08/01/2021
Dos 200 mil mortos, quantos estão na conta de Bolsonaro?
Por Rogério Marques, membro da Comissão de Liberdade de Expressão e Direitos Humanos da ABI
Somente o impeachment livra o Brasil de uma tragédia ainda maior
Dois anos depois de chegar ao poder, como consequência do golpe contra a democracia de 2016, Jair Bolsonaro conseguiu realizar um velho sonho: o extermínio de milhares de brasileiros.
Em sua famosa entrevista ao programa Câmera Aberta, da TV Bandeirantes, em 1999, quando era deputado federal, Bolsonaro declarou ser a favor da tortura, do fechamento do Congresso e do extermínio de pelo menos 30 mil pessoas em uma guerra civil. “Se vão morrer alguns inocentes, tudo bem, em toda guerra morrem inocentes”, disse o então deputado federal com frieza, com sangue nos olhos.
Duas décadas depois, mesmo sem guerra civil ele está conseguindo aquilo que defendia. Das 200 mil pessoas que já morreram de covid-19 no Brasil, quantas se foram por culpa de Jair Bolsonaro?
É impossível fazer uma estimativa, mas certamente Bolsonaro conseguiu ultrapassar, e muito, suas intenções macabras, pelo comportamento criminoso desde o início da pandemia com as próprias vítimas, das quais sempre debochou.
Sim, Bolsonaro, o defensor da tortura, conseguiu ultrapassar suas próprias metas. Por seu desprezo boçal pela ciência. Por minimizar a força devastadora do novo coronavírus. Por não providenciar a testagem em massa, fundamental para se evitar a propagação da doença. Por estimular a população a não usar máscaras, a participar de aglomerações. Por não agir com a urgência necessária para vacinar logo a população, como mais de 50 países já estão fazendo. Ao anunciar que não vai tomar vacina, enquanto vários chefes de Estado fazem o contrário, independentemente de suas orientações políticas e ideológicas.
Por tudo isso, por suas ações criminosas, é mais do que provável que entre os 200 mil mortos na pandemia, no Brasil, Jair Bolsonaro tenha ultrapassado, e muito, os 30 mil que ele desejava ver tombados em uma guerra civil.
Importante ressaltar que isso ainda é pouco perto do que Bolsonaro promete com suas frequentes ameaças à democracia, ameaças de golpe, das quais nunca fez segredo. O homem que um dia declarou que fecharia o Congresso se fosse eleito presidente prepara o golpe escancaradamente. Como, por exemplo, quando diz aos seguidores que não consegue fazer nada, que o país está quebrado e culpa a imprensa pela sua incompetência, pelo seu desequilíbrio.
Bolsonaro defendeu a tentativa de golpe do seu ídolo Donald Trump, que teve o repúdio do mundo inteiro. E já ameaçou: “Sem voto impresso em 2022 vamos ter problema pior que dos Estados Unidos,”
O que mais é preciso para que todas as instituições brasileiras que defendem a democracia se unam para tirar Bolsonaro do poder? Para que os presidentes da Câmara dos Deputados — o que está de saída e o que será eleito em breve — se articulem para dar andamento aos pedidos de impeachment de Bolsonaro? Já são mais de 50!
E qual o motivo do silêncio de uma instituição da importância da CNBB diante do causador desta tragédia?
A Ordem dos Advogados do Brasil somente agora está pensando em entrar com pedido de impeachment. Onde está a velha OAB que enfrentou a ditadura e pagou caro por isso, com a morte de sua secretária Lyda Monteiro da Silva, vítima de uma bomba da extrema-direita na sede da entidade? A mesma extrema-direita que hoje está implodindo o Brasil.
É preciso que todos acordem, antes da destruição total. O Brasil está sangrando a cada dia, cada vez mais.
Jair Bolsonaro representa a morte, a doença, a degradação moral. É a versão bípede do novo coronavírus.
A única maneira de livrar nosso país de uma tragédia ainda maior é tirar Bolsonaro do poder o quanto antes, e levá-lo a julgamento por seus crimes. O impeachment tornou-se uma questão de urgência para salvar o Brasil.