Estado Islâmico impõem regras a jornalistas


Por Cláudia Souza*

08/10/2014


Membros do grupo terrorista Estado Islâmico. Foto: Diario Uchile

Membros do grupo terrorista Estado Islâmico. (Foto: Diario Uchile)

 

O grupo extremista Estado Islâmico (EL), que atua na Síria e no Iraque, estabeleceu 11 regras para os jornalistas que atuam na cobertura dos conflitos nas áreas sob o controle da organização terrorista. Nos últimos trinta dias, o grupo decapitou os jornalistas norte-americanos James Foley, do site Global Post e AFP e de Steven Sotloff, que trabalhava como freelancer. Ambos estavam reféns do EI na Síria desde 2012. Os assassinatos ocorreram em represália aos ataques aéreos dos Estados Unidos contra forças jihadistas.

De acordo com o site Syria Deeply, dedicado a reportagens sobre a guerra na Síria, que teve início em março de 2011, integrante do movimento conhecido como Primavera Árabe, as normas impostas aos profissionais de imprensa provocaram a saída de muitos deles rumo a áreas não dominadas pelo grupo extremista. Já os jornalistas que optaram pela permanência na província de Deir Ezzor, recentemente controlada pelo Estado Islâmico, serão obrigados a seguir as regras.

Durante o encontro no qual as regras foram anunciadas, os jornalistas que se mantiveram no território ocupado tiveram de assinar documentos concordando com as normas estabelecidas pelo Estado Islâmico, que aumentaram ainda mais as tensões já existentes na Síria, região extremamente perigosa para o trabalho da imprensa.

Regras impostas aos jornalistas:

1 – Jornalistas devem jurar fidelidade ao Califa Abu Bakr]al-Baghdadi, tornando-se súditos do Estado Islâmico e, sob esta condição, são obrigados a jurar lealdade ao seu imã.

2 – O trabalho de imprensa está sob a supervisão exclusiva dos escritórios de mídia do Estado Islâmico.

3 – Os jornalistas podem trabalhar diretamente com agências de notícias internacionais (como a Reuters, a AFP e a AP), mas devem evitar todos os canais locais e internacionais de televisão por satélite. Os profissionais estão proibidos de fornecer a estes qualquer material exclusivo ou ter qualquer contato (via áudio ou imagem) em qualquer circunstância.

4 – Os jornalistas estão proibidos de trabalhar, sob qualquer circunstância, com os canais de TV que constam na lista negra por lutarem contra países islâmicos, como Al-Arabiya, Al Jazeera e Orient, que lutam contra países islâmicos, Os profissionais de imprensa que desobedecerem a regra serão punidos.

5 – Os jornalistas estão autorizados a cobrir eventos na sede do governo com a captação de imagens, sem remetê-las para o escritório de mídia do Estado Islâmico. Todos os conteúdos publicados devem ser assinados pelos jornalistas e fotógrafos envolvidos.

6 – Os jornalistas não estão autorizados a publicar qualquer reportagem sem avisar previamente o escritório de mídia do Estado Islâmico.

7 – Os profissionais podem divulgar fotos e notícias em blogs e mídias sociais. A assessoria do Estado Islâmico deve ser informada do endereço e do nome do administrador das páginas.

8 – Os jornalistas devem respeitar as restrições para a captura de imagens impostas pelo Estado Islâmico, não registrando locais ou eventos de segurança onde a prática é proibida.

9 – Os escritórios de mídia do Estado Islâmico vão acompanhar o trabalho dos jornalistas e também da mídia estatal no território dominado pelo grupo. Qualquer violação das regras em vigor suspenderá o trabalho do jornalista, e ele será responsabilizado.

10 – As regras não são imutáveis e estão sujeitas a alterações a qualquer momento, dependendo das circunstâncias e do grau de cooperação dos jornalistas com “seus irmãos” nos escritórios de mídia do Estado Islâmico.

11- Os jornalistas somente receberão permissão para trabalhar após a entrega de um requerimento ao escritório de mídia do Estado Islâmico.

 

*Com agências internacionais