada negra – Escritas, identidades e práticas educativas em diáspora

O livro que reúne artigos de 9 autores e autores sobre o tema da educação no universo social de negros e negras na região da baixada fluminense do estado do Rio de Janeiro, é organizado por Nielson Ribeiro e Eliana Laurentino. Nielson, doutor em História, é professor da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, FEBF/UERJ, e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicações em Periferias. A também historiadora Eliana Laurentino é doutora em História Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e integra os grupos A cor da Baixada. Hoje e amanhã, às 19h, e sábado, 24, às 9h, tem lançamento no Museu Vivo do São Bento, R. Benjamin da Rocha Júnior, s/n, São Bento, Duque de Caxias, baixada. Esteio Editora.

Narrativas de infâncias refugiadas: a criança como protagonista da própria história

Qual é a percepção da criança refugiada sobre o processo migratório? Para encontrar a resposta, Fernanda Paraguassu percorreu abrigos e residências em Roraima e no Rio de Janeiro e pode se informar de como se dá a inserção dessas crianças no novo espaço social, cultural e simbólico. O objetivo principal era dar visibilidade e contribuir para reflexões sobre novos paradigmas da comunicação que surgem na relação intercultural com a infância em deslocamento, em grande parte forçado. A autora entende que a migração é fenômeno irreversível e parte do fato de que metade dos refugiados em todo mundo, hoje, são crianças. Editora Mauad  X.

Comunicação estratégica no esporte

Organizado pelos jornalistas e professores Alexandre Carauta e Roberto Falcão, o livro integra os saberes do jornalismo, da publicidade, das relações públicas e do marketing aplicados ao universo esportivo contemporâneo, e trata de três questões:  panorama histórico da Comunicação no Esporte e sua moderna face, a narrativa transmídia; a cobertura esportiva, do impresso ao audiovisual; e o esporte como negócio e suas disciplinas correlatas, como o direito, por exemplo. O colega e diretor financeiro da ABI, Geraldo Mainenti, assina texto em um dos 13 capítulos que compõem a obra. Edição conjunta das editoras Rebento e PUC-Rio.