CHE — A final do pó-de-mico


08/05/2009


Alguns fatos extra campo envolveram a grande final do campeonato carioca de 1948 entre Botafogo e Vasco da Gama. O mais falado é o da presença de pó-de-mico no vestiário utilizado pelos jogadores vascaínos. Um dos personagens do jogo decisivo, o extraordinário goleiro Barbosa, fala sobre o assunto:
“A questão do pó-de-mico é realmente verdadeira. Há quem diga, também, que houve o negócio do café meio estranho. Sobre o café eu não tenho certeza. Porém, quem tomou o café não estava em boas condições. 

O vestiário ficava embaixo da arquibancada e por ali sopraram pó-de-mico. Com o verão que estava e a gente suando, o pó-de-mico pegou. Eu fiquei com as mãos em carne viva. Isso aconteceu no intervalo”. 

Se as gemadas do Carlito Rocha, a presença do cachorro Biriba, o sonífero no café e até o pó-de-mico ajudaram o Botafogo a conquistar o título, não podemos deixar de reconhecer as qualidades do conjunto alvinegro, dirigido por Zezé Moreira. Após a estréia desastrosa contra o São Cristóvão, quando perdeu por 4 a 0, o Botafogo arrancou para o título, empatando apenas dois jogos. Osvaldo “Baliza”, goleiro campeão de 48, diz o que aconteceu:
“Foi acomodação. O Botafogo ficou treze dias no Hotel Quitandinha. Tinha jogador que ficava na piscina, pedindo sanduíche com suco de frutas e o São Cristóvão aqui em baixo comendo prato feito. Bem, saímos de lá e fomos inaugurar o Hotel Canadá, em Copacabana. O hotel era tão bom que ninguém dormiu na cama. Dormia no chão, porque o tapete era mais gostoso. Saímos dali, viemos para o campo do Botafogo e perdemos de 4 a 0. 

Concentração

Fizemos depois uma mesa redonda e resolvemos não ter mais concentração. Carlito não gostou, mas ninguém se concentrou e ganhamos o campeonato. Carlito falou que era melhor perder no início do que perder no final. Até a final tivemos dois empates: Bangu 0 a 0 e Fluminense 2 a 2” . 

Às 11 horas do dia 12 de dezembro de 1948, há 60 anos, o estádio de General Severiano já estava lotado. Era à força do conjunto do Botafogo contra o todo poderoso “Expresso da Vitória”, campeão dos campeões, em Santiago do Chile. Com três minutos de jogo, sob a arbitragem de Mario Vianna, o Botafogo já vencia por 2 a 0, gols de Paraguaio e Braguinha – No início do 2º tempo, o zagueiro Gerson se contundiu e Paraguaio recuou para a zaga. Otávio marcou o 3º gol botafoguense e Ávila, contra, diminuiu para o Vasco. Após a partida, o técnico campeão Zezé Moreira foi carregado pelos torcedores. 

O Botafogo, após quatro anos seguidos como vice-campeão (44, 45, 46 e 47), finalmente, sagrava-se campeão. Em pé, Zezé Moreira (técnico), Rubinho, Santos, Osvaldo “Baliza”, Gerson, Ávila, Juvenal e o Dr. Nilton Paes Barreto; agachados, Paraguaio, Geninho, Pirilo, Otávio e Braguinha. O Vasco, vice-campeão, jogou com: Barbosa, Augusto e Wilson; Eli, Danilo e Jorge; Friaça, Ademir, Dimas, Ipojucan e Chico. 

A classificação final do campeonato foi a seguinte: Botafogo, campeão, com 4 pontos perdidos; Vasco, vice-campeão, 6 p.p.; 3º Flamengo e Fluminense, 12; 4º Bangu, 21; 5º América, 22; 6º Canto do Rio e São Cristóvão, 26; 7º Bonsucesso e Olaria, 29 e em último o Madureira com 31 pontos perdidos.

Eventos do Centro Histórico-Esportivo — Diretoria Cultural da ABI


Terça-feira passada, dia 5 de maio, com o tema “Futebol e Jornalismo”, foi inaugurada a série de palestras sobre “Futebol-Arte: A Arte no Futebol”. O evento será sempre realizado na primeira terça-feira de cada mês até o dia 1º de dezembro de 2009, as 18h, na Sala Belisário de Souza, 7º andar, do edifício Herbert Moses, na Rua Araújo Porto Alegre 71 — sede da Associação Brasileira de Imprensa.