Delcídio nega denúncias publicadas no Terra


31/05/2011


Em nota divulgada em seu site oficial, nesta segunda-feira, 30 de maio, o Senador Delcídio do Amaral (PT-MS) voltou a negar qualquer envolvimento com a investigação da Polícia Federal na Operação Uragano, realizada em setembro de 2010, para apurar suposto esquema de desvio de verbas destinadas a obras públicas na cidade de Dourados, em Mato Grosso do Sul (MS). Na época, a ação da polícia resultou na prisão de 28 pessoas, entre políticos, agentes públicos e empresários. 
 
 
Os nomes de Delcídio e do Secretário Nacional de Saneamento Básico do Ministério das Cidades, Leodegar Tiscoski, são citados em uma matéria do repórter Ítalo Milhomem Santos, correspondente do Portal Terra em Mato Grosso do Sul, publicada no dia 24 de maio. Na reportagem, o jornalista comenta o conteúdo de duas horas de gravações contidas no inquérito da PF, que indicam que “os dois supostamente cobrariam propinas para intermediar repasses de verbas ao Estado”.
 
 
Contrariado com a reportagem, Delcídio do Amaral abriu um processo, na última quinta-feira, 26 de maio, contra o Portal Terra e o repórter Ítalo Milhomem Santos. Na ação, ele pede uma indenização no valor de R$ 100 mil, alegando que os dados publicados na matéria são “inverídicos”. O processo nº 31.255 foi registrado na 11ª Vara Cível de Campo Grande (MS).
 
 
Como já havia feito uma vez, o Senador continuou negando a sua participação no escândalo e afirma que a notícia é fruto de “uma investida de seus adversários políticos, que não se conformam com a correção e a isenção com as quais ele conduz seu mandato, e tentam, de maneira desesperada, manchar sua honra.” Delcídio alega também não ter sido citado nos depoimentos do antigo Secretário de obras de Dourados, Jorge Torraca, que também está sendo investigado pela PF.
 
 
Já o delegado da regional de combate ao crime organizado da Polícia Federal, Bráulio Cezar Galloni, contesta a resposta de Delcídio, e acrescenta que o áudio citado na reportagem do Terra faz parte do inquérito da PF, e as informações a respeito do Senador serão profundamente investigadas.
 
 
Procurado pelo ABI Online, por e-mail o Portal Terra informou que ainda não foi citado na ação, e que “não vai comentar o caso até ter plena ciência do teor do processo”. O repórter Ítalo Santos também não quis se pronunciar, alegando que, por orientação do Terra, só vai falar sobre o caso em juízo.
 
 
 
Censura
 
 
Mas em entrevista ao repórter Luiz Gustavo Pacete, do Portal Imprensa, Ítalo falou sobre a existência de uma suposta censura na imprensa do Mato Grosso do Sul, o que impediria que notícias de escândalos como a que envolve o Senador Delcídio fossem divulgadas pelos veículos locais, entre outros casos que incluem políticos influentes no estado. O repórter disse também que esse teria sido o motivo de a sua matéria só ter sido veiculada no Portal Terra, um site de alcance nacional.
 
 
No comunicado que emitiu à imprensa, o Senador diz não ter concedido entrevista ao repórter do Terra, o qual acusou de fazer parte de uma espécie de conspiração política. Também criticou a conduta do Portal, e negou ter exercido qualquer tipo de censura às informações sobre a Operação Uragano, publicadas no ano passado.
 
 
De acordo com o Portal Imprensa, em 2010, o Senador Delcídio do Amaral teve o seu nome citado também em outro caso semelhante, que acabou provocando a demissão do repórter Celso Bejarano, da sucursal do Portal iG em Brasília.
 
 
Bejarano teria publicado matéria sobre um caso de censura a um livro do jornalista e ex-Secretário de Governo de Dourados, Eleandro Passaia. Bejarano contou ao site que foi demitido no dia seguinte sem muitas explicações, e que a matéria foi retirada do ar. Ele disse que está sendo processado por Delcídio no TRE.
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* Com informações do Terra e do Portal Imprens