China responde às ameaças do Google


14/01/2010


Elizabeth Dalzei / AP

A Sede do Google

O Governo chinês se manifestou nesta quinta-feira, dia 14, em relação às ameaças feitas pelo Google, maior serviço mundial de buscas na internet, de encerrar as operações no país, em represália ao ataque virtual originado na China e dirigido a ativistas de direitos humanos que usam o serviço de e-mail da empresa. A decisão foi anunciada em nota assinada por David Drummond, chefe da divisão legal do Google, veiculada nesta quarta-feira, dia 13, no blog da companhia:
—Compartilhamos esta informação sobre os ataques com muitas pessoas, não só pelas implicações de segurança e direitos humanos, mas também porque esta informação vai ao coração de um debate global sobre liberdade de expressão, informou o comunicado.

O Ministro Wang Chen, do Conselho Estatal da Informação chinês, disse nesta quinta-feira, dia 14, que as empresas de internet deveriam ajudar o governo de partido único a conduzir a sociedade em rápida mutação do país, que hoje conta com 360 milhões de usuários de internet, o maior total mundial. Os comentários foram veiculados no site do Conselho.

Sem mencionar diretamente o Google, Wang Chen descartou a possibilidade de ataques virtuais e defendeu o regime de censura:
—Nosso país está em estágio crucial de reforma e desenvolvimento, e este é um período de conflitos sociais fortes. Orientar devidamente a opinião na internet é uma medida importante para proteger a segurança das informações na rede.

O porta-voz do governo chinês, Jiang Yu, declarou que as empresas de internet devem respeitar as regras e negou o apoio aos ataques virtuais:
—Empresas de internet que trazem desenvolvimento de serviços são bem-vindas à China, desde que operem de acordo com a lei. A lei chinesa proíbe qualquer forma de hacking.

Acordo

Ao lançar o Google na China, em janeiro de 2006, a empresa norte-americana fez um acordo com o governo chinês de censurar parte do conteúdo nos resultados de busca.

Os sites de grupos de direitos humanos ou de opositores foram bloqueados.

Segundo o comunicado do Google, os problemas na China começaram em meados de dezembro último, quando foi detectado um ataque contra a infraestrutura da empresa, que teria resultado em roubo de propriedade intelectual. Outras dezenas de companhias de diferentes atividades, incluindo internet, finanças, tecnologia e mídia, também teriam sofrido ataques. O objetivo, afirmou o Google, era acessar as contas do Gmail de ativistas de direitos humanos chineses.

—Baseando-se em nossa investigação até agora, acreditamos que o ataque não atingiu a sua meta. Apenas duas contas de Gmail aparentemente foram acessadas e conseguiram obter apenas informações limitadas, como a data da abertura das contas. Os conteúdos dos e-mails não foram acessados. As violações não ocorreram por falhas no Gmail, mas por vírus instalados nos computadores desses opositores ao regime de Pequim, informou a empresa, que, após os recentes episódios, pretende rever a política adotada na China.
—Acreditávamos que os benefícios de um maior acesso às informações contrabalançavam nosso desconforto em concordar com a censura de alguns resultados. Decidimos que não estamos mais dispostos a continuar censurando os nossos resultados no Google.cn e, nas próximas semanas, discutiremos com o governo chinês sobre como operar esse buscador dentro da lei. Reconhecemos que isso deve significar que teremos de fechar o Google.cn e, potencialmente, nossos escritórios na China, informou a nota.

De acordo com a agência de notícias Lusa, o jornal chinês Global Times afirmou em seu editorial que “se o país mais populoso do planeta não conseguir proporcionar uma base para o maior motor de busca do mundo, isso implicará um retrocesso para a China e uma grave perda para a cultura da internet no país.

*com informações da Reuters, Lusa, EFE, Folha de S. Paulo, Estadão, Portal Imprensa e Comunique-se.