12/03/2010
João Caldas |
Glauco Villas Boas, em 1987 |
A polícia de São Paulo identificou um dos suspeitos dos assassinatos do cartunista Glauco Villas Boas (53) e de seu filho Raoni (25), mortos a tiros na madrugada desta sexta-feira, 12 de março, em Osasco. Não se sabe ainda as circunstâncias do crime, mas suspeita-se de que o criminoso é conhecido da família. O enterro será neste sábado no cemitério do Anhanguera.
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, onde Glauco trabalhava, o advogado do cartunista, Ricardo Handro, chegou a dar declarações de que o suspeito havia sido preso, mas esta informação não foi confirmada. De acordo com o jornal paulista, o suspeito identificado chama-se Carlos Eduardo Sundfeld Nunes (24), conhecido como Cadu. Ele era conhecido da família e tinha freqüentado a igreja Céu de Maria — fundada por Glauco há cerca de 15 anos —, mas ultimamente estava afastado dos cultos.
De acordo com a polícia, três homens teriam participado da ação que resultou na morte do cartunista e de seu filho. Eles invadiram a casa para uma suposta tentativa de assalto e fizeram os familiares do cartunista de reféns. De acordo com depoimento do advogado Ricardo Handro, Glauco teria negociado sair em companhia dos criminosos deixando mulher e os filhos na casa. No momento em que deixavam a residência um dos filhos do cartunista chegou ao local. Surgiu uma discussão com os bandidos que atiraram matando pai e filho.
O cartunista e seu filho foram socorridos por testemunhas e encaminhados para o Hospital Albert Sabin, em São Paulo, mas não resistiram aos ferimentos e morreram. Por volta das 9h, o corpo do cartunista permanecia no IML (Instituto Médico Legal) de Osasco. Não havia informações da polícia sobre roubo de pertences da casa do cartunista.
O caso foi registrado no 1º DP de Osasco, mas será encaminhado para o 7º DP da cidade. De acordo com informações da Polícia Civil, há muitas contradições a serem esclarecidas; inclusive o boletim de ocorrência não fala em tentativa de assalto, como previa a investigação inicial. O caso foi registrado como “homicídio simples”.
Notas
Glauco Villas Boas nasceu em Jandaia do Sul, interior do Paraná, e começou a publicar suas tirinhas no Diário da Manhã, de Ribeirão Preto, no começo dos anos 70.
Em 1976, foi premiado no Salão de Humor de Piracicaba e, no ano seguinte, começou a publicar seus trabalhos na Folha de maneira esporádica. A partir de 1984, Glauco passou a publicar suas tiras regularmente no jornal.
Entre seus personagens estão Geraldão, Cacique Jaraguá, Nojinsk, Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge, Ficadinha, Netão e Edmar Bregman, entre outros.
Em 2006, ele lançou o livro “Política Zero” que reúne 64 charges políticas sobre o Governo Lula publicadas na página 2 da Folha. Glauco também era líder da igreja Céu de Maria, ligada ao Santo Daime e que usa a bebida feita de cipó para fins religiosos.
*Com informações da Folha de S.Paulo.
Veja a seguir alguns trabalhos de Glauco: