Governo polonês demite e controla mídia estatal


22/07/2016


TVP1. Foto: Reuters

Imagens da TVP1. Foto: Reuters

A relação da imprensa com o Governo conservador polonês vem piorando nos últimos meses. Desde que assumiu em janeiro, pelo menos 163 profissionais foram demitidos ou se demitiram dos órgãos estatais de mídia eletrônica, de acordo com a Associação dos Jornalistas.

As demissões são prova da rapidez e firmeza que vêm sendo demonstradas pelo Partido Lei e Justiça, liderado por Jaroslaw Kaczynski, 67, na tomada de controle dos órgãos estatais de mídia eletrônica.

Segundo analistas políticos, as demissões são consideradas autoritárias o que aumenta a preocupação entre jornalistas e defensores das liberdades civis quanto às tendências dos governos da Polônia e de outros países da Europa central e oriental, que acarretam riscos para a liberdade de expressão.

Em março, a TV estatal deveria noticiar uma grande manifestação contra o governo, mas os jornalistas foram instruídos pelos chefes a exibir uma entrevista coletiva com bispos católicos poloneses.

Diante da postura das TVs estatais, a audiência está em queda. Em abril, pela primeira vez na história, a TV estatal TVP1 — por anos o canal mais popular do país — teve uma queda de audiência de quase 20%, passando para o terceiro lugar, atrás de dois canais comerciais. O telejornal “Wiadomosci” perdeu 750 mil telespectadores.

A TVP2, também estatal, ficou com o quarto lugar, de acordo com uma pesquisa da Nielsen.

O desejo de criar veículos de mídia eletrônica estatais respeitados ecoa em diversos outros países ex-comunistas, disse o ex-presidente polonês Aleksander Kwasniewski, único com dois mandatos de cinco anos no posto. Mas ele aponta que essa meta pode ser obsoleta.

“A democracia liberal está em crise”, afirmou. “Disse a meus colegas políticos, há muito tempo, que precisamos de mais visão e menos televisão”.