Entreter e informar


12/11/2008


Na Região Centro-Oeste, uma das publicações jornalísticas dedicadas a jovens mais conceituadas é o caderno Zine. O tablóide tem 12 páginas e circula aos domingos, junto com A Gazeta, por todo o estado do Mato Grosso, além de algumas grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Quem conta é a editora Maria Angélica de Moraes:
— O Zine foi lançado em 1998, como parte de várias mudanças editoriais do jornal, que, ao mesmo tempo em que inaugurava nova sede, passou a ser colorido e ganhou alguns cadernos. A idéia do nome surgiu da palavra fanzine. O objetivo era — e continua sendo — criar um meio de comunicação com o jovem, com conteúdos de interesse deste público-alvo, tanto em matéria de entretenimento quanto em informar fatos sérios.

O suplemento também funciona com uma equipe de jovens profissionais, detalhe que ajuda na seleção de pautas que estejam em consonância com o universo do leitor. Diz Maria Angélica:
— Estou com 34 anos e comecei no suplemento há dez, como repórter. Hoje, quem está nessa vaga é a Raquel Ferreira, de 29, e contamos também com a estagiária Larissa Cavalcante, de 20, que estuda Jornalismo na Universidade Federal de Mato Grosso. A idade dos profissionais influi na atualidade e na qualidade da informação. Como editora, eu pesquiso bastante o universo juvenil, na internet, em revistas e jornais. E os repórteres e estagiários que passam por aqui estão em constante contato com o nosso público, o que facilita o surgimento de pautas atuais.

De acordo com a editora, na mídia impressa local o Zine atualmente é a única opção de leitura para os jovens:
— Aqui não há tradição nesse segmento jornalístico. Chegamos a ter um concorrente, o Azul, do Diário de Cuiabá, que hoje não existe mais. Mas também não significava muito, pois o suplemento tinha poucas páginas e conteúdo muito fraco. Em matéria de jornalismo teen, acredito que somos o suplemento mais duradouro até hoje por aqui. Só mesmo perguntando aos velhos mestres do Jornalismo para saber se houve algum outro em veículos mais antigos. 

Otamar de Oliveira

Raquel Ferreira e Maria Angélica

Conselho

Talvez por ter preenchido essa lacuna no mercado, o lançamento do Zine colaborou com o crescimento do público jovem da Gazeta. Um dos principais movimentos nesse sentido foi a adoção, pelo caderno, de um Conselho Editorial formado por adolescentes:
— O Conselho, com o qual nos reunimos a cada 15 dias, nos ajuda bastante, trazendo novas idéias e sugestões de pauta que geralmente envolvem o que eles vivenciam na escola, em casa, com amigos… Muitas vezes, principalmente nas matérias de saúde e comportamento, eles querem encontrar respostas para as dúvidas que têm e para situações que presenciam no seu dia-a-dia. O suplemento procura atendê-los na forma de reportagens, entrevistando especialistas e outros jovens.

Segundo Maria Angélica, a presença de um colunista jovem também ajudou na aproximação com o público-alvo e na conquista de leitores que vão além de um perfil básico:
— O leitor do Zine é o estudante de ensino médio, mas seus pais e professores também lêem o caderno. Como temos um público com idéias diversificadas, procuramos criar conteúdos diversos, que nos são requisitados pelos próprios leitores. Ao mesmo tempo em que falamos do surgimento de uma banda de rock, abordamos temas como saúde, DSTs, conflitos familiares, cinema, educação e moda, por exemplo.

O caderno tem também seções fixas e contempla temas como política e meio ambiente, segundo Maria Angélica, “para dar um ar mais sério ao conteúdo e ele não ficar apenas no superficial”. A editora diz que procura seguir a regra do jornalismo de informar com imparcialidade e concisão, mas com uma linguagem que atraia o jovem leitor:
— Como as matérias são consideradas pequenas, porque precisam se encaixar no formato tablóide e porque o jovem costuma fugir de textos longos, nossa principal preocupação é passar o conteúdo de maneira leve e divertida, mas muito informativa.