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Equipe do jornal Extra sofre ameaça durante operação da PF


12/05/2014


João Maurício, ao lado Sandero vermelho, que teria usado para atingir o veículo de equipe do jornal (Foto: Fábio Guimarães / Extra)

João Maurício, ao lado Sandero vermelho, que teria usado para atingir o veículo de equipe do jornal (Foto: Fábio Gui- marães / Extra)

Uma equipe do jornal Extra foi ameaçada, na manhã da última sexta-feira, 9 de maio, na Zona Oeste do Rio, durante uma operação da Polícia Federal para prender suspeitos de fraudes no plano de saúde do Correios. Um dos suspeitos de envolvimento no esquema, João Maurício Gomes da Silva jogou seu carro contra o veículo da equipe, composta pela repórter Flávia Junqueira, o fotógrafo Fábio Guimarães e o motorista Bruno Guerra. Pouco antes, João Maurício, conhecido como Janjão, já havia dado ré com seu Sandero vermelho e batido no carro do jornal, estacionado logo atrás.

Após a batida, quando os profissionais desceram do veículo, o suspeito olhou para Flávia e mostrou conhecê-la, dizendo “Oi, Flávia”. A repórter revelou as primeiras suspeitas de fraude no esquema, em agosto, e tem publicado, com exclusividade, diversas informações sobre as investigações desde então.

Após o ocorrido, a equipe do jornal ainda foi seguida pelo carro de João Maurício. Ele entrou numa rua, fez um retorno e voltou à Estrada de Curicica, por onde a equipe passava, mas na direção contrária. Ele entrou na contramão e jogou o carro em cima do veículo do jornal. O motorista desviou para a direita, evitando uma colisão.

A equipe Extra registrou na 32ª DP (Taquara), delegacia da área onde ocorreu o fato, os crimes de tentativa de dano e de perigo. A investigação do caso ficará a cargo da delegacia.

Instituições cobram esclarecimentos

A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) repudiou as ameaças e intimidações sofridas pelos comunicadores. “É lamentável que isso aconteça, e o pior é que essas agressões têm se tornado uma prática cada vez mais frequente. O jornalismo é um dos pilares da democracia, por isso o episódio em si é um atentado à democracia”, comentou Bruno Cruz, da diretoria-executiva da Fenaj.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio, Paula Máiran, a instituição vai encaminhar uma denúncia sobre o episódio para as autoridades nacionais e internacionais, e cobrará que o caso seja acompanhado e apurado.

“Esse é um ataque à sociedade. Nesse caso, o jornalista não é atingido apenas como cidadão, mas por cumprir um papel de defensor da população e seus direitos. Desde maio do ano passado, já são mais de 60 casos de jornalistas ameaçados no Rio”, comentou Paula.

Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) demonstrou preocupação com o episódio, e cobrou que seja garantida pelas autoridades a segurança da equipe. “Qualquer tipo de intimidação e violência contra profissionais da imprensa no cumprimento de sua função essencial de informar é um atentado direto à liberdade de expressão e à democracia”, ressaltou em nota.

Operação da PF

A operação, realizada pelo Núcleo de Represão a Crimes Postais da PF, cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de funcionários do Correios suspeitos de integrar o esquema, que já teria desviado dos cofres públicos mais de R$ 15 milhões. Os agentes federais apreenderam computadores, pen drives, documentos e um carro.

São investigados por suspeita de participação no crime Marcos da Silva Esteves, ex-gerente de saúde da estatal, Amilton Oliveira da Silva, chefe da Centro de Entrega de Encomendas de Duque de Caxias, na Baixada, e Fábio Póvoa, ex-gerente da agência do Correios da Barra da Tijuca, além de João Maurício — carteiro e ex-assessor técnico da diretoria regional da empresa no Rio.

Quando agentes da PF chegaram à residência de Amilton, flagraram o suspeito rasgando documentos do Correios. Seu celular foi apreendido. Nele, a polícia encontrou mensagens de outro investigado, alertando que a PF estava a caminho e mandando que ele destruísse os documentos.

* Com informações do jornal Extra