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Boas lembranças das redações


09/11/2024


Por Ana Arruda Callado

Foto: José Reinaldo Marques

Jornalista que deixou muitos amigos na profissão, mulher bonita, corajosa e inteligentíssima, Maria Ignez deixa um grande vácuo ao partir. Amiga sempre, em todos os momentos, para mim é uma perda sentidíssima. Repórter, redatora internacional, tradutora, grande conhecedora das artes plásticas. Fez a formação acadêmica na Escola de Belas Artes e quando começou a trabalhar em jornal, foi como crítica de arte. Mas era inquieta e resolveu tentar outros setores da profissão onde foi sempre bem sucedida.

Quando eu era repórter do Jornal do Brasil, ela chegava mais tarde, para pegar no teletipo as notícias internacionais do dia. Era um monte de papel que tinha que ser organizado, porque as notícias chegavam aos poucos. Em francês e inglês. Uma trabalheira. Mas ela era boa nas duas línguas.

Lembro muito do cronista José Carlos de Oliveira apresentando orgulhoso a namorada, forçando bem o g de Ignez: “Maria Ignez Duque Estrada, não é linda, não é linda?”

Releia a entrevista com Mara Ignez, para a ABI, publicada em  8/12/2006

Entrevista – Maria Ignez Duque Estrada

Boas lembranças das redações

José Reinaldo Marques

       

Maria Ignez Duque Estrada Bastos começou na imprensa quando as repórteres femininas ainda não eram comuns nas redações dos jornais. Estudante de Belas Artes, ganhou seu primeiro emprego na Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda, assinando uma coluna sobre artes plásticas.

Em 1958, transferiu-se para o Diário Carioca — “foi uma espécie de promoção”, diz — onde conheceu Carlinhos Oliveira, de quem foi namorada, e trabalhou também com Newton Carlos, Zuenir Ventura, Armando Nogueira e Carlos Lemos, entre outros grandes nomes da imprensa nacional.

Saiu do Diário para fazer concurso para a Petrobras, de onde se demitiu para voltar à vida de repórter, fazendo frila para Última HoraJornal do Brasil e Jornal do Commercio, como setorista do aeroporto do Galeão, função que lhe proporcionou entrevistas com grandes personalidades.

ABI Online — Quando você estreou como jornalista, havia poucas mulheres na imprensa. Sentiu alguma dificuldade?
Maria Ignez Duque Estrada — Na época, a presença das mulheres no mercado de trabalho e o movimento feminista começavam a se refletir na imprensa. Lembro-me, inclusive, de uma passagem interessante. Em 1960, cobri uma palestra do Sartre, que, com a Simone de Beauvoir, passou pelo Brasil vindo de Cuba. Foi no auditório da Faculdade de Filosofia da UFRJ, que ficava ao lado da Maison de France. Eu estava com 20 anos. Depois, soube que o Vladimir Herzog — que tinha a mesma idade — estava ali também, grudado no Sartre, como repórter do Estadão. Eu já sabia quem eram Sartre e Simone de Beauvoir, cujo livro “O terceiro sexo” foi fundamental para minha formação.

ABI Online — Na primeira redação em que você trabalhou, da Tribuna, havia outras repórteres femininas?
Maria Ignez — Sim, a começar pela Hilde Weber, excelente chargista política e maravilhosa figura humana, e a Clecy Ribeiro, que depois foi minha colega na Internacional do JB.

ABI Online — Você recorda como foi a sua estréia na redação?
Maria Ignez — Minha chegada à Tribuna foi muito engraçada, porque eu comecei assinando uma coluna. Mas antes tenho que contar uma história.

ABI Online — Qual?
Maria Ignez — Eu tinha 18 anos, uma boa cultura, gostava de desenhar e ia estudar Arquitetura. Mas peguei uma segunda época justamente numa matéria de que gostava muito, Matemática, porque chegava atrasada na aula, às 7h, no Pedro II da Av. Marechal Floriano.

ABI Online — Mas o que isso teve a ver com o jornal?
Maria Ignez — Não pude fazer o vestibular para Arquitetura, mas fiz exames para a Escola Nacional de Belas Artes, que, naquela época, não exigia secundário completo, só o ginásio. Passei em segundo lugar e, enquanto cursava Belas Artes, terminei o terceiro ano científico. Foi então que um colega, Marius Lauritzen Bern, me levou para a Tribuna.

ABI Online — Ele também era jornalista?
Maria Ignez — O Marius, que morreu há poucos meses, foi um artista que merece reconhecimento. Era excelente fotógrafo, desenhista e pintor e foi ilustrador da Tribuna. O jornal estava precisando de uma colunista de artes plásticas. Como eu conhecia um pouco de artes e escrevia direitinho (tive um excelente curso primário), aceitei a função. Estreei com uma coluna assinada, mas naquela época não havia tanto glamour na função de colunista. Eu fazia um noticiário, dava algumas notícias do exterior, e pronto. Quando decidiram acabar com a seção, me passaram para a Geral.

ABI Online — Essas são as melhores lembranças que você tem da Tribuna?
Maria Ignez — Minhas memórias do prédio da Rua do Lavradio são muito loucas.

ABI Online — Como assim?
Maria Ignez — É muito engraçado pensar no que era uma redação de jornal naquele tempo e o que é hoje, em termos de decoração. Era uma bagunça, mas ótima e alegre.

ABI Online — Você chegou a ser apresentada ao Carlos Lacerda?
Maria Ignez — Ele não estava no Brasil, quem dirigia o jornal era o Aluisio Alves. Além da Hilde, tinha o Newton Carlos, Carlos Lemos, Zuenir Ventura (responsável pela pesquisa e arquivo), Hermano Alves, Hilcar Leite, que foi meu primeiro professor de Jornalismo, e a Clecy.

ABI Online — Você se lembra das suas primeiras reportagens?
Maria Ignez — Lembro-me bem de uma das minhas primeiras matérias. Millôr Fernandes fazia uma grande exposição no MAM e eu fui entrevistá-lo em seu apartamento, na praia de Ipanema. Quando estava chegando, começou a chover e foi piorando. O guarda-chuva não adiantava de nada. Podia ter desistido e deixado para outro dia. Mas eu era muito caxias e fui até o fim, entrevistando o Millôr, molhada feito um pinto, com o guarda-chuva escorrendo água num canto da sala.

                    

ABI Online — Em que ano você ingressou no Diário Carioca?
Maria Ignez — O Diário Carioca foi uma espécie de promoção, embora na época eu não tenha reparado nisso. Foi José Carlos Oliveira quem me levou para lá, em 1958. Era o jornal mais bem escrito de então. Tinha entre seus colunistas Paulo Francis, Armando Nogueira e Jota Efegê, uma figura notável e de quem me lembro com o maior carinho. No copidesque, Nelson Pereira dos Santos, Ferreira Gullar, Nilson Lage, Décio Ottoni, José Ramos Tinhorão. Luiz Edgar de Andrade chefiava o copidesque e Evandro Carlos de Andrade, a redação. Não esqueço também de meu grande amigo Alaor Barreto, fotógrafo, meu companheiro em muitas reportagens.

ABI Online — Diário Carioca nos anos 60 já tinha também repórteres femininas?
Maria Ignez — Eu não era a única mulher no Diário Carioca. Tinha também a Stella Lachter, que já morreu. Havia também uma aeromoça, que, quando estava no Rio, trabalhava na redação, mas não sei exatamente o que escrevia. Chamava-se Maria do Socorro, excelente nome para uma aeromoça. O Deodato Maia, que muitos anos depois reencontrei no Globo, era o secretário de Redação. Ficava sentado próximo da janela que dava para a Rádio Nacional e, de vez em quando, soltava uns gritos loucos: “Caubicha!”

ABI Online — Pelo visto era um ambiente muito divertido…
Maria Ignez — Uma vez quiseram me pregar uma peça: trouxeram um rato para a redação e o levaram atrelado a um barbante, andando pelo chão, até o lado da minha mesa. Todo mundo na expectativa. Só que eu, que gosto muito de bichos, peguei o rato, que passeou pelos meus ombros, e mandei que o levassem de novo para o lugar dele, na oficina. Isto foi registrado numa crônica do Carlinhos Oliveira, que infelizmente não tenho.

ABI Online — Como era a sua relação com o Carlinhos Oliveira?
Maria Ignez — Eu conheci o Carlinhos na Tribuna, e ele ficou me cortejando; mandava bilhetes lindos. Uma vez minha mãe viu um e detestou, principalmente porque os bilhetes eram escritos à máquina em laudas do jornal. Para ela, bilhete de amor tinha que ser escrito à mão. Alguns desses bilhetes eu dei ao Jason Tércio, que escreveu uma biografia do Carlinhos intitulada “Órfão da tempestade”. Carlinhos era uma pessoa muito especial. O que me encantou nele antes de tudo foi o senso de humor. Ele era muito engraçado. Também havia o nosso gosto comum por literatura. Lembro-me dele recitando Baudelaire… Nosso namoro começou no Diário Carioca e terminou quando fui para o JB. Foi aí que começou a minha paixão pelo samba e suas agremiações, que me acompanha até hoje. Nada me faz mais feliz do que uma roda de samba e um partido-alto.

ABI Online — Saiu publicado recentemente numa reportagem de um site jornalístico que Carlinhos Oliveira, quando lia seus textos, a comparava a Hemingway…
Maria Ignez — Não sei disso, não. Se fosse verdade, ficaria muito feliz, porque acho Hemingway um escritor extraordinário. Na verdade, acho que nunca falamos sobre como eu escrevia, nada disso. Conversávamos sobre literatura, arte, coisas assim. E bebíamos também. Íamos à casa de amigos como Mário e Mary Pedrosa, Ferreira Gullar e Teresa Aragão, Reynaldo Jardim e Edelweiss. Um tempo lindo, pessoas lindas. E tinha os bares, muitos bares. Nisso eu me parecia com Hemingway. Mas bebia com moderação e não dirigia. Não tinha carro.

               

  

ABI Online — Você trabalhou no JB, no Jornal do Commercio e na Última Hora ao mesmo tempo. Como conseguiu fazer isso?
Maria Ignez — Eu saí do Diário porque não pagavam, davam vale. Dizia-se que algumas pessoas recebiam geladeiras e outras coisas cedidas pelos anunciantes. Então, resolvi fazer concurso para a Petrobras, onde trabalhei durante um pouco mais de um ano, mas voltei para a redação, fazendo frila para UHJB e Jornal do Comercio, como setorista do aeroporto do Galeão, porque falava um pouco de francês e de inglês. O problema era que não podia escrever a mesma coisa para os três jornais, tinha que dar uma redação diferente para cada matéria. Minha base se alternava entre a UH, onde também tive colegas muito estimados, como Haroldo Wall, que foi para Cuba, e o JB, onde acabei ficando.

ABI Online — Das diversas personalidades internacionais que entrevistou, qual foi a mais interessante?
Maria Ignez — As entrevistas feitas no Galeão eram em geral muito rápidas, pouco passavam de banalidades. Digamos que cruzei com grandes personalidades internacionais. Lembro-me de poucos: os escritores Graham Greene — que ainda não tinha lido, embora já tivesse visto filmes baseados em livros dele, como “O terceiro homem”, que recomendo —, John dos Passos, Marlene Dietrich — já idosa, mas ainda linda —, Ted Kennedy… Não era um trabalho fácil.

 

 

ABI Online — Sua admiração por Fidel Castro é notória.Maria Ignez — Até hoje o considero o maior líder da América Latina e Cuba, o maior exemplo de resistência do mundo, ao lado do Vietnã. Eu já trabalhava no JB quando a Revolução Cubana foi vitoriosa e tive alguns atritos devido à minha admiração por ele. Mas só saí depois de uma greve que mobilizou todos os jornalistas e gráficos da imprensa do Rio. Naquela época, como não havia computador, os gráficos eram uma categoria essencial para que os jornais saíssem. Isto aconteceu em 1962 e eu já tinha então uns cinco anos de jornalismo diário. Ou melhor, quatro, porque um ano passei trabalhando na Petrobras, de que desisti porque me botaram no setor de compras.

ABI Online — Você se arrepende hoje de não ter continuado no serviço público?
Maria Ignez — Não, e por vários motivos. Não muito depois viria a ditadura. Não consigo nem imaginar como seria eu trabalhando no serviço público sob um regime militar. Depois, continuei um caminho que era mais o meu, este da comunicação. O jornalismo combina com meu temperamento. Acho fantástica a Petrobras (que na época tinha acento), e hoje ela dá um apoio enorme à cultura e às artes. Se naquele tempo tivesse isto, talvez desse certo.

ABI Online — Em 1968, você trabalhava no Correio da Manhã, um jornal visado pela ditadura militar. Algum episódio da época a marcou?
Maria Ignez — Lembro-me muito bem do dia em que foi decretado o AI-5, do silêncio mortal na redação. Lembro-me também da notícia da morte de Che Guevara. Alguns, como eu, não queriam acreditar. Achávamos que era invenção dos norte-americanos para minar a nossa moral, até que chegaram as fotos. Foi também a época do Sol, que durou pouco tempo, mas foi marcante, como o filme da Tetê Moraes mostrou. O Sol ficava perto do Correio, e lá trabalhavam amigos meus, como Ana Arruda, chefe de Reportagem, e Reynaldo Jardim, o grande idealizador do jornal.

 

                  

ABI Online — A que grupo político você pertencia quando foi presa no DOI-Codi, no quartel da Polícia do Exército da Rua Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro, em abril de 1973?
Maria Ignez — Estava ligada à Resistência Armada Nacional, um grupo pequeno, herdeiro do movimento de Caparaó. Mas nunca peguei em armas ou vi armadas as pessoas que conheci ali. Eu colaborava num jornalzinho, Independência ou Morte, que veiculava artigos contra a ditadura e notícias censuradas pela imprensa, como a de uma homenagem a Dom Hélder Câmara na Suécia. Nessa época, eu não estava em redação, fazia a Enciclopédia Britânica — antes fui redatora da Mirador, dirigida pelo professor Antonio Houaiss, na editoria chefiada pelo Otto Maria Carpeaux e onde também trabalhava Moacyr Werneck de Castro. Convivi com tantas pessoas maravilhosas! Isso não teria acontecido se tivesse ficado no serviço público.

 ABI Online — Chegou a ser torturada no DOI-Codi?
Maria Ignez — Fiquei um mês lá e duas semanas no Batalhão de Guardas. Não gosto de falar sobre isso, foi muito duro. Mas com tudo na vida se aprende. Aprendi vivendo que odeio a tortura, que não a aceito em hipótese alguma, seja aqui, em Guantânamo, em qualquer lugar. Fui presa diante do meu filho pequeno, levada por homens armados com metralhadoras, que revistaram minha casa e cortaram meu telefone. Nada disso a gente esquece.

ABI Online — Você já era uma repórter experiente, formada em Filosofia, quando deixou o Brasil (entre 1978 e 1980) para estudar Jornalismo da França.Maria Ignez — Não fui estudar, fui praticar num país que talvez o melhor jornalismo do mundo. Os debates políticos, por exemplo, são tratados com dignidade e inteligência pela mídia, não é como aqui, onde se imita o estilo dos EUA.

ABI Online — Como foi essa prática jornalística no exterior?
Maria Ignez — Fui indicada pela jornalista Sonia Meinberg para integrar o programa chamado Journalistes en Europe, na Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Jornalistas. Havia repórteres de diversos países e fizemos matérias sobre a antiga União Européia para seis edições da revista Europ, criada em 78. Outros brasileiros — como a Iza Freazza, o Roberto D’Ávila e o Márcio Chalita — participaram do programa, que acabou há pouco tempo.

ABI Online — Fale do seu encontro com Carlos Heitor Cony.
Maria Ignez — Foi na Fatos, uma revista que procurava concorrer com a Veja e que, se tivesse continuado, seria sem dúvida muito, mas muito melhor. Infelizmente, não durou muito tempo, provavelmente porque a Editora Bloch já começava a se deteriorar. A redação era chefiada pelo Cony, de quem sou grande admiradora como chefe, ser humano e escritor. Seu livro “Quase memória” é inesquecível. Da equipe faziam parte dois excelentes colegas: o crítico de arte Flávio de Aquino e o jornalista Sérgio Ryff, filho do grande Raul Ryff, com quem tive a honra de trabalhar na Internacional do velho JB.

ABI Online — Além de jornalista, você é tradutora de livros. O que a levou a entrar nesse mercado?
Maria Ignez — Nem sei como começou, mas já traduzi muitos livros. É um trabalho fisicamente cansativo, mas sempre há uma coisa nova a descobrir num livro. Gosto mais de traduzir do francês, mas, infelizmente, as editoras privilegiam os autores norte-americanos.

ABI Online — Quais foram as obras mais importantes que você traduziu?
Maria Ignez — Como um autor, diria que a mais importante é a que estou traduzindo no momento — no caso, “The Poe´s shadow”, que é muito instigante, difícil de traduzir e ainda não sei como vai se chamar em português. Gostei muito de uma biografia de Yitzak Rabin, escrita por uma equipe de jornalistas israelenses, que fiz há anos para a Nova Fronteira.

ABI Online — Você colaborou recentemente com um conto para o livro “Parem as máquinas — Jornalistas que valem mais de 50 contos”. Já pensou em escrever um só seu?
Maria Ignez — Não, nunca pensei, talvez por falta de tempo. O conto não tinha sido escrito para publicação. Na realidade, nem era um conto. Eram divagações registradas no computador, às quais dei um acabamento quando o José Sérgio Rocha, meu amigo e ex-colega de JB, pediu minha participação no livro que estava organizando. Tenho projetos de livros muito interessantes, mas são livros-reportagem, a serem produzidos com equipes de jovens jornalistas e fotógrafos.

ABI Online — Fale da sua relação com a ABI.Maria Ignez — Como repórter, cobri muitas coletivas na ABI nos anos 60 e 70: a do astronauta russo Yúri Gagárin, quando ele veio ao Brasil; a do Brizola, quando a Campanha da Legalidade saiu vitoriosa, garantindo a posse de Jango após a renúncia do Jânio… Lembro também da Carolina Maria de Jesus, mulher, negra e favelada, que publicou o livro “Quarto de despejo”, com prefácio de Audálio Dantas, hoje Vice-Presidente da Casa. Em 1968, na passeata em protesto pela morte do estudante Edson Luiz, grande parte do trajeto caminhei ao lado do Azêdo (Maurício Azêdo, Presidente da entidade). A ABI está se renovando e espero que ela abra espaço para os jornais comunitários. Há muitos jovens aprendendo jornalismo na prática na Maré, na Cidade de Deus e em outros bairros mais pobres do Rio.