Candidato do PT na sabatina do Estadão na ABI


22/08/2008


                                                                                                         Aline Sá

 Wilson Tosta, Irany Tereza e Marcelo Beraba (à direita) sabatinam Alessandro Molon (ao centro)

Candidato do PT a Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, o Deputado Alessandro Molon compareceu à sabatina realizada nesta sexta-feira, dia 22, no Auditório Oscar Guanabarino, no 9º andar do edifício-sede da ABI. Entrevistado pelos jornalistas Marcelo Beraba, Diretor da sucursal Rio do Estadão e mediador do encontro; Irany Tereza, editora regional da Agência Estado; e Wilson Tosta, repórter do Estadão no Rio, Molon, o político mais jovem no páreo, apresentou suas principais propostas para as áreas básicas, como saúde, transporte, moradia e educação.

A idéia central de sua proposta de Governo é “fazer do Rio de Janeiro uma cidade para todos”:
— A segurança tem que ir além do combate à criminalidade e ser sinônimo de saúde, educação e infra-estrutura. No Rio que imagino, não se morre de dengue, não há transportes controlados por milícias, as crianças têm educação garantida, todos usufruem de um espaço público tranqüilo, com direito de ir-e-vir.

Molon pretende apostar nas vocações da cidade:
— Quero reconquistar o título do Rio de capital do turismo, do lazer e do turismo de negócios; de centro da produção de conhecimento — dando visibilidade ao potencial das universidades instaladas aqui, como a UFRJ, a UniRio e a PUC, e ao poderio cognitivo de centros de pesquisa como o Impa e a Fiocruz —, além de atrair novamente empresas e indústrias tecnológicas e não-tecnológicas, como a indústria da moda e serviços especializados — advocacia, engenharia, administração e outros.

Para tanto, segundo Molon, os setores de limpeza urbana e sinalização serão focos de investimentos:
— Olho do tornado das reclamações de turistas, estes setores põem em risco também o carioca, que muitas vezes se perde, entrando em locais de risco e sendo recebidos a tiros. Pretendo direcionar investimentos para a iluminação das calçadas.

Violência

No quesito segurança, o candidato não apóia o uso de armas letais pela Guarda Municipal, “o que poderia agravar o problema da violência urbana”:
— Acho que o uso de aparelhos como aqueles que dão choque ou o cassetete, aliado a um bom treinamento, pode ser uma boa repreensão à criminalidade. Também não sou a favor da intervenção das Forças Armadas. No máximo, em situações de extrema necessidade, recorreria à Força Nacional de Segurança. Nessa área, a atual política do Governo não produz resultados; mata pessoas, ao invés de garantir a segurança. A ação das Forças Armadas é um reconhecimento do fracasso da política de segurança estadual e municipal.

Quanto à educação, Molon aposta na “formação continuada do professor, que terá a seu dispor cursos, centro de estudos e melhores condições tanto no trabalho quanto em seu tempo fora da sala de aula, para se atualizar e se aperfeiçoar, contando com meios diversos de pesquisa, bibliotecas bem estruturadas e suporte”. O candidato do PT defende ainda a educação integral para crianças e adolescentes, “com atividades no horário livre — como esportes, estudos e atividades culturais — para reduzir a inserção no crime e garantir um futuro digno”:
— Quero também superar as desigualdades entre as escolas da rede municipal, que apresentam rendimentos completamente díspares.

Autonomia

Para começar a resolver os problemas dos transportes públicos, Molon afirma que não aceitará doações de empresas de ônibus, proprietários, ou quaisquer pessoas físicas ligadas a elas:
— Esta medida visa a ampliar a autonomia e a liberdade de ação da Prefeitura. O Rio de Janeiro precisa de mudanças — e a independência dos representantes das viações representa possibilidade de renovar. Outras medidas que podem melhorar a infra-estrutura de transportes são a implementação de meios como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), já utilizado em Campinas entre 1990 e 1995. Aqui, seria implantado, com o auxílio do Governo Federal, principalmente no canteiro central da Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, integrando o bairro à Penha, na região da Leopoldina, passando por Jacarepaguá, e também nas pistas laterais da Avenida Brasil. Tudo isso, é claro, com o bilhete único de integração, já usado em São Paulo, com o objetivo de garantir a inclusão social, uma vez que o preço da passagem é motivo de desemprego para muitos. É necessário ainda redistribuir as linhas de ônibus, remanejando as sobressalentes para as áreas com carência de transportes, como os bairros da Zona Oeste.

Molon acredita que, com a melhoria do transporte público, as vans e os microônibus poderão ocupar o papel de transporte complementar e quer também desenvolver o potencial dos transportes hidroviários, “mais eficientes e muito menos sujeitos às atribulações do tráfego urbano”.

Apesar de divergir do Senador Marcelo Crivella em diversos pontos, como ressaltou, o Deputado concorda com o concorrente que é preciso sintonizar a infra-estrutura habitacional com a de transportes, lembrando que muitos preferem morar em favelas devido à proximidade do trabalho e ou à precariedade dos transportes em muitas áreas. A integração entre os dois setores seria uma estratégia para atrair clientes para o PAR (Programa de Arrendamento da CEF), oferecendo transportes eficientes e acessíveis.

Por intermédio da Caixa Econômica Federal, Alessandro Molon quer ampliar os investimentos em moradia popular de R$ 50 milhões para R$ 100 milhões até o segundo ano de mandato:
— As moradias serão construídas em áreas revitalizadas, que já têm infra-estrutura, mas sofreram evasão devido à violência ou a dificuldades de pagamento de impostos. É o caso, por exemplo, da região da Leopoldina, do Centro da Cidade e da Avenida Brasil.

Comércio

O Deputado defendeu a formalização dos “comerciantes que atualmente estão no mercado informal, mas trabalham com mercadorias legais”. Para isso, promoverá, por exemplo, um “comércio vertical”, usando edifícios abandonados do Centro do Rio e oferecendo espaço para esses vendedores, que deverão se registrar no Sebrae e ganharão incentivos fiscais e microcréditos. Já as empresas serão incentivadas a voltar à cidade — ou nela permanecer — com mudanças na base de cálculo de impostos como o ISS e o IPTU.

Na área da saúde, Molon pretende mudar o modelo hospitalar, acabando com a idéia de que os postos de saúde têm a obrigação de oferecer serviços de emergência, quando na prática oferecem atendimento básico:
— Também aposto no Programa Saúde da Família, em pareceria com o Governo Federal. Quero integrar toda a rede de saúde à Secretaria Municipal do setor por meio da informação, como se viu acontecer, com sucesso, em Belo Horizonte, que apresentou um combate efetivo à dengue.

No fim da sabatina, Alessandro Molon afirmou que seu Governo terá como principal característica a transparência:
— Todos terão acesso às informações da Prefeitura. É possível mudar o Rio. A cidade é um espelho da alma brasileira. Quero dedicar meus próximos quatro anos na reconstrução da nossa cidade.

O próximo encontro com os candidatos a Prefeito do Rio, na ABI, ocorrerá na próxima segunda-feira, 25, com Eduardo Paes (PMDB), das 11h às 13h.