28/11/2022
Para: Gilberto Gil
De: Diretoria de Cultura da ABI
Gentilezas e estupidezes encurtam distâncias. Gentileza nem sempre tem eco e ressonância, mas a estupidez tem. É algo tão desagradável que até o plural soa feio. Parece ser da natureza desse modo de brutalidade não ter nada que se aproveite. Do Catar a constatação chegou na forma de ataque ao compositor Gilberto Gil feita por um brasileiro feroz e nocivo ao sentido mais primário de sociabilidade num espaço público, algo muito comum nesse tipo de gente nazifascista que não separa público e privado. A violência verbal proferida contra Gil, acompanhado da mulher e de uma amiga, injuriava a Lei Rouanet na figura do músico que representa o Brasil livre, leve, solto, progressista, democrático, inclusivo e soberano que volta a dar o ar da graça com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2004, o então Ministro da Cultura Gilberto Gil levou esse clima gracioso ao Fórum Social Mundial que se realizava em Mumbai, Índia. Coube a ele fazer o show de encerramento. Nesse dia aconteceu o que nunca ou raro se vê numa redação de jornal, as máquinas pararam. O local da apresentação era um pouco distante do Centro de imprensa. Cerca de uma hora antes, os colegas de uma importante agência estrangeira de notícias encerraram o expediente. Perguntado onde estavam indo, disseram que iam ver e ouvir Gil, ah, e fazer matéria. Eram em torno de 15. Antes de zarpar para garantir um bom lugar e, quem sabe, conseguir um autógrafo, cumprimentaram os colegas brasileiros com uma declaração inesquecível: “Vocês estão de parabéns, como um ministro da Cultura desses dá para entender a que veio o Brasil nesse início do ano 2000”.
Obrigada, Gil. Receba toda a solidariedade da Associação Brasileira de Imprensa – ABI