Comissão da Verdade de SP afirma que JK foi assassinado


Por Igor Waltz*

29/12/2013


Ex-presidente teria sido assassinado pois poderia derrotar militares em uma eleição. (Crédito: Reprodução/Projeto Memória)

Ex-presidente teria sido assassinado pois poderia derrotar militares em uma eleição. (Crédito: Reprodução/Projeto Memória)

A investigação realizada pela Comissão Municipal da Verdade de São Paulo Vladimir Herzog a respeito das circunstâncias da morte de Juscelino Kubitschek concluiu que o ex-presidente teria sido assassinado. A versão oficial, segundo a qual JK morreu em um acidente de automóvel em agosto de 1976, foi contestada em um documento de 29 páginas que reúne indícios e provas de que a morte teria sido arquitetada pelo governo militar. Após uma série de audiências durante o ano para investigar o caso, a comissão decidiu declarar, em dezembro, que houve assassinato.

O vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da comissão, enviará o relatório e pedirá a retificação da morte para a presidente Dilma Rousseff, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PDMB-AL), e a Comissão Nacional da Verdade.

A versão oficial sobre a morte afirma que Juscelino e seu motorista, Geraldo Ribeiro, morreram em um acidente de trânsito na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, quando o carro em que estava o ex-presidente colidiu com uma carreta, após ter sido fechado por um ônibus.

Para Natalini, as principais evidências de que houve crime e não um acidente está na perícia que menciona a existência de um fragmento metálico no crânio do motorista do ex-presidente e  nas imagens que mostram avarias no Opala. As avarias teriam sido feitas, segundo o vereador, para encobrir a verdadeira causa da tragédia.

Em setembro, a comissão pediu à Justiça a exumação do corpo de Geraldo Ribeiro,  que ainda não foi feita por resistência da família. Mas, em 1996, uma perícia feita pela Polícia Civil de Minas Gerais no corpo do motorista apontou a existência desse fragmento. A explicação dada à época era de que se tratava de um prego do caixão, mas a comissão acredita que possa ser um projétil de arma de fogo.

“Houve contestação, fala-se que isso é uma fantasia, mas a quantidade de fatos e dados que temos da possibilidade de Juscelino ter sido morto é muito grande. Tem coisas que são muito suspeitas de uma morte natural. Por exemplo, a tentativa de forjar, obrigar ou corromper as pessoas para que dissessem que o ônibus bateu no Opala é altamente suspeita. Por que se faria isso?”, questionou o vereador.

O vereador do PV conta que a conspiração teria sido urdida pelo então presidente Ernesto Geisel, com o Serviço Nacional de Informação (SNI) e a alta cúpula militar, porque JK poderia derrotar os militares em uma eleição. O motorista de JK, Geraldo Ribeiro, teria levado um tiro na cabeça e perdido o controle do carro, atravessando a pista e colidindo contra uma carreta em sentido contrário. JK e Ribeiro morreram no local.

*Com informações de O Globo e da EBC.