FIJ diz que mídia discrimina mulheres


09/03/2010


De acordo com uma pesquisa realizada pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) 14 países do Oriente Médio e Mundo Árabe apresentam alto índice de discriminação contra jornalistas mulheres. Segundo o estudo “Gender Fact Sheets on Women Journalists in the Middle East and the Arab World”, cerca de 60% das pessoas graduadas em Jornalismo nessas regiões são mulheres, mas elas são apenas 27% da força de trabalho nos veículos de mídia. Somente 21% têm alguma ligação com sindicatos.

A baixa representação da mulher nos veículos de mídia no mundo árabe provocou uma reunião com representantes de jornalistas em Al Manama, no Barém, entre os dias 6 e 8 de março. Durante o encontro foram decididas as prioridades que deverão ser adotadas, tais como: recrutar mais mulheres para os órgãos de comunicação, continuar a promover a sua presença nas direções dos sindicatos e preparar um Código de Conduta regional sobre a representação das mulheres nos veículos de comunicação.

Para Sarah Bouchetob, responsável pelos projetos e campanhas da FIJ no Oriente Médio e Mundo Árabe, é bom ver as jornalistas da região lutarem pelos seus direitos:
— Chegou a hora de os políticos, os proprietários dos veículos de mídia e os sindicatos assumirem responsabilidades na luta pela igualdade na região, declarou a jornalista.

A opinião do Secretário-geral da FIJ, Aidan White, é de que, apesar de a situação das mulheres jornalistas em outras partes do mundo ser um pouco melhor do que a realidade nos países árabes e no Oriente Médio, a diferença é pouca. Por isso, ele tem cobrado dos proprietários de veículos de comunicação darem mais destaque às mulheres nas notícias, “seja como profissionais ou como matéria noticiosa”.

Aidan White disse que considera “deplorável” o preconceito contra as mulheres, e acha que essa situação pode melhorar desde que jornalistas do sexo feminino tenham o mesmo acesso que os homens a cargos de chefia. Segundo ele, essa mudança de comportamento provocaria uma alteração positiva na agenda noticiosa:
— A situação é deplorável. Organizações de mídia são dominadas por homens de todo o mundo. As mulheres devem ter igualdade de acesso à liderança. Quando isso acontecer, haverá uma alteração radical na agenda noticiosa e no tratamento dispensado aos profissionais de comunicação, afirmou Aidan White.

Gênero

Ao analisar o resultado do estudo, White ressaltou a importância do envolvimento dos sindicatos e das redações e o empenho da FIJ em divulgar os resultados de uma pesquisa, que mostra que muitas vezes as mulheres são quase que invisíveis no desempenho das suas funções jornalísticas.

De acordo com os resultados preliminares do Global Media Monitoring Project (GMMP) — uma pesquisa mundial avaliar a presença das mulheres na atualidade a cada cinco anos — as mulheres representam 24% de cobertura de notícias.

Ao comentar os números da Global Media, Aidan White disse que “são terríveis”, e não podem ser ignorados:
— Representação de gênero na Feira da notícia não é um show menor e isolado. Tem de ser levado a sério. Nós não podemos continuar ignorando as necessidades de metade da população do mundo, declarou o Secretário-geral da FIJ.

A FIJ comprometeu-se a divulgar amplamente os resultados GMMP e instigar sindicatos e redações para se envolverem no debate. Um dos principais projetos da entidade é desenvolver a igualdade de gênero em módulos a serem utilizados na criação de noticiosos.

* Com informações da FIJ e do Sindicato dos Jornalistas de Lisboa.