Censura à mídia derruba Presidente alemão


17/02/2012


O Presidente da Alemanha, Christian Wulff, renunciou ao cargo nesta sexta-feira, dia 17, por tentar impedir a publicação de uma reportagem que o acusa de favorecimento político. Entre outras acusações, Wulff teria recebido um empréstimo de um executivo alemão para financiar um imóvel residencial em 2008, quando era senador. A denúncia gerou uma crise que abala o Governo desde dezembro de 2011.
 
No último mês de janeiro, o Presidente da Alemanha teria ameaçado o editor de um jornal para que não publicasse matéria sobre o assunto. Um dia antes de a matéria ser publicada, Wulff, sem conseguir falar com o editor do tabloide Bild, Kai Diekmann, deixou um recado em sua secretária eletrônica em tom de ameaça, afirmando que haveria guerra entre eles, e que a publicação da reportagem teria consequências judiciais. Wulff teria ligado também para a empresa Springer, que edita o tablóide.
 
O episódio está sendo observado no país como uma grave violação da liberdade de imprensa. Contudo, apesar da gravidade das acusações, somente agora, quatro anos depois, Procuradores de Hannover estão investigando se Wulff teria aceitado favores do produtor de cinema David Groenewol, entre os quais estadias em hotéis de luxo em 2007.  Nesta quinta-feira, 16, a Procuradoria de Hannover pediu a suspensão da imunidade judicial do Presidente da Alemanha.
 
-A Alemanha precisa de um presidente que tenha a confiança não só da maioria dos cidadãos, mas da ampla maioria dos cidadãos. Os acontecimentos dos últimos dias e meses mostraram que essa confiança e, portanto, minha capacidade de trabalho, foram comprometidas. Sempre me comportei corretamente em todos os cargos que ocupei”, afirmou. Cometi alguns erros, mas sempre fui honesto, disse Wulff.
 
Ângela Merkel aceitou a renúncia, mas cancelou uma viagem à Itália marcada para esta sexta-feira, 17. O Presidente da Câmara Alta do Parlamento, Horst Seehofer assumirá a presidência interinamente. A assembléia parlamentar especial formada por legisladores da Câmara Baixa e representantes de 16 Estados têm 30 dias para eleger o sucessor. 
 
*Com AP e O Globo.