Defesa nacional: ABI pede mais cobertura


16/07/2008


Em palestra sobre o tema “A mídia e a defesa nacional”, realizada nesta quarta-feira, dia 16, no 2º Encontro Nacional de Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abede), o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, defendeu “uma cobertura sistemática, pelos meios de comunicação, das questões relacionadas com a defesa do País, como o reaparelhamento das Forças Armadas, a presença do Estado nas fronteiras ocidentais da Nação, uma política firme de combate ao desmatamento e a melhoria dos padrões de educação e saúde, a fim de que o Brasil possa enfrentar os desafios crescentes da evolução da tecnologia”. O evento aconteceu no campus do Gragoatá, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói-RJ.

Em sua exposição — feita a convite do Presidente da Comissão Organizadora do Encontro, professor Eurico de Lima Figueiredo, Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFF —, Maurício Azêdo assinalou que a idéia da defesa nacional ganhou força nos anos 10 do século XX, quando Olavo Bilac, Pedro Lessa e outros intelectuais criaram a Liga da Defesa Nacional, para fortalecer os sentimentos patrióticos de todas as classes sociais, por meio da difusão da educação cívica, do amor à justiça e do culto do patriotismo.

O Presidente da ABI lembrou ainda que a Liga tinha por objetivo desenvolver as idéias expostas na revista A Defesa Nacional, importante publicação militar da época, lançada em 1903. Após uma atuação conservadora em fins da década de 1910 — quando se opunha às reivindicações e greves dos operários e apoiava a repressão aos anarquistas —, a Liga da Defesa Nacional modificou sua linha de conduta. Durante o Estado Novo, teve posição de combate ao nazi-fascismo na Europa, promoveu iniciativas como a campanha para o envio de um corpo expedicionário para lutar na Itália e encorajou o esforço de guerra no campo econômico, apoiando, por exemplo, a Campanha do Alumínio, destinada a promover o equipamento do País para as necessidades impostas pelo conflito mundial.

Maurício chamou atenção para notícias publicadas nos últimos dias relacionadas à defesa nacional, como a recriação da 4ª Frota dos Estados Unidos, baseada na América do Sul, e os números do desmatamento na Amazônia Legal: só em maio, foi devastada uma área de 1.096 km2 — quase a superfície da cidade do Rio de Janeiro. Ele lamentou que entre os defensores do desmatamento estejam “autoridades poderosas como o Governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que tem coonestado a devastação de áreas florestais de seu estado e que até o momento só tem encontrado recriminações e resistências do novo Ministro do Meio Ambiente, Deputado Carlos Minc”.

Palestras

Antes do Presidente da ABI, falaram o Almirante-de-Esquadra Mauro César Flores, ex-Ministro da Marinha, que falou sobre “O pensamento estratégico e a defesa nacional”, e o Vice-almirante Carlos Afonso Pierantoni Gamboa, Vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Militar de Defesa (Abimde), que discorreu sobre “A base industrial de defesa”.

À tarde, na segunda parte do evento, as palestras programadas eram “Ciência, tecnologia, inovação e defesa nacional”, do professor Waldimir Pirró e Longo; “A política externa e a defesa nacional”, do Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, Secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores; e tema “O Congresso e a defesa nacional”, do Deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE).

O Encontro se estenderá até sexta-feira, dia 18, com palestras durante todo o dia.