23/05/2025
Com informações da Agência Brasil
O Ministério dos Direitos Humanos e a Prefeitura de Petrópolis (RJ) assinaram, na quinta-feira (22), o termo que passa o imóvel da antiga Casa da Morte para a gestão municipal. O passo é fundamental para que ali floresça um espaço de memória, educação e compromisso com os direitos humanos.
Um convênio assinado com o governo federal, por meio do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), estabelece que o local, no bairro do Caxambu, seja transformado em memorial. Para tanto, o município recebeu do ministério R$ 1,4 milhão.
A gestão do imóvel será compartilhada com a Universidade Federal Fluminense (UFF), por causa das pesquisas desenvolvidas sobre o tema, além do trabalho de mapeamento, negociações com a comunidade local e estudos sobre a implantação do memorial.
“Hoje é um dia para entrar na história da luta por memória, verdade, reparação e Justiça, no nosso país. A antiga Casa da Morte, centro clandestino de torturas e assassinatos na ditadura de 1964, agora será transformada em um memorial do povo brasileiro”, afirma o deputado federal Reimont (PT-RJ), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial.
Reimont destinou R$ 250 mil em emendas para transformar a Casa da Morte em um memorial.
“A Casa da Morte agora será a Casa da Liberdade, da Verdade e da Justiça. Porque, onde tentaram calar, nós vamos fazer ecoar as vozes que lutaram por um Brasil mais justo. Para que nunca se esqueça, para que nunca mais aconteça”, defende Reimont.
“Dedicamos essa conquista a Inês Etienne Romeu (1942-2015), única sobrevivente da Casa da Morte, que, mesmo barbaramente torturada, guardou na memória, por anos, as pistas que levaram à descoberta do local”, completa.
A história clandestina do imóvel foi descoberta graças à atuação de Inês Etienne Romeu, que morreu em 2015. Ela foi sequestrada pelos militares em 1971 e torturada no local durante 3 meses. O caso chegou à Comissão Nacional da Verdade em 2012. Desde então, tentava-se desapropriar o imóvel, mas a Prefeitura de Petrópolis alegava falta de dinheiro.
“Essa ação não é o fim da linha, não é uma política constituída. É mais um passo rumo à implementação do memorial”, disse a coordenadora de Política, Memória e Verdade do MDHC, Paula Franco, durante audiência pública no Arquivo Nacional, na quinta-feira.
“Isso só se deu pela luta dos grupos da sociedade civil, pelas famílias das pessoas desaparecidas e mortas por razões políticas durante a ditadura militar, que carregaram essa demanda nas últimas décadas e agiram junto ao Ministério Público Federal”, afirmou.