Filho de dirigente do PT assassinado alerta sobre uso eleitoral de vídeo com Bolsonaro sem aval da família


13/07/2022


Artur Rodrigues, na Folha

O filho mais velho do dirigente do PT, Marcelo de Arruda, que foi assassinado em sua festa de 50 anos por um bolsonarista, em Foz do Iguaçu, afirmou à Folha que o vídeo da conversa de seus tios com o presidente Jair Bolsonaro (PL) está sendo usado sem autorização para uma possível campanha.

Leonardo de Arruda, 26, criticou o uso político do material. “Gravaram, publicaram sem autorização da minha família, estão usando a imagem da nossa família para uma possível campanha. Não basta o que fizeram com meu pai e estão usando o nome da minha família”, disse.

Leonardo de Arruda durante enterro de seu pai, Marcelo de Arruda, em Foz do Iguaçu
Leonardo de Arruda durante enterro de seu pai, Marcelo de Arruda, em Foz do Iguaçu – Paulo Lisboa/Folhapress

A ligação por vídeo foi feita pelo deputado bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ), que esteve na casa de um dos irmãos de Marcelo, com o aval de Bolsonaro, para intermediar a conversa. Segundo ele, o presidente conversou com dois irmãos do petista assassinado: José e Luiz de Arruda.

Ele afirma que um dos seus tios, inclusive, cobrou que parte da imprensa se retratasse por essa postura. “Meu tio pediu retratação pública, pedindo para a imprensa que está colocando meu pai como causador de tudo, para dizer que ele foi a vítima de um assassino extremista.”

Leonardo não citou Bolsonaro diretamente, mas o presidente criticou a violência de “petistas” que chutaram a cabeça de Jorge, após a troca de tiros com Marcelo. Ferido, no chão, o atirador foi alvo de chutes de convidados que estavam na festa do militante do PT.

O presidente disse ainda esperar a conclusão da investigação “para a gente ver que teve problema lá fora, onde o cara que morreu, que estava lá na festa, jogou pedra no vidro daquele cara que estava com o carro do lado de fora”. “Depois, ele voltou e começou o tiroteio lá e morreu o aniversariante”, afirmou Bolsonaro.

Um dos irmãos que participou do vídeo, Luiz Arruda, disse à Folha nesta tarde que a família ainda não havia decidido o que faria em relação ao convite de Bolsonaro para que fossem a Brasília nesta quinta-feira (14) para participar de uma entrevista. Ele afirmou que as decisões seriam todas tomadas coletivamente.