Dilma e Cabral discutem ações para o Rio


29/11/2010


A Presidente eleita Dilma Rousseff deverá se reunir nesta terça-feira, 29, em Brasília, com o Governador Sérgio Cabral para discutir as medidas adotadas nos últimos dias no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro.
 
Dilma considerou positiva a operação das forças de segurança que ocuparam o Morro do Alemão, e garantiu que manterá o apoio às ações contra a violência no estado.
 
O Governador Sérgio Cabral afirmou, nesta segunda-feira, 29, que num prazo de sete meses deverá ser instalada a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro. O anúncio foi feito durante a abertura do Fórum sobre Infraestrutura da Olimpíada Rio 2016, no Hotel Marriott, em Copacabana, Zona Sul do Rio, que reuniu autoridades, especialistas em urbanismo, esportistas e empresários.

—No primeiro semestre de 2011, teremos a UPP no Complexo do Alemão. Já está acordado com o Ministério da Defesa a permanência das forças do Exército enquanto a UPP não estiver pronta. Agora, estamos na fase das tratativas técnicas, que não passam por mim, mas pelo Secretário de Segurança Pública, Mariano Beltrame, e pelos oficiais militares do Ministério. Isso está sendo feito desde domingo, para que se dê a garantia dessa transição no modelo UPP.
 
Segundo Cabral, cerca de 7 mil policiais militares deverão ser formados em 2011 para o trabalho nas UPPs.
 
Neste segundo dia de ocupação do complexo de favelas Alemão, policiais continuaram a vasculhar as cerca de 30 mil casas do complexo de favelas. O objetivo é recuperar armas e drogas e prender os traficantes escondidos no local.
 
Na operação deste domingo, 28, foram apreendidos no local 50 fuzis, 40 toneladas de maconha e 200 kg de cocaína. A ação totalizou 20 pessoas presas, entre as quais, o traficante Eliseu Felício de Sousa, o Zeu, condenado a mais de 23 anos de prisão pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, que, em junho de 2002, foi descoberto por traficantes chefiados por Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, quando fazia uma reportagem para a TV Globo sobre a venda de drogas e exploração sexual de menores em bailes no Complexo do Alemão.  
 
Zeu cumpriu apenas cinco anos de pena e estava foragido desde 2007, quando foi beneficiado pelo regime semi-aberto e não retornou à prisão.
 
Rotina
 
Nesta segunda-feira, 29, apesar da movimentação policial, os moradores do complexo de favelas do Alemão retomaram a rotina de trabalho. O comércio local reabriu as portas, mas as escolas da rede municipal permaneceram fechadas. De acordo com o Prefeito Eduardo Paes, as aulas serão reiniciadas nesta terça-feira, dia 30. O prefeito afirmou ainda que promoverá uma “invasão de serviços públicos municipais” na região:
—A prefeitura do Rio sempre esteve nesses locais, mas de forma tímida. Poderemos enviar serviços de limpeza, serviços sociais e de saúde da família. O município vai contratar funcionários para urbanizar as comunidades e resgatar a cidadania das pessoas de bem que vivem nesses locais. Não temos limites de recursos financeiros. A prefeitura tem condição de pagar essa conta.

As operações policiais na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão mobilizaram o trabalho de centenas de jornalistas do Brasil e do exterior, entre eles, o fotógrafo Paulo Brandão Whitaker, 50 anos, da agência Reuters, atingido no ombro por um tiro de fuzil, na sexta-feira, 26, quando fazia a cobertura do confronto. O motorista do táxi que o acompanhava, José Augusto de Carvalho Leite, 42 anos, foi ferido por estilhaços no cotovelo.
—Eu estava no táxi transmitindo fotos antes de ir para casa. De repente, surgiu o tiroteio novamente. Veio um tiro, atravessou o vidro do táxi e me atingiu. A bala estava no limite entre o colete e o corpo. O médico disse que eu nasci de novo. Mais um pouco eu nem chegaria no hospital. O sangue demorou pra sair. Havia um morador baleado bem próximo a mim, então saí e fui fotografá-lo. De repente, reparei que estava todo sangrando, parei e segui para o Hospital Pasteur, disse o fotógrafo em entrevista a uma emissora de TV.

De acordo com o médico Roberto Calheiros, que atendeu o fotógrafo, o ferimento foi superficial e, provavelmente, não deixará seqüelas. Calheiros disse ainda que Whitaker recebeu alta, mas deverá receber acompanhamento ambulatorial para a troca do curativo, e continuará a ingerir analgésicos e antiinflamatórios durante 15 dias.

—Nós da imprensa também estamos cumprindo nosso papel, ou seja, registrando os acontecimentos para manter a população informada. Felizmente, eu estava usando um colete à prova de bala e isso minimizou a gravidade do meu ferimento. Assim que puder, estou pronto para retornar ao trabalho, sublinhou o fotógrafo.
 
*Com informações O Globo, G1, TV Globo, Band.