Governo anistia João Cândido, sem indenização


24/07/2008


 João Cândido Felisberto

O Governo brasileiro concedeu hoje, por meio de publicação no Diário Oficial, a anistia post-mortem de João Cândido Felisberto, conhecido como Almirante Negro, líder do movimento Revolta da Chibata, deflagrado no Rio de Janeiro, em 22 de novembro de 1910, contra os maus-tratos da Marinha do Brasil, que punia os marinheiros considerados faltosos com chibatadas.

A revolta foi deflagrada quando o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes, acusado de ter machucado um colega, foi castigado com 250 chicotadas a bordo do navio “Minas Gerais”. O motim teve a participação de cerca de 2 mil marinheiros, que, da Baía de Guanabara, ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro, à época Capital Federal, se a Marinha não interrompesse os castigos físicos.

                      Adalberto Cândido

A idéia de conceder a anistia post-mortem a João Candido e outros marinheiros que participaram do motim foi aprovada no Senado, no último dia 13 de maio, segundo a Agência Brasil. A anistia do líder e de todos os participantes do movimento já havia sido outorgada pelo Decreto Legislativo nº 2.280, em 25 de novembro de 1910, ou seja, no terceiro dia da revolta, que durou quase uma semana.

O reconhecimento ao direito de anistia de João Cândido Felisberto e seus companheiros chega com 97 anos de atraso e não satisfaz os anseios da família, que esperava que o Governo adotasse a mesma postura que vem tendo com os anistiados políticos:
— Minha família agradece à Senadora Marina Silva e demais congressistas responsáveis pela iniciativa, pelo gesto em memória de meu pai. Mas o Governo está cometendo uma injustiça, pois não existe anistia sem o reparo indenizatório. Meu pai sofreu muito. Apesar de ter sido anistiado em 1910 e absolvido em 1912 de todos os inquéritos que o incriminavam, ficou sem condições de sustentar a família, porque foi dispensado da Marinha — diz Adalberto do Nascimento Cândido, filho caçula de João Cândido. 

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