CHE – O auge do “Expresso da Vitória” em 1949


03/07/2009


No período de 1945 a 1953, quando dominou o futebol carioca, o Vasco com o “Expresso da Vitória” ganhou cinco vezes o campeonato e no exterior conquistou o Torneio dos Campeões, no Chile. Na opinião de muitos vascaínos, jogadores e dirigentes, o “Expresso” atingiu o auge na temporada de 1949 ao realizar uma campanha extraordinária no campeonato carioca. 

Moacir Barbosa, titular absoluto de 45 a 53, teve sempre na lembrança a equipe campeã invicta de 49:
“Campeão invicto o time de 49 ficou para sempre na minha memória. Jogávamos com Barbosa, Augusto, Wilson, Eli, Danilo, Jorge, Djalma, Maneca, Ademir, Heleno, Ipojucan, Chico, Mário. Os reservas que entravam eram também muito bons.” 

As mudanças feitas por Flávio Costa na equipe campeã do Torneio dos Campeões, no Chile, e vice-campeã carioca de 1948 foram poucas. Wilson substituiu Rafanelli que passou a vestir a camisa do Bangu; Friaça se transferiu para o São Paulo; e Heleno retornou da Argentina onde atuava no Boca Juniors. 

A estréia, no dia 3 de julho, não poderia ser melhor. Em São Januário, o Vasco goleou o São Cristóvão por 11 a 0. Fizeram os gols Maneca (4), Ademir (3), Heleno (2), Ipojucan e Nestor. 

Na 2ª rodada, em Teixeira de Castro, o Bonsucesso surpreendeu e caiu pelo apertado placar de 2 a 1, gols de Ademir e Chico. 

O Bangu tirou o primeiro ponto do Vasco com empate de 2 a 2, no Estádio Proletário. Ademir e Heleno marcaram os gols vascaínos. 

O Canto do Rio, quarto adversário, foi goleado por 6 a 0, em São Januário, gols de Ademir (2), Heleno (2), Nestor e Chico. 

No primeiro clássico contra o Fluminense, em Álvaro Chaves, após estar em desvantagem no marcador por duas vezes (2 a 1 e 3 a 2), os comandados de Flávio Costa reagiram e venceram por 5 a 3. Ademir (2), Ipojucan, Chico e Maneca fizeram os gols do Vasco. 

Na partida diante do América, a torcida cruzmaltina vibrou com mais uma goleada, em São Januário. Ipojucan (3), Ademir (3), Maneca e Chico balançaram a rede rubra oito vezes na vitória por 8 a 2. 

O Flamengo, dirigido por Togo Renan Soares, o popular Kanela, enfrentou o Vasco, em São Januário, na 7ª rodada. Os gols de Augusto (contra) e Gringo deram a impressão que a tarde seria rubro-negra. Jair Rosa Pinto ainda perdeu um gol feito frente a frente com Barbosa. Seria o 3º gol. Esse lance causou a saída do famoso “Jajá”, de Barra Mansa, do clube da Gávea, acusado principalmente por Ari Barroso, locutor esportivo e fanático flamenguista, de ter feito corpo mole na partida. Com a vitória o Vasco voltava a ocupar a liderança.
O Vasco ganhou com dificuldade do Madureira por 2 a 1, em São Januário, gols de Maneca (2). Logo no início do jogo o zagueiro Sampaio saiu contundido. A derrota do Botafogo para o Fluminense deu aos cruzmaltinos a liderança isolada. 

Na penúltima rodada do turno, o Olaria resistiu ao Vasco no 1º tempo, em São Januário. Na fase final, o time dirigido por Flávio Costa chegou fácil aos 3 a 0 gols de Ademir (2) e Maneca. 

O Vasco encerrou o turno perdendo o seu segundo ponto no campeonato, em General Severiano. O Botafogo com excelente atuação ganhava até os instantes finais por 2 a 1, gols de Ademir, Jaime e Alfredo (contra). A equipe vascaína lutava muito para chegar ao empate, até que Ipojucan conseguiu vencer o goleiro Osvaldo “Baliza”. 

No returno, o Vasco não tomou conhecimento dos adversários e ganhou todos os jogos. Em Figueira de Melo passou pelo São Cristóvão aos vencê-lo por 4 a 1 gols Nestor (2), Heleno e Maneca. 

Em São Januário, o Bonsucesso, que dificultara o Vasco ao perder apenas de 2 a 1, no 1º turno, foi goleado por 8 a 1. Heleno (2), Danilo (2), Ademir (2), Mário e Maneca fizeram os gols vascaínos. 

Na 2ª rodada, em São Januário, o Bangu caiu por 4 a 2. O Vasco chegou aos 4 a 0 por intermédio de Ademir (2), Ipojucan, Heleno. Os alvrubros diminuíram com Ismael e Mariano.
O Canto do Rio recebeu o Vasco, em Caio Martins. O fator campo não pesou e o Vasco foi sempre superior, vencendo por 4 a 0 gols Ademir (3) e Heleno.
O Fluminense ocupava a vice-liderança e todos consideravam o jogo decisivo para a seqüência do campeonato. Em São Januário, o Vasco conseguiu abrir a vantagem sobre o tricolor ao derrotá-lo por 2 a 0 gols de Nestor e Ademir. 

Ninguém segurava o time do Vasco. Em Campos Sales, Ademir e Cia. venceu o América por 4 a 2. O “Queixada” marcou dois e Maneca e Chico fizeram os outros gols vascaínos.
O Flamengo recebeu o Vasco, na Gávea, e lutou de igual para igual. As atuações de Barbosa e Ademir foram decisivas para o resultado da partida. Lero abriu a contagem e Ademir com dois gols virou o marcador. O título ficou bem mais próximo de São Januário. 

O Vasco assegurou a conquista do campeonato de 49, ao abater o Madureira, em Conselheiro Galvão. Ipojucan foi o nome da partida, assinalando os três gols cruzmaltinos no triunfo por 3 a 1. 

A manutenção da invencibilidade dependia dos jogos contra o Olaria e o Botafogo. No “alçapão” da Rua Bariri, os alvicelestes resistiram no 1º tempo, chegaram aos 2 a 0 e Barbosa teve muito trabalho. Prevaleceu a maior categoria do Vasco que virou o placar e venceu por 5 a 2 gols de Ipojucan (2), Chico (2) e Ademir. 

Finalmente, no dia 11 de dezembro, a torcida vascaína lotou São Januário para festejar o título conquistado há duas rodadas. O coroamento seria a manutenção da invencibilidade. Sempre superior na partida, o Vasco venceu por 2 a 1 gols de Ademir (2) e Zezinho para os alvinegros. 

Na excepcional campanha invicta do campeonato carioca de 1949, Flávio Costa utilizou 16 jogadores: Barbosa, Ademir que atuaram nos 20 jogos, Danilo (19), Maneca (18), Eli e Augusto (17), Ipojucan (16), Nestor (14), Alfredo (13), Heleno (12), Mário (11), Jorge (10, Chico (9), Sampaio (8), Laerte (7) e Lima (2). 

Os quatro maiores artilheiros vascaínos foram: o fabuloso Ademir, goleador máximo do campeonato, com 30 gols e Maneca (14), Ipojucan (13) e Heleno 10). 


Fotos da melhor temporada do “Expresso da Vitória” 

 O grande Barbosa defende diante de Esquerdinha no jogo contra o Flamengo, na Gávea. 

 Laerte, Sampaio, Wilson e Augusto se revezaram na zaga. Os dois últimos eram os titulares. 

 Danilo, Eli, Alfredo e Jorge integraram a intermediária. 

Nestor, Maneca, Ipojucan, Heleno, Ademir, Mário, Lima e Chico. Esses atacantes balançaram as redes adversárias. Nas 20 partidas o Vasco marcou 84 gols. 

 

Ademir marca o 2º gol contra o Bangu, no 1º turno, e torce para a bola entrar. 

Ademir abre a contagem diante do Botafogo, no 1º turno. Nilton Santos acompanha o grande artilheiro. 

Heleno marca o 1º gol na goleada sobre o Bonsucesso, na 1ª rodada do returno. 

Na partida Vasco e Bangu, no 2º turno, Mão de Onça evita mais um gol de Ademir. 

Ipojucan faz o 2º gol contra o Madureira, em Conselheiro Galvão, no jogo em que o Vasco garantiu o título carioca de 1949. 

Mão de Pilão (Aureliano Rodrigues, auxiliar de massagista), Oto Glória, auxiliar técnico, Flávio Costa, técnico, Dr. Amilcar Giffoni, médico, e Mário Américo, massagista, também tiveram importante participação na conquista do título. 

O roupeiro Chico, dedicado auxiliar da comissão técnica, responsável pelo cuidado e guarda dos uniformes, bolas, chuteiras e outros pertences, entrega uma bola ao goleiro Barbosa. 

Centro Histórico Esportivo da ABI 

Prossegue a série “Futebol arte, a arte no futebol”. Dia 7 de julho, 3ª feira, às 18 horas, na sala Belisário de Souza, no 7º andar da sede da Associação Brasileira de Imprensa, na Rua Araújo Porto Alegre, 71, o tema será “Futebol e cinema”, incluindo a exibição do filme “Garrincha, a alegria do povo”.