Governo vai reconstruir sede da UNE


12/08/2008


O Governo Federal vai reconhecer a culpa e a responsabilidade do Estado Nacional na destruição da sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), na Praia do Flamengo, nº 132, e promover a sua reconstrução para a qual já existe um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer.

O Projeto de Lei que deverá ser enviado ao Congresso Nacional foi anunciado nesta terça-feira, dia 12 de agosto, pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que conclamou a UNE e a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBEs) a fazerem um trabalho de convencimento de deputados e senadores, com vista à aprovação da proposta o mais rápido possível, a fim de que ele possa ter a alegria de colocar o primeiro tijolo da futura sede, para cuja obra já existe uma dotação reservada no orçamento da União.

Antes do ato no Aterro do Flamengo, para o qual a ABI foi convidada pelos Presidentes da UNE, Lúcia Stumpf, e da UBEs, Ismael Cardoso, o Presidente esteve do outro lado da rua no terreno da antiga sede, em visita cujo simbolismo foi ressaltado pelo primeiro orador da cerimônia, ex-Deputado Aldo Arantes, que foi Presidente da entidade no começo dos anos 60, com a observação de três pontos: o projeto a ser assinado pelo Presidente seria o reconhecimento dessa responsabilidade do Estado; abrirá caminho para reconstrução das duas entidades com recursos públicos; e significa o reconhecimento da legitimidade da participação dos estudantes na vida política do País.

Presenças

Ao ato estiveram presentes os Governadores Sérgio Cabral e José Serra. O primeiro foi apontado pelo Presidente da UBEs, Ismael Cardoso, como um dos participantes do Congresso de reconstrução da entidade, no Paraná, no começo dos anos 80.

José Serra que presidiu a UNE na época do golpe de 1º de abril de 1964, salientou que a sede da instituição foi alvo de duas medidas repressivas da ditadura militar: a primeira, o incêndio do prédio-sede da entidade na noite de 1º de abril, e depois em 1979, quando da demolição do que restara do imóvel. O Governador de São Paulo classificou como compreensíveis, embora inaceitáveis, os acontecimentos dado o clima de radicalização da época. José Serra classificou a demolição como um ato de raiva do Governo da ditadura como represália à participação dos estudantes na resistência ao regime militar.

Aldo Arantes destacou em discurso que Lula foi o segundo Presidente a visitar o terreno da sede da UNE, que no tempo em que funcionava recebeu em 1962 a visita do então Presidente João Goulart, acompanhado na época do Primeiro-Ministro Tancredo Neves e de todos os Ministros do seu Gabinete. Arantes entregou ao filho de João Goulart, João Vicente Goulart, um retrato emoldurado da visita de seu pai à antiga sede da UNE.

Além do ex-Deputado, Cabral, Serra e do Presidente discursaram no ato o Ministro da Educação, Fernando Haddad; da Saúde, José Gomes Temporão; da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci; e os Presidentes da UNE e da UBEs.

A solenidade também marcou o início do lançamento da Caravana da Saúde, Educação e Cultura, projeto da UNE apoiado pelo Ministério da Saúde, o qual vai percorrer 41 universidades federais de todas as 27 unidades da Federação, promovendo medidas de saúde e iniciativas nos campos da Educação e da Cultura.

Participaram do evento centenas de estudantes universitários e secundaristas, que entoavam hinos e músicas de exaltação do Movimento Estudantil, entre os quais um com o seguinte refrão: “É UNE/ é UNE/ volta para casa/ ninguém apaga nossa história.”