Cinegrafista que chutou refugiados quer processar imigrante agredido


23/10/2015


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A repórter cinematográfica vai processar o imigrante sírio a quem agrediu com chutes, Osama AbdelMuhsen Alghadab (Foto: Reprodução)

A jornalista húngara flagrada chutando refugiados em Röszke, fronteira da Hungria, anunciou, nesta última quarta-feira, em entrevista publicada pelo jornal russo Izvestia, que vai processar um dos imigrantes agredidos por ela. Petra Laszlo, demitida após a divulgação das imagens, também informou que pretende processar o Facebook. Os imigrantes sírios tentavam fugir de uma barreira policial e atravessar a fronteira do país com a Sérvia em direção à Alemanha.

Petra argumenta que virou alvo de críticas no mundo inteiro e alega que passou a receber ameaças de morte após o episódio. No entanto, poucos dias após a demissão, a repórter pediu desculpas publicamente pelas agressões. “Quando assisto ao vídeo hoje, não me reconheço. Lamento sinceramente o que fiz, e assumo a responsabilidade”, disse na época em uma carta publicada no site do jornal húngaro Magyar Nemzet. “Estava filmando quando centenas de refugiados romperam o cerco policial. Um deles tropeçou em mim e entrei em pânico”.

Ela garantiu que irá entrar na Justiça contra o refugiado sírio Osama AbdelMuhsen Alghadab, que carregava o filho no colo, no momento em que ela o fez tropeçar e cair. O imigrante de 52 anos chegou à Espanha e está trabalhando como técnico de futebol. “Ele mudou sua versão, já que inicialmente havia culpado a polícia. Meu marido quer provar minha inocência. Para ele, é uma questão de honra”, justifica a cinegrafista”. Além disso, ela e o marido ameaçaram processar o Facebook. “Acreditamos que o Facebook teve um enorme papel na minha situação. Ele ajudou a inflamar as pessoas contra mim”.

Segundo a repórter, há pessoas oferecendo US$ 20 mil por sua morte. Ela disse que na primeira semana após o episódio ficou sem sair de casa, sem comer e dormir. Disse também que ainda sente medo e que pensa em se mudar para a Rússia, já que não vê futuro se continuar no país de origem. “Achamos importante deixar a Hungria. Vamos decidir após o julgamento”.

A cinegrafista será julgada em dezembro deste ano pela agressão e poderá ser condenada a até seis anos de prisão.

Fonte: G1 e agências internacionais