Cinema e política em cartaz no Centro do Rio


16/03/2010


O Centro Cultural Justiça Federal do Rio de Janeiro(CCJF)promove a partir desta terça-feira, 16, até o dia 21, a partir das 15h, “Cinema & Política: Mostra e Seminário”, com exibição de filmes nacionais e internacionais e debates sobre os temas: “Cinema e Ditadura”, “Cinema e Movimento Sindical”, “Cinema e Processos Revolucionários”, “Cinema e Libertação Nacional”, “Cinema e Globalização” e “Cinema e Socialismo no Século XXI”. Os curadores são Anderson Bento Vilela, André Queiroz e André Santos.

O evento, que acontece na Sala Multimídia do CCJF(Av. Rio Branco 241, no Centro do Rio), terá ingressos a R$ 1. Haverá distribuição de senha 1h antes do início.
O objetivo da programação é traçar uma análise histórica dos países latino-americanos que enfrentaram períodos ditatoriais, discutir as conseqüências da repressão nos campos social e político, ressaltar o papel da produção cinematográfica como expressão do pensamento crítico e na construção da cidadania. 

Serão exibidos diariamente dois documentários, entre eles, “Salvador Allende” (2004), de Patricio Guzmán; “Pachamama” (2008), de Eryk Rocha; “A Las Cinco em Punto” (2004), de José Pedro Charlo; “Autonomía Zapatista: Otro Mundo es Possible” (2008), de Juan E. García; “Madres de Plaza de Mayo: memória, verdade, justiça” (2009) e “Carabina M2 Una Arma Americana: Che na Bolívia” (2007), ambos de Carlos Pronzato.

Os filmes estrangeiros terão legendas em português, excetuando “A Las Cinco em Punto” e “Autonomía Zapatista: Otro Mundo es Possible”. 

Participam das mesas-redondas, Daniel Aarão Reis, professor Titular de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF), ex-militante do Movimento Revolucionário oito de outubro (MR-8); Carlos Eugênio Paz, escritor e ex-dirigente da Ação Libertadora Nacional – ALN; o cineasta Roberto Mader, professor de cinema da Pontifícia Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); Denis de Moraes, professor de Comunicação da UFF; Rogério Haesbaert professor da UFF, e professor visitante da Open University — Milton Keyes, na Inglaterra, e da Université de Toulouse Lê Mirail, na França; Francisco Carlos Teixeira, assessor da presidência da Finep e membro dos Comitês Pro-Sul e Pro-África, do CNPq, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais e do Departamento de História da UFRJ, e professor Emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro (ECEME).
Os professores André Queiroz (UFF), Jorge Vasconcellos (UFF e Gama Filho), e Juan David Posada (Cândido Mendes) serão os mediadores do debate. 

Em entrevista ao ABI Online, André Santos, um dos curadores, falou sobre a importância do evento.

ABI Online – Como surgiu a ideia de criar este evento?

André Santos – O evento tem a sua gênese na pesquisa do Professor André Queiroz, que é professor da UFF no Programa de Pós-Graduação em Psicologia e no Departamento de Estudos Culturais e Mídia. A pesquisa aborda o trabalho da memória fílmica da resistência política aos Estados de Exceção na América Latina.

ABI Online – No seu ponto de vista, qual a importância deste evento e como ele poderá influenciar o público?

André Santos – A importância é colocar o foco na necessidade que temos de investigar o passado como condição de possibilidade de gestarmos um futuro bastante razoável. Não cremos nas formas como comumente se deram aquilo o que foi o arremedo do trabalho de luto com relação ao que se viveu sob o Estado de Exceção. O evento propõe esta agenda de princípios éticos, como por exemplo, a discussão em torno da globalização, que não pode se firmar em ser uma espécie de globalitarismo, e as alternativas que se têm plantado com relação a este foco globalitário calcado no primarismo econômico-financeiro.

ABI Online – Que critério foi utilizado na seleção dos filmes?

André Santos – Um dos critérios foi fazer o cerco dos temas a que nos propomos. Os seis eixos: ditadura, processos revolucionários, libertação nacional, movimento sindical, globalização e socialismo no século XXI. Outro ponto: procuramos ver o que tínhamos de mais recente na produção em torno destes eixos. E ainda, como não se tratava de pensar a realidade brasileira tão somente, mas de nos colocarmos a partir do Brasil no contexto latino-americano, buscamos filmes de origens diversas, de países diversos dentro deste escopo. O filme “Condor”, por exemplo, narra diferentes versões sobre a Operação Condor, conexão entre as ditaduras do cone sul nos anos 70, e apresenta personagens desse período marcante na história da América Latina. E aquelas mães do filme “As Mães da Praça de Maio”, no gesto contínuo da luta pela memória, verdade e justiça, 30 anos depois do que foi uma das piores ações genocidas do terrorismo de Estado.

ABI Online – E na seleção dos debatedores?

André Santos – Alguns pesquisadores vêm se dedicando por longos anos a investigações na área. Outros participaram intensamente em organizações revolucionárias na luta armada entre os anos 1967 e 1973 da nossa ditadura.

ABI Online – Vocês pretendem dar continuidade a este evento?

André Santos – O evento tem o caráter itinerante. Já estamos fazendo contatos para levá-lo a outras cidades do Rio de Janeiro, e também de outros estados brasileiros, assim como aos países da América Latina. Montamos um banco de filmes que hoje reúne cerca de cem produções. Pensamos sempre em apresentar diversas programações a partir destes eixos temáticos, com outros filmes e conferencistas. Reservando sempre espaço para os pesquisadores locais que vem se dedicando a este temas. 

Veja a programação completa:

Dia 16 – Cinema e Ditadura

15h- “Madres de Plaza de Mayo: memória, verdade, justiça”, de Carlos Pronzato (2009)
Idioma: Espanhol, com legenda em Português
Classificação: 12 anos

17h- “Condor”, de Roberto Mader (2007)
Idioma: Espanhol e Inglês, com legenda em Português
Classificação: 12 anos

19h- Mesa redonda – Golpe de Estado e Processos Revolucionários
Mediador: Jorge Vanconcellos (Gama Filho, UFF);
Debatedores: Roberto Mader (Cineasta, PUC-Rio) e Carlos Eugênio Paz (escritor e ex-dirigente da ALN) 

Dia 17 – Cinema e Processos Revolucionários 

“Marighella: retrato falado do guerrilheiro”

15h – “Marighella: retrato falado do guerrilheiro”, de Silvio Tendler (2001)
Idioma: Português, sem legenda
Classificação: 12 anos 

17h – “Carabina M2 Una Arma Americana: Che na Bolívia”
de Carlos Pronzato (2007)
Idioma: Espanhol, com legenda em Português
Classificação: 12 anos

Dia 18 – Cinema e Libertação Nacional

15h – A Las Cinco en Punto, de José Pedro Charlo (2007)
Idioma: Espanhol, sem legenda
Classificação: 12 anos 

“Salvador Allende”

17h – “Salvador Allende” de Patricio Guzmán (2004)
Idioma: Espanhol e Inglês com legenda em Português
Classificação: 12 anos 

19h – Mesa redonda – Fim da Ditadura: abertura e esquecimento
Mediador: Juan David Posada (UniverCidade)
Debatedores: Daniel Aarão Reis (UFF) e Dênis de Moraes (UFF)

Dia 19 – Cinema e Movimento Sindical

15h – “Braços Cruzados, Máquinas Paradas”, de Roberto Gervitz (1978)
Idioma: Português, sem legenda
Classificação: 12 anos 

17h – “Volta Redonda: o Memorial da Greve”, de Eduardo Coutinho e Sergio Goldemberg (1989)
Idioma: Português, sem legenda
Classificação: 12 anos 

Dia 20 – Cinema e Globalização

15h – “Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do Lado de Cá”, de Silvio Tendler (2006)
Idioma: Português, sem legenda
Classificação 12 anos 

17h – “Os Olhos Fechados da América Latina”, de Miguel Mirra (2008)
Idioma: Espanhol, com legenda em Português
Classificação: 12 anos 

19h. Mesa redonda – Globalização e socialismo no século XXI
Mediador: André Queiroz (UFF)
Debatedores: Rogério Haesbaert (UFF) e Francisco Carlos Teixeira (UFRJ)

Dia 21 – Cinema e Socialismo no Século XXI 

“Pachamama”

15h – “Pachamama”, de Eryk Rocha (2008)
Idioma: Espanhol com legenda em Português
Classificação: Livre 

17h – “Autonomía Zapatista: Outro Mundo es Possible”, de Juan E. García (2008)
Idioma: espanhol, sem legenda
Classificação: 14 anos