12/02/2015
O retrato íntimo de um casal homossexual feito em São Petersburgo, na Rússia, valeu ao fotógrafo dinamarquês Mads Nissen o prêmio máximo na 58ª edição do mais importante concurso de fotografia do mundo, o World Press Photo, anunciado nesta quinta-feira, 12 de fevereiro, em Amsterdam.
Nissen, fotógrafo do jornal dinamarquês “Politken”, também venceu na categoria “temas contemporâneos”. É o segundo ano seguido em que a imagem ganhadora desta seção também é escolhida para o prêmio principal. Em 2014, John Stanmeyer levou o WPP ao registrar imigrantes somalis em busca de sinal de celular na costa de Djibuti, no leste da África.
Intitulada Jon e Alex, a fotografia vencedora de 2015 faz parte de um projeto maior de Nissen, chamado “Homofobia na Rússia”, que pretende mostrar ao mundo como pode ser difícil ser homossexual em um país onde as minorias sexuais são perseguidas.
Chefe do júri nesta edição, Michele McNally, diretora de fotografia do jornal The New York Times, comentou ao site do World Press Photo que “a imagem vencedora precisa ter estética, impacto e potencial para se tornar icônica”. “Esta foto é esteticamente forte e tem humanidade”, completou ela.
Aos 36 anos, o fotojornalista vê nessa fotografia “a história moderna de Romeu e Julieta. São duas pessoas que se amam mas que todos os dias têm de lutar por esse amor num país preconceituoso que não aceita a diferença. São duas pessoas que se amam entre quatro paredes e de cortinas fechadas”.
“É um tempo histórico para esta imagem, a imagem vencedora tem de ser estética, ter impacto e ter o potencial de se tornar um ícone. Esta foto é esteticamente poderosa e tem humanidade”, escreveu em comunicado a presidente do júri, Michele McNally, diretora de fotografia e editora assistente do New York Times.
Participaram desta edição do World Press Photo 97.912 imagens produzidas por 5.692 fotógrafos, fotojornalistas e documentaristas de 131 países. No final, foram premiados 42 fotógrafos de 17 nacionalidades: Austrália, Bangladesh, Bélgica, China, Dinamarca, Eritreia, França, Alemanha, Irão, Irlanda, Itália, Polónia, Rússia, Suécia, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos.
Mudança no prêmio
A vitória de Nissen aponta uma mudança radical na premiação nos últimos dois anos. O World Press Photo deixou de priorizar imagens realizadas em zonas de conflito, como aconteceu com o sueco Paul Hansen em 2013 e o espanhol Samuel Aranda em 2012, para mostrar temas comportamentais. Com Stanmeyer, embora sua fotografia tratasse de imigração, o elemento chave do registro era o telefone celular. Mostrando apenas as silhuetas das pessoas, o gesto de levantar as mãos para conseguir sinal se tornou universal.
Já na fotografia vencedora deste ano, o contexto de discriminação social e crimes de ódio na Rússia contra homossexuais certamente contribuiu para que Mads Nissen fosse o escolhido. Pamela Chen, jurada desta edição, disse que a organização estava “buscando um foto que poderia importar amanhã, e não apenas hoje”. “Isto é um tema contemporâneo, é a vida diária, tem ressonância jornalística tanto local quanto geral, mas também traz à tona a questão de uma forma muito profunda e desafiadora. É bastante universal.”
Segundo Lars Boering, diretor do WPP, 20% das imagens no penúltimo turno da competição foram desqualificadas por causa de manipulações. A categoria esportes foi a mais afetada e, por isso, não foi possível indicar o terceiro lugar.
Veja abaixo alguns dos vencedores:
Notícias locais – 1º lugar – fotografia única
Notícias locais – 2º lugar – fotografia única
Notícias gerais – 1º lugar – histórias
Notícias gerais – 2º lugar – histórias
Notícias gerais – 1º lugar – fotografia única
Notícias gerais – 2º lugar – fotografia única
Esportes – 1º lugar – fotografia única
Temas contemporâneos – 2º lugar – fotografia única
* Com informações dos jornais Zero Hora, Folha de S. Paulo e da BBC.