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Governo chinês proíbe imprensa em coletiva


25/10/2017


O presidente da China Xi Jinping (Imagem: Reprodução)

O Congresso do Partido Comunista da China terminou com um protesto de veículos da mídia ocidental por sua falta de transparência. Sem qualquer explicação formal, o governo chinês proibiu nesta quarta-feira a entrada de jornalistas de BBC, “The Financial Times”, “The Economist”, “The New York Times” e “The Guardian” na coletiva de imprensa concedida pelo presidente Xi Jinping, que conquistou um novo mandato como secretário-geral do PCC e se tornou o líder mais poderoso em 40 ao ter seu status equiparado ao do ex-líder chinês Mao Tsé-tung.

Em um comunicado, o Clube de Correspondentes Estrangeiros da China (FCCC) se disse preocupado com a exclusão:

“A coletiva de imprensa é um evento de alto escalão envolvendo as principais lideranças da China e é difícil evitar a conclusão de que essas organizações de míde foram excluídas para enviar uma mensagem”, disse a nota. “Usar o acesso da mídia como ferramente de punir jornalistas cuja cobertura não é aprovada pelas autoridades chineses é uma grosseira violação de princípios de liberdade de imprensa”.

Segundo o jornal “The Guardian”, o jornal britânico “The Daily Telegraph” conseguiu acesso à coletiva por disseminar propaganda de viés comunista no Reino Unido devido a um contrato anual com o chinês “China Daily”.

Em seu pronunciamento aos jornalistas escolhidos na quarta-feira, Xi Jinping agradeceu o trabalho feito pela imprensa:

— O Congresso do Partido tem recebido extensa e detalhada reportagem de nossos amigos da imprensa, com muitos de vocês vindo de longe. Vocês têm trabalhado muito duro e sua cobertura na mídia chamou a atenção do mundo. Quero dizer muito obrigado a todos vocês — afirmou o presidente, incluindo uma rejeição velada aos profissionais excluídos: — Não precisamos de elogios louváveis dos outros. Porém acolhemos a reportagem objetiva e sugestões construtivas.

Situação pode piorar

De acordo com Qiao Mu, ex-professor de jornalismo da Univeridade de Estudos Estrangeiros de Pequim, o governo quis barrar os repórteres que considera “encrenqueiros”, e a medida evidencia a frustração de Xi Jinping por não “controlar o tom da mídia ocidental”.

— A situação vai piorar… mais e mais sites de mídis ocidentais serão bloqueados, e jornalistas serão expulsos ou (será) difícil conseguir vistos — disse o acadêmico.

A proibição do governo contradiz o discurso do Partido lançado ao longo do Congresso, que prezou por uma maior abertura da China nos próximos cinco anos com Xi Jinping no poder. Correspondentes sediados na China alegam que o tratamento a jornalistas estrangeiros piorou desde a chegada do atual líder, em 2012.

Na semana passada, o “Global Times”, jornal controlado pelo Partido Comunista da China acusou a mídia ocidental de fazer uma cobertura “enganosa” e “incorreta” sobre o país:

“(Alguns) Jornalistas ocidentais não mostram profissionalismo em sua cobertura e sua reportagem permanece ideologicamente superficial e não entende a essência da nova era da China”, disse o jornal.

Fonte: O Globo