“Faixa Livre” faz 15 anos com foco progressista


22/12/2009


Sandra Priori, Celeste Cintra, Paulo Passarinho e Francisco de Assis(c)

Com uma pauta diária de assuntos sobre política, economia, energia, meio ambiente e outras questões nacionais e internacionais, o programa “Faixa Livre”, levado ao ar de segunda a sexta-feira, de 8h às 10h, na Rádio Bandeirantes AM (1360 Khz), está completando 15 anos ininterruptos no mês dezembro.

Considerado pelo Presidente da ABI, Maurício Azêdo, como o “programa radiofônico mais progressista do Brasil”, a equipe é formada pelo apresentador Paulo Passarinho, a produtora e jornalista responsável Celeste Cintra e a assistente Sandra Priori. A operação fica a cargo de Francisco de Assis.

Durante o programa, o apresentador discute com debatedores ou entrevistados convidados os temas propostos, levando ao público uma visão progressista e nacionalista da matéria que está sendo tratada. Os ouvintes também participam, com perguntas, comentários ou sugestões.

O “Faixa Livre” é uma iniciativa de um grupo de 11 entidades associativas, sindicais e profissionais, que se cotizam para apresentar debates sobre os assuntos presentes na mídia, com a participação de especialistas, visando à soberania nacional.

Desafio

A proposta surgiu em 1994, quando a professora Zuleide Faria de Melo, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, sugeriu à Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) a criação de um programa de rádio, feito com a participação de lideranças nacionais ligadas aos movimentos sociais e dos ouvintes.

O Presidente da Aepet, Fernando Siqueira, contou que aceitou o desafio e convidou algumas instituições para entrar como “sócias”. Com os recursos obtidos, alugou o horário na Rádio Bandeirantes e convidou os jornalistas Ricardo Bueno e Álvaro Queiroz para fazerem a apresentação, ficando a produção a cargo da também jornalista Sonia Toledo.

O primeiro programa foi ao ar no dia 5 de dezembro de 1994, e logo nos primeiros dias a audiência aumentou, com a participação cada vez maior do público. Mas um dos objetivos ainda não foi atingido, conforme conta Siqueira:
— Há uma certa frustração porque nós pretendíamos que ele fosse um modelo para a criação de outros programas do gênero no Brasil. Juntar entidades e jornalistas, que têm como princípio a defesa do interesse nacional e não conseguem espaço. Mas continuamos com a esperança de que o exemplo venha a ser seguido.

A atuação em rádio do apresentador Paulo Passarinho começou em outra emissora, na época da criação do Plano Real, quando tirava dúvidas dos ouvintes sobre a URV. Com uma pequena experiência, mas por ter facilidade em falar de economia sem usar o “economês”, foi convidado para ser comentarista do “Faixa Livre”:
— Com a morte do Ricardo Bueno, em 1999, me chamaram para dividir a apresentação com o Álvaro. Mas cerca de dois meses depois houve um desentendimento e ele também saiu. Fiquei fazendo a apresentação sozinho — contou Passarinho.

A estrutura do programa é simples. De segunda a quinta-feira, são escolhidos de três a quatro assuntos que são manchetes nos jornais do dia. O apresentador faz um editorial e entrevista por telefone os especialistas escolhidos por Celeste Cintra. Na sexta-feira, é composta uma mesa com três convidados. Os ouvintes podem participar, fazendo perguntas ou comentários, através do telefone (21) 2543-1360 ou pelo e-mail faixa.livre@yahoo.com.br .
O programa também pode ser acessado pela Internet, no endereço www.programafaixalivre.org.br:
— Neste mês de dezembro — explica Celeste Cintra —estamos com a mesa de debates todos os dias. O objetivo é fazer um balanço do ano e uma projeção do que poderá acontecer no ano que vem.

Curiosidades

Uma situação que marcou o programa foi o furo de reportagem dado quando do término da greve de fome de Dom Luís Cappio, no dia 21 de dezembro de 2007. O religioso fazia a manifestação contra a transposição do rio São Francisco e decidiu na noite anterior parar com a greve por causa de seu debilitado estado de saúde. Pela manhã, a rádio o entrevistou, quando foi comunicada ao grande público a sua decisão.

Como todo programa de rádio ao vivo há momentos inesperados e que ficam marcados. Celeste conta que um deles foi quando o delegado da Polícia Civil do Rio, Cláudio Ferraz, na época diretor da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, era um dos participantes da mesa.

No horário do programa, ele estava efetuando a prisão do ex-vereador Josinaldo Francisco da Cruz, o Nadinho, já falecido, que era acusado de chefiar a milícia de Rio das Pedras, em Jacarepaguá. O delegado ligou e chegou a tempo de participar do programa ainda com as roupas sujas usadas na operação:

Segundo Celeste, outro fato curioso foi o caso do golpe em Honduras:
— O cartunista Latuff estava ouvindo o programa e viu pela internet a invasão de uma rádio em Tegucigalpa. Ele ligou imediatamente para a emissora para nós colocarmos o áudio no ar. É um grande exemplo da participação dos ouvintes.

Celeste conta ainda que a audiência do programa sempre sobe quando a produção consegue localizar o seringueiro Osmarino Silva, da Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, e o entrevista:
— Ele é um homem que vive na mata, em defesa da Amazônia. Quando ele nos dá entrevistas, há sempre um grande número de ouvintes fazendo perguntas, comentários. A Amazônia é um tema que mexe muito com o nosso público.

Rotina

A pauta das mesas é definida em uma reunião mensal entre a produção e representantes das entidades mantenedoras do programa. No encontro, são dadas sugestões de assuntos e debatedores. Os convidados a participar dos debates são especialistas ligados a diversas instituições, incluindo universidades, centros de pesquisas, associações e sindicatos profissionais, entre outros organismos.

No dia-a-dia, os entrevistados geralmente são convidados pouco antes de o programa ir ao ar. Isso é possível devido a uma agenda muito vasta de profissionais e seus telefones, elaborada durante os muitos anos de produção do “Faixa Livre”. Quem conta como funciona é produtora Celeste:
— Conforme o assunto eu separo pelo menos os telefones de três pessoas aptas a falar e faço a ligação. Se alguém estiver ocupado ou não atender, vou tentando outros, até que consiga entrevistados com opiniões diversificadas.

A primeira a chegar ao estúdio é a assistente Sandra Priori. Ela pega os jornais e começa a leitura, separando os assuntos mais importantes do dia. Celeste já chega com uma pauta elaborada “na cabeça”, fruto de informações do dia anterior, navegações na internet e informações dos periódicos. Paulo Passarinho também lê as publicações do dia, para que no estúdio os três definam os assuntos a serem tratados.

No início o “Faixa Livre” teve ia ao ar com uma hora e meia de duração. Devido à audiência, passou a ocupar duas horas na grade da emissora e hoje “é preenche o maior tempo da grade da Rádio Bandeirantes”, segundo a equipe.