André Fernandes teve 49,62%. Ao todo, foram mais de 1.420.681 de votos válidos, sendo 2,92% de votos nulos e 1,64% de votos em branco. Evandro Leitão virou a situação em relação ao primeiro turno. André Fernandes havia terminado na frente com 40,20% e Evandro com 34,33%.
Evandro Leitão foi o único prefeito do PT eleito em uma capital em 2024. A escolha do deputado estadual, recém-filiado ao PT, foi uma aposta do ministro da Educação, Camilo Santana, e deixou mais evidente, ao longo da campanha, o racha entre os irmãos Ferreira Gomes.
O senador e ex-governador Cid Gomes (PSB) entrou na campanha do petista, especialmente no segundo turno, quando a chapa de esquerda tinha o desafio de reverter uma diferença de cerca de 80 mil votos em relação ao candidato do PL, André Fernandes, que terminou o primeiro turno em primeiro lugar. Cid atuou diretamente na mobilização de prefeitos de municípios do interior que fortaleceram a campanha de Evandro em Fortaleza na reta final.
O irmão, o ex-ministro Ciro Gomes, que segue no PDT, chegou a fazer declarações duras contra o candidato petista. Outras lideranças do partido ligadas ao ex-governador pedetista apoiaram publicamente Fernandes na segunda etapa da disputa municipal, entre elas, o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) e um grupo de vereadores da Capital ligados a Ciro.
Ciro e seus aliados, inclusive, sofreram críticas de nomes ligados à esquerda e até mesmo de correligionários pedetistas com a guinada à direita no segundo turno do pleito em Fortaleza. O prefeito José Sarto (PDT) não declarou apoio público a André Fernandes, mas secretários e outros ocupantes de cargos na gestão municipal, do PDT e de outros partidos que fazem parte da base aliada do atual prefeito, foram às ruas e às redes sociais declarar voto no candidato do PL.
A eleição em Fortaleza ganhou dimensão nacional não apenas por refletir a polarização entre PT e PL, mas também por desgastes criados no próprio PDT.
O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, ministro do Trabalho no Governo Lula, declarou apoio a Evandro Leitão no segundo turno. O presidente estadual, deputado federal André Figueiredo, chegou a se manifestar pela neutralidade, mas entrou ativamente na campanha petista, tendo participado de caminhadas e carreatas nos últimos dias de campanha nas ruas.
Nacionalmente, há uma expectativa de que seja insustentável a permanência de Ciro nos quadros do PDT, o que também poderia ter reflexos no posicionamento do grupo político do ex-ministro no Ceará.
Disputa nacional
Em âmbito nacional, o PT, por sua vez, deixou clara a relevância estratégica de uma vitória em Fortaleza. O presidente Lula esteve na capital cearense no dia 11 de outubro para participar de um comício, no Centro, em palanque dividido com Camilo e outras lideranças petistas e de partidos aliados.
Foi nessa data, também, que a deputada federal Luizianne Lins, ex-prefeita de Fortaleza, eleita pelo PT, fez a primeira aparição pública em apoio a Leitão. Ela ainda não havia entrado na campanha desde a derrota interna que sofreu no partido, quando, em disputa direta com Evandro, não conseguiu apoio suficiente para confirmar a quinta candidatura ao Executivo municipal.
Também estiveram em atos de apoio ao petista em Fortaleza no segundo turno o vice-presidente Geraldo Alckmin e o prefeito reeleito de Recife, João Campos, ambos do PSB, em outras demonstrações da visibilidade nacional da disputa na capital cearense.
Do lado do candidato do PL, a estratégia foi outra: o ex-presidente Jair Bolsonaro esteve na cidade apenas uma vez, no segundo dia de campanha, 17 de agosto, em uma carreata ao lado de André Fernandes. Durante a eleição, o candidato a prefeito buscou se descolar da imagem do ex-presidente, cujo nome não apareceu na propaganda eleitoral e na maioria das participações de Fernandes em debates.
Coube ao deputado federal Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais, ocupar o lugar de liderança do partido que veio de fora para reforçar a campanha do candidato de direita. Ele participou de duas agendas ao lado de André, inclusive, na noite da última quinta-feira (24), quando disse a apoiadores, em ato no bairro Bom Jardim, que Fortaleza elegeria, pela primeira vez, um “jovem de direita conservador”.
Cenário Nacional
Além de Fortaleza, o PT e os partidos de centro-esquerda, que apóiam o governo do presidente Lula, conquistaram, no segundo turno, as prefeituras de Camaçari (BA), com Caetano (PT); Niterói (RJ), com Rodrido Neves (PDT); Pelotas (RS), com Marroni (PT); Mauá (SP), com Marcelo Oliveira (PT); e Serra (ES), com Weverson Meirelles (PDT).
Nos dois turnos, o PSB conquistou 309 prefeituras; o PT, 252; o PDT, 151; o PCdoB, 19; o PV, 14; e a Rede, 4.Entre os partidos de centro- direita, o PSD, conquistou 887 prefeituras; o MDB, 856; o PP, 747; o União Brasil, 584; o PL, 516; o Republicanos, 435; o PSDB, 276; e o Podemos, 127.