Duas jóias sobre o futebol na biblioteca da ABI


20/05/2009


A Biblioteca Bastos Tigre da ABI acaba de receber a doação de dois livros que são verdadeiras jóias sobre o futebol. Um deles é “A bola corre mais que os homens”, do antropólogo e ensaísta Roberto DaMatta; o outro é “Passe de letra — futebol e literatura”, do escritor e professor de Literatura, Flávio Carneiro.

“A bola corre mais que os homens” é uma obra com a qual Roberto DaMatta, além de fazer referência aos grandes mestres do futebol, como Didi — inventor da “folha seca” — conseguiu encantar especialistas do gênero, como Armando Nogueira, responsável pelo prefácio, pessoas que não têm intimidade com o esporte bretão.

A presente coletânea é um misto de uma série de textos produzidos para a imprensa — em especial para os jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, por ocasião da cobertura das Copas de 94 e 98 —, com ensaios produzidos para publicações acadêmicas.

O livro de Roberto DaMatta mistura o erudito com o popular com muita habilidade, como inclusive se apresentavam nos gramados os personagens citados pelo autor. O resultado é surpreendente, mesmo em se tratando de Roberto DaMatta, que produziu um livro capaz de agradar tanto os fanáticos por futebol, quanto os interessados em antropologia e outras ciências sociais.

É o caso da professora Lívia Barbosa, do departamento de Antropologia da UFF: “Não precisa gostar de futebol para ler este livro. Eu não gosto e mesmo assim tive excelentes momentos ao atravessar as páginas deste texto brilhante e original”, escreveu ela na orelha do livro. 

Futebol e literatura

“Passe de letra — futebol e literatura” é um livro mais recente — foi lançado em abril deste ano — e um antigo sonho do escritor Flávio Carneiro. 

Ex-jogador de futebol que se tornou escritor, torcedor e crítico literário, além de professor universitário, neste livro o autor tenta responder à pergunta: “Como duas paixões tão díspares como o futebol e a literatura podem se juntar?”

Neste livro Flávio quis “unir suas duas paixões, futebol e literatura, em um mesmo espaço, a partir de uma abordagem pessoal e memorialística de ambos os temas”. Em criança Flávio alimentou a vontade de ser tornar jogador de futebol profissional, enquanto que o desejo de se escritor “saiu do nada”, como ele conta em uma deliciosa crônica.

O desenrolar do livro Flávio Carneiro põe lado a lado suas duas paixões, desenhando analogias entre o esporte e a literatura. Segundo ele, “Garrincha dominava a arte da simplicidade e era tão lírico quanto os poetas Carlos Drummond de Andrade ou Manoel Bandeira.

O autor considera Pelé um épico. Sobre Dadá Maravilha acha que o ex-atacante fazia graça com a bola, como um comediante.

As crônicas de Flávio Carneiro reunidas em “Passe de letra” foram publicadas originalmente no jornal literário Rascunho, de Curitiba. A orelha do livro é assinada por Luiz Fernando Veríssimo e coletânea traz ainda fotos e ilustrações.