Brasil é o quinto país mais perigoso para jornalistas


23/02/2016


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Brasil ficou em quinto lugar como mais perigoso para jornalistas (Foto: Reprodução)

O Brasil teve, em 2015, um “ano cruel” para a liberdade de imprensa, conclui a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert). A entidade divulgou um relatório que mostra o País como o quinto mais arriscado do mundo para jornalistas, somando 116 registros de violações  entre assassinatos, agressões, ameaças e ofensas.

Com oito mortes comprovadamente associadas ao exercício da profissão jornalística – um jornalista, quatro radialistas e três blogueiros -, o Brasil perde apenas para Síria, Iraque, México e França. Está na frente de países que estão em guerra, como Iêmen e Sudão do Sul. Trata-se do pior desempenho em 23 anos.

Violência policial

As violações ocorreram principalmente no Nordeste, com profissionais de imprensa que cobriam, em geral, política e escândalos de corrupção. Os agressores são, em primeiro lugar, os alvos da apuração jornalística, seguidos por manifestantes e policiais – algo que preocupa a Abert.

“Os policiais têm como obrigação garantir a segurança do profissional enquanto ele exerce seu trabalho. Quem tem como princípio levantar informações para prestar serviço à sociedade não deveria ser alvo”, afirma o presidente da entidade, Daniel Slaviero.

Em 29 de abril do ano passado, por exemplo, um cinegrafista da TV Bandeirantes foi mordido por um cachorro da Polícia Militar durante uma manifestação de professores em Curitiba. Outro exemplo, destacado pelo relatório, foi o do repórter Felipe Larozza, da revistaVice, que levou uma cacetada nas costas enquanto cobria uma manifestação do Movimento Passe Livre, em São Paulo, apesar de estar claramente identificado com crachá e três adesivos de “Imprensa”.

O número de jornalistas mortos tem aumentado de quatro anos para cá, passando de cinco em 2012/2013 para oito em 2015. “Estão tratando câmeras, máquinas fotográficas e celulares como armas, o que é inadmissível”, apontou Slaviero. “Não é que jornalistas estejam acima de qualquer cidadão, mas sempre que repórteres, fotógrafos e cinegrafistas são impedidos de trabalhar, quem mais perde é a sociedade brasileira”,  acrescentou.

Para que a situação de violência contra jornalistas no Brasil comece a mudar, a Abert defende a aprovação de dois projetos de lei em tramitação no congresso: o 7107/2014, que propõe que atentar contra a vida e a integridade física de jornalistas se torne crime hediondo; e o 191/2015, que propõe que a Polícia Federal assuma a investigações de crimes contra jornalistas no caso de omissão de autoridades locais.