Para marcar os 60 anos da Ditadura Militar, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), lembrou, na sexta-feira (16), os membros de sua comunidade assassinados, desaparecidos e perseguidos pelo regime e a cassação de professores, como a que ocorreu na Faculdade Nacional de Direito (FND) e em outras unidades, a reconstrução do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e de Centros Acadêmicos.
Lembrar os 60 anos de 1964 para nunca mais acontecer.
ESTUDANTES E PROFESSORES DA UFRJ DESAPARECIDOS E ASSASSINADOS PELA DITADURA MILITAR
1) Adriano Fonseca Filho – IFCS
2) Ana Maria Nacinovic Correa – Escola de Belas Artes
3) Antônio Pádua Costa – Instituto de Física
4) Antônio Sérgio de Matos – Faculdade Nacional de Direito
5) Antônio Teodoro de Castro – Faculdade de Farmácia
6) Arildo Airton Valadão – Instituto de Física
7) Áurea Eliza Pereira Valadão – Instituto de Física
8) Ciro Flávio Salazar Oliveira – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
9) Fernando Augusto da Fonseca – Instituto de Economia
10) Flávio Carvalho Molina – Escola de Química
11) Frederico Eduardo Mayr – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
12) Guilherme Gomes Lund – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
13) Hélio Luiz Navarro de Magalhães – Escola de Química
14) Jane Moroni Barroso – Instituto de Biologia
15) José Roberto Spiegner – Instituto de Economia
16) Kleber Lemos da Silva – IFCS (Pesquisador)
17) Lincon Bicalho Roque – IFCS (Professor)
18) Luiz Alberto A. de Sá Benevides – Instituto de Economia
19) Maria Célia Correa – IFCS
20) Maria Regina Lobo L. Figueiredo – Faculdade de Educação
21) Mário de Souza Prata – Escola Politécnica
22) Paulo Costa Ribeiro Bastos – Escola Politécnica
23) Raul Amaro Nin Ferreira – Escola Politécnica
24) Sonia Maria de Moraes Angel Jones – Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
25) Stuart Edgar Angel Jones – Instituto de Economia
Veja aqui a fala do coordenador da Comissão de Educação da ABI, Vitor Iório
Veja aqui a fala do presidente da ABI, Octávio Costa
Matéria do Jornal da ADUFRJ, com a íntegra da fala do presidente da ABI, Octávio Costa:
“É com grande honra que a ABI sedia esse evento da UFRJ. Agradeço ao reitor por ter escolhido esse auditório histórico, que é um símbolo da luta democrática nesse país. A UFRJ fez um folheto com os perfis de seus 25 alunos e professores mortos pela ditadura. Confesso que fiquei muito emocionado porque são todos eles da minha geração. Alguns nasceram em 1947, 1948, alguns foram do Pedro II, da Faculdade Nacional de Direito. Eu fui aluno do Pedro II e me formei na antiga Faculdade Nacional de Direito. Sou de 1950, entrei na FND em 1970, no auge da brutalidade, das violências do regime militar. O regime que torturou e matou esses jovens, todos na faixa de 25, 26, 27 anos. Jovens que sonhavam com um Brasil maior, mais justo. Alguns sonhavam com um Brasil socialista. Foram barbaramente assassinados. Um dos perfis é de Ana Maria Nacinovic, que foi morta a tiros num restaurante de São Paulo e teve seu corpo já morto espancado na frente de populares. Ou Stuart Angel, que teve sua boca colada num jipe da Aeronáutica. Eles não tiveram a condição que nós tivemos, de seguir a nossa vida. Estamos aqui hoje, todos com cabelos brancos, em torno de 70, 80 anos, como sobreviventes da barbárie. E eles não tiveram essa chance. Eu choro por eles, tenho uma dor profunda por eles. Não podemos recuperar a vida deles, o que podemos fazer é honrar a memória deles, e esse evento faz parte disso. Honrar a memória deles é acreditar num país democrático, livre e justo socialmente. Esse o país que eles queriam, com o qual sonhavam, e temos obrigação de levar isso adiante. Que nossos jovens tenham como exemplo esses jovens que lutaram contra a ditadura no Brasil. Tortura nunca mais, democracia sempre”.
Veja aqui a fala de encerramento do reitor da UFRJ, Roberto de Andrade Medronho
Veja aqui a íntegra do evento.