Bolsonaro é o rei da corrupção


27/06/2022


Renato Rovai, em Revista Fórum

Sempre que pode, Bolsonaro afirma que não há corrupção em seu governo, e o discurso de combate à corrupção foi peça central de sua campanha. Porém, com a prisão de Milton Ribeiro, o discurso de governo ilibado ruiu. Mas esse não é um caso único. Esse governo já teve vários casos envolvendo ministros, assessores e a família Bolsonaro. Vamos lembrar aqui 15 casos além do escândalo do ouro e da Bíblia no MEC.

1) Esquema dos tratores

Para aumentar sua base de apoio no Congresso, Jair Bolsonaro montou, no final de 2020, um orçamento secreto e paralelo no valor de R$ 3 bilhões em emendas. Boa parte do dinheiro era destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima da referência. O conjunto de 101 ofícios encaminhados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional, para apontar como eles preferiam utilizar os recursos, comprova a farra com o dinheiro público.

2) Orçamento secreto

Orçamento secreto ou bolsolão é o nome pelo qual as chamadas emendas de relator para o Orçamento da União ficaram mais conhecidas. Essas emendas seguem um rito diferente de outras, que transitam por um rito rígido, atendendo a critérios específicos para que haja um equilíbrio e uma equivalência entre todos os parlamentares que compõem a Câmara. A prática nada mais é do que um acordo informal que permite ao governo, por meio da direção da Casa, liberar recursos bilionários para que deputados passem a apoiar as propostas encaminhadas pelo Executivo ao Legislativo.

3) Bolsolão do Busão

O Ministério da Educação de Jair Bolsonaro pretende superfaturar em mais de R$ 700 milhões a compra de ônibus escolares. Segundo documentos obtidos pelo jornal Estadão, o governo Bolsonaro abriu um processo de licitação para pagar R$ 480 mil por ônibus escolar destinado ao transporte de estudantes em áreas rurais. Técnicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), no entanto, apontaram que cada veículo deveria custar no máximo R$ 270 mil.

4) Escândalo do asfalto

Governo Bolsonaro contratou empresa de fachada para serviços de pavimentação que somam R$ 600 milhões. Nos contratos assinados pela Codevasf no estado de Alagoas, em 2019 e 2020, fiscalizadores da Controladoria-Geral da União (CGU) encontraram superfaturamentos, pagamentos indevidos, serviços em duplicidade e obras inacabadas. O valor total das irregularidades somou R$ 4,3 milhões. Algumas das vias examinadas estão em Barra de São Miguel, município no litoral alagoano que tem como prefeito Benedito de Lira (PP-AL), pai do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

5) Queiroz e os cheques de Michelle Bolsonaro

O ex-PM Fabrício de Queiroz, que teria comandado o esquema de rachadinhas como assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), depositou pelo menos 21 cheques na conta da primeira- dama, Michelle Bolsonaro, entre os anos de 2011 e 2018. O valor total chega a R$ 89 mil. Além dos valores depositados em cheque por Fabrício Queiroz, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, recebeu ainda pelo menos quatro cheques no valor de R$ 11 mil de Márcia Aguiar, esposa do ex-PM, amigo há décadas de Jair Bolsonaro.

6) Rachadinha da família Bolsonaro

Levantamento do Estado de S. Paulo revelou documento do Coaf que aponta movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício
Queiroz, então assessor parlamentar do então deputado Flávio Bolsonaro. Ainda há suspeita da prática de rachadinha nos gabinetes de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do então deputado federal Jair Bolsonaro (PL).

7) Caso Wal do Açaí

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou Jair Bolsonaro (PL) e sua exfuncionária fantasma, Walderice Santos da Conceição, conhecida como “Wal do Açaí”, à Justiça Federal de Brasília. A Procuradoria pede que ambos sejam condenados por improbidade administrativa e “ao ressarcimento dos recursos públicos indevidamente desviados”. O caso “Wal do Açaí” veio à tona em 2018,
quando Bolsonaro era deputado federal e candidato à Presidência. Reportagens da Folha de S. Paulo revelaram que Walderice, registrada como funcionária de Bolsonaro em sua Secretaria de Gabinete na Câmara dos Deputados, vendia açaí em Angra dos Reis (RJ) em vez de dar expediente na Casa legislativa.

8) Governo Bolsonaro gasta R$ 15 milhões com leite condensado

Levantamento divulgado pelo portal Metrópoles mostrou que o item estava entre os principais gastos do governo em supermercado. Segundo o (M)dados, foram R$ 15.641.777,49 gastos apenas em leite condensado no ano de 2020. Com base no Painel de Compras, do
Ministério da Economia, o Metrópoles estimou gastos de mais de R$ 1,8 bilhão no carrinho de compras do governo, um aumento de 20%.

9) Escândalo da Covaxin

Denúncias apontam que o contrato entre o Ministério da Saúde e a empresa Precisa, representante do imunizante indiano no Brasil, previa a compra superfaturada do produto. A vacina era a mais cara entre as que o país realizou empenho de compra. Os indícios de corrupção são inúmeros e o contrato de R$1,6 bilhão com a Precisa é alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF). A negociata envolveria ainda uma empresa de fachada, a Madison Biotech, offshore localizada em Singapura.

10) Cartão corporativo

Jair Bolsonaro (PL) já gastou R$ 16,5 milhões com o cartão corporativo em viagens com a comitiva e a família, segundo dados de um documento sigiloso do Tribunal de Contas da União (TCU) que foram divulgados. A soma é parte dos R$ 21 milhões que foram torrados pelo presidente, pela primeira dama Michelle e pelo círculo mais próximo do clã presidencial.

11) Mansões da família Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro comprou uma mansão de luxo de R$ 6 milhões no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. O vídeo da imobiliária que fechou o contrato mostra que a casa conta com piscina, churrasqueira, academia, brinquedoteca, 1.100 m² de área construída e 2.500 m² de terreno. À época levantou-se o questionamento sobre os rendimentos do senador, que são incompatíveis para aquisição de tamanho porte.

12) O “escritório do crime” e Adriano da Nóbrega

Outra história que também permeia a vida da família Bolsonaro e a sua relação com a milícia do Rio de Janeiro tem nome: Adriano da Nóbrega, líder da milícia “Escritório do Crime” e que foi morto em uma operação policial na Bahia. Nóbrega tinha relações diretas com Queiroz e Flávio Bolsonaro. As conexões dessa história foram parar na televisão alemã, que fez uma reportagem com a genealogia da ligação da família Bolsonaro com as milícias e a relação disso tudo com o assassinato de Marielle Franco.

13) Viagra nas Forças Armadas

A lista de prioridades do governo Bolsonaro continua surpreendendo a população brasileira, que padece com o desmonte das políticas públicas na área da saúde. Após o escândalo da compra de R$ 56 milhões em filé, picanha e salmão, as Forças Armadas partiram para a
aquisição de mais de 35 mil unidades de Viagra, medicamento que costuma ser usado para tratar disfunção erétil. Nos processos de compra, o medicamento identificado pelo nome do princípio ativo Sildenafila, composição Sal Nitrato (Viagra), tem como destino a Marinha, com o maior volume, de 28.320 comprimidos. Outros 5 mil comprimidos foram aprovados para o Exército e mais 2 mil para a Aeronáutica.

14) As próteses penianas

Segundo o Portal da Transparência e o Painel de Preços do Governo Federal, foram realizados três pregões eletrônicos em 2021 para a aquisição dos produtos, cujo comprimento varia entre 10 e 25 centímetros. O produto é indicado para casos de disfunção erétil. O primeiro pregão se relacionou à compra de dez próteses, autorizada em 2 de março de 2021, no valor de R$ 50.149.72 cada, para o Hospital Militar de Área de São Paulo. O fornecedor foi a empresa Boston Scientific do Brasil LTDA.

15) Propina na Secom

Fabio Wajngarten, então chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, recebia por meio de uma empresa, da qual era sócio, dinheiro de emissoras de TV e agências de publicidade contratadas pela Secretaria, Ministérios e estatais do governo Bolsonaro. Inquérito foi aberto pela Polícia Federal (PF), mas segue sem conclusão.

*Post produzido em parceria com Marcelo Hailer