FIJ diz que jornalismo é um bem público


14/10/2010


O jornalismo é um bem público, cuja prática deve sempre estar vinculada aos interesses da coletividade. Essa foi a conclusão da conferência “Ação agora!” patrocinada pela União Internacional de Qualidade de Serviços Públicos, encerrada na manhã desta quinta-feira, 14 de outubro, que reuniu 400 líderes sindicais de todo o mundo e de vários setores da economia global.
 
 
Representantes da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e da Federação Européia de Jornalistas (FEJ) participaram do encontro, no qual defenderam que “a crise de qualidade do jornalismo e a necessidade de preservar o interesse público” são pontos que deverão estar inseridos na campanha internacional pela qualidade da prestação de serviços à sociedade, lançada durante a conferência.
 
 
O Presidente da Federação Nacional da Imprensa da Itália, Roberto Natale, disse que “a luta pela normalização e qualidade no jornalismo é do interesse de todos”, mas fez um alerta:
— Alguns jornalistas estão desafiando parâmetros e quebrando regras básicas da boa prática da profissão, quando focam em notícias de celebridades e ignoram a informação sobre o que está acontecendo verdadeiramente com a sociedade, afirmou Natale. 
 
 
Ele disse que na Itália e em toda a Europa os jornalistas estão trabalhando para restabelecer os padrões profissionais, além de encarar os desafios de enfrentar novas ameaças ao jornalismo de qualidade, como o uso da mídia para fomentar a intolerância e o racismo:
— A batalha por um jornalismo ético e de qualidade é uma luta em que todos os cidadãos e grupos sociais têm uma participação. É vital para a democracia que as pessoas tenham acesso a informações confiáveis e verdadeiras, declarou o Presidente da Federação Nacional da Imprensa italiana.
 
 
O representante da União Nacional dos Jornalistas da Grã-Bretanha e Irlanda (NUJ) e Presidente do Grupo Especialista de Radiodifusão da Federação Européia de Jornalistas, John Barsby, defendeu maior apoio público para a campanha global pela qualidade da prestação de serviços públicos:
— Os cortes drásticos nos gastos públicos também ameaçam o setor de radiodifusão. Jornalistas e sindicatos da categoria, além de entidades do movimento sindical mais amplo precisam trabalhar juntos para defender o direito de acesso ao serviço público de qualidade, afirmou Barsby.
 
 
A conferência concluiu que deve ser adotado um plano de ação abrangente, visando a delinear os objetivos da campanha, especialmente nas áreas da saúde, educação e transporte.
 
 
As reivindicações das organizações ligadas à cultura, comunicação e ao jornalismo especificamente também foram debatidas em uma sessão especial, com a participação de representantes de artistas, músicos e jornalistas, na qual foi destacado o impacto que o corte nos gastos públicos tem sobre a vida cultural da sociedade.
 
 
A campanha pela qualidade nos serviços públicos será desenvolvida e coordenada pelas lideranças sindicais globais nos próximos meses, e vai ser utilizada para apoiar protestos em todo o mundo onde haja redução da qualidade de vida das pessoas, em função dos cortes “draconianos” nas despesas públicas. Mais informações sobre a conferência e o seu resultado podem ser obtidas através da página www.gpsconference.org.
 
 
* Com informações da FIJ.