03/10/2008
Primeiros passos do Demônio de Pernas Tortas
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Os primeiros chutes do garoto Manoel foram dados nas peladas da Rua dos Caçadores. Fascinado por uma bola, ele sempre arranjava uma desculpa para faltar à Escola Domingos Bebiano, da pequena Fábrica Pau Grande, no Estado do Rio, que viraria a grande companhia têxtil América Fabril.
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João, irmão mais velho, apelidado de Zé Baleia, foi seu primeiro técnico. Gostava de reunir e orientar a rapaziada, razão pela qual fundou o Palmeiras Futebol Clube. O destaque do time era o garoto Manoel. No Palmeiras, no Cruzeiro do Sul e no Esporte Clube Pau Grande, Manoel jogava na meia-direita.
Seu primeiro time organizado foi o Esporte Clube Pau Grande. No Serrano, onde ficou apenas três meses, descobriu a sua verdadeira posição, ponta-direita. O clube de Petrópolis o inscreveu como seu atleta em 17 de abril de 1951. Suas brilhantes exibições empolgavam a todos que o assistiam. Arati, ex-jogador do Madureira e do Botafogo, o viu jogar quando foi apitar uma partida, em Pau Grande. Não perdeu tempo e o levou para o clube da estrela solitária.
O início no Botafogo
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Em General Severiano, Manoel foi recebido por Nilton Cardoso, filho e auxiliar do conhecido técnico Gentil Cardoso. Vestiu o uniforme do time reserva e entrou em campo. Seu marcador era o maior lateral esquerdo do mundo, Nilton Santos. Para ele um adversário qualquer igual àqueles que enfrentava nas peladas e nos jogos, em Pau Grande.
Ao receber a bola de Quarentinha, Manoel partiu para cima de Nilton Santos, como fazia com os seus outros marcadores, na Raiz da Serra. Nilton confirma que Manoel jogou a bola entre as suas pernas e seguiu na direção da área da equipe titular. Outros, como Paulo Amaral e Juvenal, dizem que o lance aconteceu de forma diferente. O fato é que surgia, naquele momento, o verdadeiro e inigualável fenômeno de todos os tempos do futebol mundial.
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A alegria da garotada
Outra diversão predileta do menino Manoel era caçar passarinhos. Como gostava de pegar garrinchas, pequeno pássaro mais conhecido pelo nome de cambaxirra, sua irmã Rosa lhe deu o apelido de Garrincha, com o qual ficou mundialmente famoso.
A fama não mudou o comportamento de Garrincha. Simples, ingênuo em certos momentos, amante da liberdade, ele era o mesmo. Queria ficar próximo de sua gente humilde e, especialmente, ao lado da garotada que o adorava. Nele continuava vivo o menino que brincava e corria atrás das cambaxirras, sentindo por inteiro a sensação de liberdade.