EUA vai sediar encontro sobre violência no México


10/11/2010


A Sociedade Americana de Editores de Jornais (ASNE, na sigla em inglês) e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) anunciaram a realização de uma cúpula para discutir a violência contra os jornalistas que atuam na fronteira do México com os Estados Unidos.
 
O evento será realizado nos dias 5 e 6 de dezembro, na Universidade do Texas, em El Paso(EUA) com a presença de jornalistas, autoridades e representantes de organizações e entidades de defesa da liberdade de imprensa.
 
Os participantes vão discutir as ações governistas para o enfrentamento da violência contra jornalistas no México, e os desafios para garantir o direito à liberdade de imprensa e expressão, o combate à impunidade e ao tráfico de drogas.
 
Nos últimos dez anos, 65 jornalistas foram assassinados no México, o pais mais perigoso para o exercício da profissão, que registra, desde 2005, 12 casos de jornalistas desaparecidos e 17 atentados à veículos de comunicação. Carlos Alberto Guajardo, do jornal Expreso, foi morto no último dia 5 de novembro.
 
A realização da cúpula foi divulgada no encerramento da 66ª Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que aconteceu entre os dias 5 e 9 de novembro, na cidade mexicana de Mérida, reunindo jornalistas e autoridades de vários países.
 
Presente ao encontro, Felipe Calderón, Presidente do México, afirmou que a grande ameaça contra a liberdade de imprensa é o crime organizado. E garantiu que “nunca haverá mordaças nem censura para se fazer no jornalismo”.
— Nenhuma nação pode permanecer alheia aos ataques à imprensa. A delinquência é o maior risco para o exercício do jornalismo, que deve contar com um cenário de liberdade e segurança. Não há pessoas livres sem liberdade de imprensa, um direito inalienável à cidadania. O crime é o inimigo da imprensa e não o Governo.
 
Calderón lembrou o passado de censura à imprensa no México, mas enfatizou que, “atualmente ninguém é perseguido por razões ideológicas, e é permitido criticar abertamente o governo”.
— Peço aos três poderes do Estado que trabalhem coordenadamente para garantir a liberdade de expressão. Considero um dever do Estado esclarecer os casos de violência contra jornalistas. Asseguro que o meu governo será implacável e não aceitará a relação entre política e bandidos.
 
Em seu discurso, o presidente mexicano destacou iniciativas que estão sendo implementadas, entre as quais, o fim dos delitos de calúnia e difamação no código penal, a criação da Procuradoria Especial para Crimes contra a Liberdade de Expressão, o acordo firmado para garantir proteção e segurança aos jornalistas, e o projeto para transferir ao âmbito federal os delitos contra a imprensa. Entretanto, Calderón reconheceu que a tarefa não será fácil.
—Perante um inimigo comum o país necessita do apoio da imprensa para alcançar melhores resultados na luta contra o crime. Não façam o jogo deles, mostrem a realidade e coloquem em perspectiva os grandes esforços do México em sua luta contra os criminosos, um câncer que atenta contra todos, e os jornalistas são fator essencial.
*Com informações do Knight Center for Journalism, EFE.