Governo da Grécia fecha emissoras estatais


Por Cláudia Souza*

12/06/2013


Jornalistas protestam em frente à sede da ERT Foto: Louisa Gouliamaki/AFP

Jornalistas protestam em frente à sede da ERT Foto: Louisa Gouliamaki/AFP

Cerca de 2,7 mil jornalistas foram demitidos na Grécia após a decisão do governo de Atenas de fechar temporariamente emissoras públicas de rádio e TV. Os jornalistas do país entraram em greve nesta quarta-feira, dia 12, convocados pelos sindicatos gregos. Com a paralisação, nenhum jornal circulará na Grécia nesta quinta-feira, 13.

— Continuaremos em greve até o governo rever esta decisão, disse o presidente da Associação dos Redatores de Jornais de Atenas, Dimitris Trimis.

O fechamento do setor audiovisual estatal da Grécia foi assinado nesta terça-feira, 11, por apenas um dos três partidos da coalizão governamental, o conservador Nova Democracia. O Partido dos Socialistas, Pasok, e o Partido dos Esquerdistas Democratas, Dimar, minoritários na coligação, rejeitam o fechamento das emissoras e criticam o fato de não terem sido consultados.

O porta-voz do governo grego Simos Kedikoglu anunciou que os três canais de TV e as estações de rádio da ERT, fundada em 1938, – atualmente com orçamento anual de 300 milhões de euros – deixariam de funcionar a partir da meia-noite.

— As emissoras se tornaram um caso típico de incrível desperdício, disse Kedikoglu, ao justificar a decisão governamental, que integra o programa de austeridade econômica imposto ao país pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e União Europeia.

Além de três emissoras estatais com programação nacional, foram fechadas sete emissoras de rádio com abrangência nacional e 19 emissoras regionais de rádio.

Após o anúncio do governo, os funcionários das emissoras se reuniram em frente à sede da ERT, em Atenas, e apelaram aos demais veículos de comunicação para que informem suas ações de protesto.

Na madrugada desta quarta, 12, todos os canais estatais de TV e rádio foram desligados, mas os jornalistas continuaram trabalhando no serviço online e criticaram duramente o fechamento das emissoras.

Demissões

No contexto do programa de consolidação, até o final de 2013, a Grécia deverá demitir 4 mil funcionários públicos. Esse número se elevará para 15 mil até o final de 2014.

Após a onda de protesto de jornalistas, o governo grego anunciou que o setor audiovisual será reestruturado em torno de uma nova empresa batizada de Nerit, que “não dependerá do Estado e terá independência editorial e de programação”. Um projeto de lei sobre a nova rádio, internet e televisão gregas foi encaminhado ao Secretariado Geral do Governo. O texto será discutido pelos três partidos da coligação governamental e encaminhado ao Parlamento para sanção.

De acordo com Kedikoglu, as emissoras estatais deverão retomar suas atividades no futuro, com número reduzido de  empregados e estrutura enxuta. Os mais de 2,6 mil empregados demitidos nesta terça-feira, 11, deverão receber uma indenização e poderão se candidatar para trabalhar na nova organização.

— Num momento em que o povo grego tem de fazer sacrifícios, não há espaço para adiamento, hesitação ou vacas sagradas. Não tivemos escolha. Todos diziam que a ERT devia mudar. Além disso os jornalistas estavam em greve há meses, afirmou Kedikoglou, fazendo referência às paralisações dos funcionários da empresa estatal, em protesto contra os cortes nas remunerações e o programa de austeridade internacional imposto à Grécia.

*Com informações da AFP.