Estagiário de jornal morre assassinado no México


17/09/2010


Aumenta a cada dia a onda de crimes cometidos contra jornalistas no México. Desta vez a vítima foi o estagiário de fotojornalismo do jornal El Diario, Luis Carlos Santiago Orozco, que morreu assassinado a tiros nesta quinta-feira, 16 de setembro, em Ciudad Juárez. Ele foi o 11º trabalhador do setor de mídia morto no país este ano.
 
 
Os tiros que mataram Luis Orozco, que tinha completado 21 anos recentemente, foram disparados contra o seu carro por vários homens armados não identificados. Ele estava acompanhado de outro estagiário de fotografia do El Diário, Carlos Sanches Colunga, que ficou gravemente ferido no atentado.
 
 
O crime aconteceu por volta das 15h no pátio do estacionamento de um shopping, localizado próximo à sede do jornal. Toda a ação foi registrada pelas câmeras de segurança do prédio comercial, mas os bandidos ainda não foram encontrados. De acordo com as investigações iniciais, o assassinato de Luis Orozco tem o mesmo estilo daqueles encomendados pelos cartéis de drogas do México.
 
 
Falando à organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), o editor Pedro Torre disse que o motivo do ataque não foi esclarecido, e que até o momento o jornal não tinha recebido quaisquer tipo de ameaças. Segundo ele, os dois estagiários não estavam trabalhando em nenhuma cobertura do El Diário sobre a guerra contra os cartéis de drogas deflagrada no México.
 
 
Luis Orozco começou a estagiar como fotojornalista em maio deste ano, com a promessa de que seria contratado definitivamente em 20 de setembro. Sanches tinha apenas duas semanas na função. Segundo Pedro Torres, no dia do crime os dois passaram a manhã em um curso de fotografia promovido pelo jornal:
— Eles não estavam cobrindo o caso (dos cartéis de drogas). Nós não sabemos quem pode estar por trás deste ataque, disse o editor à RSF.
 
 
A onda de crimes cometidos contra jornalistas no México alcançou um nível tão absurdo que vem provocando protestos das organizações de proteção à categoria junto ao Presidente Felipe Calderón. Em junho, a RSF encaminhou às Nações Unidas um pedido formal de proteção aos profissionais da mídia que atuam no país.
 
 
O atentado contra os estagiários do El Diário é o segundo ato criminoso que atinge a equipe de reportagem do veículo. Em 2008, ocorreu o assassinato do repórter José Armando Rodriguez, cujo inquérito nunca identificou os culpados. Pedro Torres disse a RSF que espera que a apuração da morte de Luis Orozco não siga o mesmo caminho:
— Ao contrário do assassinato de Armando, desta vez, o crime ocorreu em um lugar público, com câmeras de vigilância e na presença de testemunhas, declarou.

 
Em dez anos foram registrados 68 assassinatos de jornalistas e trabalhadores da mídia no México. Desde 2003, onze profissionais estão desaparecidos. O país é onde a liberdade de imprensa está mais ameaçada na América Latina, e uma das regiões mais perigosas do mundo para o exercício do jornalismo.